Por que é tão importante que Proença seja eleito para o Comité da UEFA?
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pedro Proença, procura esta quinta-feira um lugar à mesa das importantes decisões do futebol europeu e mundial, nas eleições para o Comité Executivo da UEFA, depois de dias marcados por uma enorme polémica com Fernando Gomes. O antigo árbitro já tinha assento na UEFA, como presidente das Ligas Europeias, cargo que teve de deixar quando saiu da Liga para ir para a FPF.
Proença poderá tornar-se no quinto português a chegar ao órgão europeu presidido pelo esloveno Aleksander Ceferin desde 2016, depois de Francisco Cazal Ribeiro (1968), Antero da Silva Resende (1984-1992), Gilberto Madaíl (2007-2011) e Fernando Gomes (2013-2025).
Esta quinta-feira, em Belgrado, na Sérvia, no 49.º Congresso ordinário da UEFA, o antigo líder da Liga é um dos 11 candidatos aos sete assentos de membros masculinos - única quota feminina é da candidata única, a norueguesa Lise Klaveness. Proença concorre com o italiano Gabriele Gravina, o alemão Hans-Joachim Watzke, o suíço Dominique Blanc, o polaco Cezary Kulesza, o croata Marijan Kustić, o finlandês Ari Lahti, o arménio Armen Melikbekyan, o neerlandês Frank Paauw, o estónio Aivar Pohlak e Hugo Quaderer, do Liechtenstein.
O Comité Executivo da UEFA é formado por Aleksander Ceferin e por até 19 membros eleitos - 16 pelo Congresso, dois pela Associação Europeia de Clubes (ECA) e um pela Associação de Ligas Europeias (EL), lugar que era de Proença.
O Comité Executivo da UEFA tem o poder de adotar regulamentos e tomar decisões sobre os assuntos que não se enquadram na jurisdição do Congresso da UEFA. Supervisionar a administração, definir a estrutura organizacional do organismo ou aprovar o plano de negócios anual fazem parte da pasta pretendida pelo dirigente português.
Mas porque é que a eleição do líder da FPF se reveste da maior importância? Não só para defender os interesses do futebol português, como para entrar nas decisões estratégicas sobre competições europeias, regulamentos, direitos televisivos, entre outras temáticas. Além de permitir que Portugal tenha uma voz ativa nas reformas e mudanças estruturais do futebol e a possibilidade de atrair a organização de eventos
Estas eleições assumem maior importância dado o contexto, pois Portugal vai organizar o Mundial de 2030, em conjunto com Espanha e Marrocos, e pretende candidatar-se a um Mundial Feminino em 2029. Ambos responsabilidade da FIFA, organismo mundial onde a UEFA tem cinco representantes.
Eleição não apagará polémica
Na base da recente discórdia entre Pedro Proença e Fernando Gomes, líderes das duas mais importantes instituições desportivas do país (FPF e COP) estão duas cartas e versões contraditórias. Em 25 de março, ao ser empossado como líder do Comité Olímpico de Portugal (COP), Gomes disse que cessaria funções de imediato nas principais entidades internacionais do futebol, após ser rendido por Proença na FPF, indicando o nome do sucessor para o cargo na UEFA.
Depois dessa indicação, que, na opinião de Proença o vinculava a um apoio, o novo presidente da FPF informou numa cartas às 55 federações europeias de futebol que se congratulava por ter apoiado Fernando Gomes para o COP e ter recebido do seu antecessor “o apoio total para a candidatura ao Comité Executivo da UEFA”.
Mas, Fernando Gomes, numa outra carta enviada às 55 federações, não só desmentiu o apoio como acusou Proença de lesar o seu legado. Uma frase que caiu mal na FPF, que reuniu de emergência para avaliar as consequências dessa carta que podia deixar Portugal sem um lugar na mesa das decisões do futebol europeu. Na sequência dessa reunião, foi pedida uma audiência ao primeiro-ministro e decidido enviar uma exposição ao Conselho de Ética do COP.
Por tudo isto, a possível eleição do presidente da FPF para o Comité Executivo da UEFA não apagará certamente a polémica com desfecho ainda imprevisível.
isaura.almeida@dn.pt