Na época em curso, a quantidade de lesões nos plantéis de Sporting e Benfica - a maior parte de índole muscular - tem sido impressionante. E existem várias justificações, que vão desde a quantidade de jogos devido ao calendário sobrecarregado, passando pelos métodos de treino e até aspetos de índole pessoal.José Neto, metodólogo de treino com psicologia aplicada, refere ao DN que a maior parte das lesões musculares no Sporting e Benfica “terão efetivamente a ver com a carga física”. No entanto, defende que “ao contrário do que muita gente diz, é perfeitamente possível um profissional jogar de forma consecutiva de três em três dias, desde que haja um treino personalizado para cada atleta”.Para além do calendário muito pesado, o professor universitário doutorado em Ciências do Desporto chama a atenção para o facto de Benfica e Sporting terem tido “várias equipas técnicas na época em curso, com diferentes metodologias, o que poderá ter influência no número alto de lesões”.“Há ainda as constantes deslocações de alguns jogadores para representarem as respetivas seleções, muitas vezes com viagens longas, o que implica o jet lag e, adicionalmente, voltamos a falar de diferentes métodos de treino, sendo muito usual jogadores regressarem lesionados das suas seleções”, realça.E poderá ser imputada responsabilidade aos departamentos médicos? “Longe de mim achar que sou dono da verdade. No entanto, não sei até que ponto haverá esse treino personalizado. Os atletas têm diferentes necessidades, há os que correm mais ou menos, os que saltam mais ou menos... e cada atleta tem necessidade de recuperação diferente de jogo para jogo”, realça, acrescentando: “É possível perceber as alturas adequadas para fazer treinos com alguma dureza e quando realizar treinos com deslocação mais lenta, nos quais devem ser valorizados aspetos cognitivos e funcionais para os atletas não se cansarem tanto”. Por outro lado, a profilaxia é essencial, “sendo preciso atuar antes de o jogador estar lesionado, fazendo uma avaliação que irá determinar o tipo de treino que deve ser seguido”.José Neto defende ainda que os treinos terão de ser adaptados a este calendário tão exigente. “Devem ter menos intensidade, interessando mais a qualidade... é preciso que haja uma visão global do treino desportivo, com uma profilaxia cada vez mais emergente. E com a ajuda da tecnologia, pois os GPS fornecem todas as indicações exatas, que ajudam muito o trabalho das equipas técnicas”, diz.O especialista acrescenta que “existem muitas metodologias de treino para que os atletas consigam explorar ao máximo a sua dinâmica e, muitas vezes, o aspeto emocional e afetivo tem muita importância”. E dá como exemplo um estudo que realizou há alguns anos, que “envolveu 97 atletas profissionais que tiveram lesões graves, tendo-se chegado à conclusão que em 60 desses casos houve problemas de índole pessoal que poderão ter tido influência para o aparecimento da lesão”. Lesões atrás de lesõesAs lesões no plantel do Sporting começaram no final de outubro, quando Nuno Santos sofreu uma rotura do tendão rotuliano do joelho direito, que o irá afastar dos relvados até ao final da temporada. Dias depois, Pedro Gonçalves [Pote] sofreu uma lesão muscular em Braga. As perspetivas iniciais apontavam para cerca de dois meses de paragem, mas o médio já vai em três meses e meio sem poder treinar e sem que haja informações. Mais recentemente foi Daniel Bragança, que sofreu uma rotura total do ligamento cruzado e vai parar pelo menos oito meses numa perspetiva muito otimista.Hjulmand e João Simões saíram lesionados do desafio com o Dortmund na quarta-feira e há ainda os casos de Morita e St. Juste, com paragens constantes com lesões musculares, enquanto Gonçalo Inácio e Eduardo Quaresma também têm ficado muitas vezes de fora. Catamo não joga desde 2 de fevereiro (lesão traumática) e Gyökeres também teve problemas físicos que nunca foram explicados pelo clube.No Benfica o cenário é idêntico, com destaque para Manu Silva e Bah, que não jogam mais esta época depois de se terem lesionado com poucos minutos de intervalo frente ao Moreirense, ambos com roturas de ligamentos.Já Di María e Florentino têm sofrido com lesões musculares e ficaram de fora do último jogo com o Mónaco, enquanto Kökçü saiu com queixas na coxa esquerda desse desafio, tendo Leandro Barreiro terminado o jogo magoado no tornozelo direito. Já Renato Sanches tem vivido mais uma época terrível, passando quase todo o tempo na enfermaria, enquanto Tiago Gouveia está ausente da competição desde 24 de agosto, recuperando de uma lesão no ombro direito e de outra no joelho do mesmo lado.dnot@dn.pt .Florentino tem lesão muscular e aumenta lote de indisponíveis no Benfica .Sporting. Rotura do ligamento cruzado termina época de Daniel Bragança