Martín Anselmi chegou ao FC Porto a 27 de janeiro e agora, cinco meses depois, está a ser questionado e na porta de saída. A direção do clube liderado por André Villas-Boas e a sua estrutura do futebol estiveram, esta quarta-feira, 25 de junho, reunidos no Dragão para abordar o futuro do treinador. Nesta altura a saída parece certa, faltando apenas a oficialização da rescisão contratual que pode acontecer já na quinta-feira.Razões para a saída do não faltam, na perspetiva dos adeptos. A época desportiva foi um autêntico desastre e o universo azul e branco está em perfeito estado de ebulição. E André Villas-Boas também não sai bem deste filme, enfrentando tempos de descrença por parte dos adeptos, que têm questionado as suas escolhas no que ao projeto do futebol diz respeito. O técnico tem mesmo um dos piores rácios de vitórias da história (47,6%), com apenas dez vitórias em 21 jogos como treinador dos dragões.Quando foi apresentado, tinha, segundo André Villas-Boas, “o perfil de líder”que fazia falta ao FC Porto. Tanto que o presidente portista aceitou entrar em litígio com o Cruz Azul para o contratar. Só em maio os clubes chegaram a acordo, com os azuis e brancos a aceitar pagar 3,1 milhões de euros ao emblema mexicano pela quebra antecipada do contrato com o treinador, como comunicado pela SAD à CMVM.Mas a rescisão promete ser tudo, menos paciífica. Anselmi não considera que ele seja o principal problema e não abdica da sua posição como treinador do FC Porto e reclamará todos os direitos financeiros previstos no seu contrato, válido até 2027. O técnico recebe cerca de 1 milhão de euros por ano e por isso a saída custaria dois milhões, mais os ordenados da equipa técnica. E sendo que o clube ainda está a pagar a rescisão contratual de Vítor Bruno, que tinha contrato até 2026 e um ordenado na ordem do milhão de euros/época.O plantel vai gozar duas semanas de férias até ao arranque da época 2025/26 e é esse o tempo que a estrutura dos dragões tem para encontrar um técnico à altura da história do clube. se a opção for a rescisão de contrato com Anselmi. Supertaça sozinha no Museu esta épocaO 3.º lugar no campeonato (a 9 pontos do Benfica e a 11 do Sporting), a saída precoce da Taça de Portugal (prova que tinha vencido três vezes seguidas), o 18.º posto na fase regular da renovada Liga Europa não estavam certamente na mente dos adeptos quando a época 2024/25 começou com a conquista da Supertaça, ainda com Vítor Bruno, que tinha sido promovida a técnico principal depois de mais de uma década como adjunto de Sérgio Conceição. A participação no Mundial de Clubes seria uma forma dos portistas salvarem a face numa época má, mas a campanha foi desastrosa, com a equipa a não conseguir passar a fase de grupos, saindo dos Estados Unidos sem qualquer triunfo. O FC Porto empatou com Palmeiras (0-0) e Al Ahly (4-4) e perdeu com o Inter Miami (1-2). Pior foi ver o desnorte técnico-tático de Martín Anselmi. A chegada de Gabri Veiga, um jogador que custou 15 milhões de euros e vinha ainda com ritmo de jogo, após acabar o campeonato saudita, foi vista como uma lufada de ar fresco, mas não ser suficiente para revolucionar o sistema tático dos dragões. O regresso ao Porto foi precoce e acidentado à chegada. A comitiva azul e branca aterrou no aeroporto Francisco Sá Carneiro na madrugada desta quarta-feira e foi recebida por cerca de três dezenas de adeptos que proferiram cânticos e insultos dirigidos a Martín Anselmi e André Villas-Boas, que marcou uma reunião com os chefes do futebol portista, Jorge Costa e Zubizarreta para analisar a época 2024/25 e preparar a temporada 2026/26, incluindo discutir o futuro do técnico argentino e onde terá sido decidido terminar a ligação contratual com o líder da equipa técnica.Depois de ter sido noticiado que o treinador estava de saída e que isso poderia levar a mais mexidas no departamento do futebol, fonte do FC Porto afastou a possibilidade de Jorge Costa deixar de ser diretor do futebol profissional.isaura.almeida@dn.pt