Liga aprova Reboleira. Estrela da Amadora volta a casa no dia 8 de janeiro

Equipa tricolor vai voltar a jogar no Estádio José Gomes. Receção ao Trofense marcará início de uma nova era para o histórico emblema da Amadora, que correu "o risco de ser um clube sem abrigo".
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O pesadelo do Estrela da Amadora tem os dias contados. Depois de efetivada a compra do Estádio José Gomes, o clube viu esta quinta-feira aprovado o licenciamento do recinto pela Comissão Técnica de Vistorias da Liga Portugal, podendo receber os jogos dos tricolores a partir de janeiro. O presidente da SAD quer estrear a nova Reboleira no dia 8 de janeiro, na receção ao Trofense da 15.ª jornada da II Liga. "Vamos voltar a nossa casa. Vamos deixar de andar com a casa às costas. Fizemos um grande investimento ao nível das infraestruturas, segurança e conforto, num total de meio milhão de euros", disse ao DN Paulo Lopo.

O líder da SAD tricolor admitiu viver um turbilhão de emoções com o licenciamento do José Gomes: "Quando voltar a pisar o relvado oficialmente vai emocionalmente muito complicado. Corremos o risco de ser um clube sem abrigo. O processo de recuperação do clube e do estádio foi muito difícil. Ter de ir a leilão, comprar o Estádio José Gomes, negociar, adjudicar obras... fora do prazo previsto para o licenciamento da época 2002-23, depender de terceiros para jogar. Tudo isto levou a que o recinto estivesse abandonado muito tempo, sem intervenção e alguma degradação, e mais as exigências da Liga, que foi inexcedível no apoio, com vistorias semanais... um conjunto de muitas vontades que culminou com esta grande vitória que é voltar à Reboleira."

A equipa orientada por Sérgio Vieira vai assim deixar de andar com a casa às costas a cada semana para jogar... em Leiria (a 140 Km da Amadora), em Rio Maior (a 70 Km) ou no Jamor (a 11km). Desportivamente os objetivos não foram comprometidos, segundo Paulo Lopo. "Quem anda com as casas às costas sai sempre prejudicado. Não há jogos em casa. Se tivéssemos jogado no nosso estádio desde o início da época, teríamos bem à vontade mais meia dúzia de pontos. O fator casa é importante, mas estamos dentro dos nossos objetivos. Estamos em 5.º lugar [com 22 pontos, menos 10 pontos do que o líder Moreirense que visita esta semana]. Sempre apontamos a uma época tranquila espreitando uma oportunidade para subir à I Liga", disse o dirigente, lembrando que o planeamento da época sempre assentou em "fazer crescer o clube a todos os níveis", sem esquecer a ambição de subir de divisão.

O regresso à Reboleira é mais um passo na ansiada estabilidade desportiva e financeira do histórico emblema da Amadora, por onde já passaram Jorge Jesus e Fernando Santos (como treinadores) e Jorge Andrade, Miguel, Rebelo, Abel Xavier ou Kennedy.

O recinto foi a leilão no dia 30 de junho, com a SAD tricolor a oferecer 2,25 milhões de euros (valor abaixo do valor mínimo de venda fixado em 5,1 milhões) pelo complexo da Reboleira (750 mil euros pelo Estádio José Gomes e 1, 5 pela parcela do Bingo e do campo de treinos). A oferta foi aceite pela comissão de credores do antigo Estrela da Amadora, mas a turbulência ainda estava a começar.

Com a licença de utilização vencida, os dirigentes pediram ao Tribunal de Sintra para se manterem nas instalações, mas viram a ordem de despejo ser efetivada, obrigando a equipa a deslocar-se a dias de começar a pré-época. Ao fim de alguns dias esse problema foi contornado, mas daí a poder jogar no José Gomes ainda ia uma grande distância.

Foi preciso pedir a licença de utilização de recinto desportivo à Câmara Municipal da Amadora, que certificou esse mesmo pedido como forma de dar início ao processo. Além das obras exigidas pelos inspetores da Liga para colocar o estádio de acordo com as normas de utilização do organismo que gere o futebol profissional em Portugal, foi preciso passar na inspeção da Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) e criar uma zona específica para receber adeptos dos clubes adversários e instalar um circuito CCTV (o anterior tinha sido desinstalado).

Também a PSP, os Bombeiros e a emergência médica foram ao local atestar que tudo está ok para receber jogos. Tudo isso serviu para a comissão da Liga Portugal atestar a segurança do Estádio José Gomes, que assim voltará a receber jogos da equipa que milita na II Liga.

O Estrela da Amadora é um dos históricos do futebol português e tem uma Taça de Portugal no palmarés, mas faliu em 2009, considerado insolvente em 2010 e extinto em 2011, depois de descer de divisão na secretaria devido a problemas financeiros, com dívidas a fornecedores, funcionários, jogadores, às Finanças e à Segurança Social no valor de 36, 8 milhões de euros. Um imbróglio que ainda hoje se mantém. Em 2021, depois de refundado e fundido com o Sintra Football, passou a chamar-se Club Football Estrela da Amadora SAD. Hoje, com o empresário Paulo Lopo na liderança, os tricolores apostam tudo no regresso ao escalão principal do futebol português... de onde saiu há 11 anos.

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