Laporta: "Renovação de Messi implicava hipotecar 50 anos de direitos de TV"
O presidente do Barcelona, Joan Laporta, explicou esta sexta-feira que tanto o clube catalão como Lionel Messi queria a renovação do internacional argentino, mas que a situação financeira do clube e as regras impostas pela liga espanhola ditaram a saída do jogador.
"A inscrição de Leo [Messi] passava por aceitar uma operação que não é interessante para o Barça. Entendemos que não podíamos fazer isso, aceitando uma hipoteca dos direitos televisivos do Barça durante meio século. Quero que fique claro que Leo queria continuar e que o clube queria que ele continuasse. As regras da liga espanhola podiam ser mais flexíveis, mas isso não é desculpa porque já a conhecíamos. Estou triste, mas creio que fizemos o melhor para o Barça", afirmou em conferência de imprensa.
O presidente do Barcelona criticou ainda a "herança nefasta" que "desgraçadamente" recebeu. "A massa salarial corresponde a 110% das receitas do clube. Não temos margem salarial. Quando fizemos uma auditoria, percebemos que a situação era muito pior do que o que nos tínhamos dito e o que tínhamos previsto com base em números oficiais", explanou.
Laporta frisou que Messi deixou um "legado excelente" e explicou que a situação é irreversível. "Não quero gerar falsas esperanças. Há um tempo limite e o jogador tem outras propostas. O jogador também necessita de um tempo para poder avaliar e escolher as outras opções que tem. Messi facilitou, propondo jogar dois anos e pagarmos-lhe em cinco. Noutros países isso funciona mas em Espanha não é aceite", acrescentou, confiante de que o Barcelona pós-Messi continue a "dar alegrias aos culés".
A saída de Lionel Messi foi anunciada esta quinta-feira. "Apesar de ter sido encontrado um acordo entre o FC Barcelona e Leo Messi (...), este não poderá ser formalizado devido a obstáculos económicos e estruturais (regulamentos da Liga espanhola). Devido a esta situação, Lionel Messi não continuará ligado ao FC Barcelona. As duas partes lamentam profundamente que os desejos do jogador, bem como do clube, não possam se concretizar", pode ler-se na nota publicada pelo FC Barcelona.
Já nesta sexta-feira, o The Athletic avança que Messi já terá falado com o treinador do Paris Saint-Germain, o compatriota Mauricio Pochettino, e que depois dessa conversa o PSG já terá posto mãos à obra para trabalhar na viabilidade da operação. A confirmar-se, seria o reencontro com o amigo Neymar e com o companheiro de seleção Di Maria.
Com esta separação, Lionel Messi, seis vezes vencedor da Bola de Ouro, pode mudar pela primeira vez de clube, aos 34 anos, e depois de 672 golos, 778 jogos e 34 títulos na equipa principal dos catalães.
Em 14 de julho, a imprensa espanhola tinha revelado que o internacional alviceleste, que ficou livre em 01 de julho, iria prolongar a ligação ao clube culé até ao final da época 2025/26, uma renovação que acabou por não acontecer, uma vez que a La Liga não deu o aval.
Messi, que chegou ao Barça quando tinha 13 anos, estreou-se pela equipa principal em 2004/05 e, em 17 épocas, arrebatou 34 títulos, 10 dos quais internacionais, com destaque para quatro edições da Liga dos Campeões (2005/06, 2008/09, 2010/11 e 2014/15), prova em que marcou 120 golos em 149 jogos.
Na sequência desses triunfos, o argentino conquistou por três vezes o Mundial de clubes (2009, 2011 e 2015), com cinco golos em cinco jogos, e por outras tantas, e nos mesmos anos, a Supertaça Europeia, com três tentos em cinco encontros.
Messi soma ainda 10 vitórias na Liga espanhola, tendo sido o melhor marcador em oito ocasiões, para um total de 474 golos, em 520 jogos, sete na Taça do Rei (56 golos, em 80 jogos) e outros sete na Supertaça espanhola (14, em 20).
Ao longo de 17 anos de Barça, foram também inúmeros os prémios individuais que conquistou, tendo sido eleito por seis vezes o Bola de Ouro, para o melhor jogador do ano, e conquistado por seis vezes a Bota de Ouro, para o rei dos marcadores dos campeonatos europeus, feitos ímpares na história do futebol.
Messi, que aterrou em La Masia, a escola de formação do FC Barcelona, em 2000, conta ainda, já no escalão sénior, 10 jogos e cinco golos pelo FC Barcelona C, em 2003/04, e 22 encontros e seis tentos pelo FC Barcelona B, em 2003/04 e 2004/05.
Em 2020/21, o argentino disputou 47 jogos pela equipa catalã, nos quais somou 38 golos e 10 assistências, numa época em que, coletivamente, venceu a Taça do Rei, numa final com o Athletic Bilbau (4-0) em que bisou.
Antes do arranque da temporada, Messi enviou um burofax ao FC Barcelona, manifestando a sua intenção de deixar o clube, mas, depois, acabou por recuar, deixando claro que jamais entraria numa guerra na justiça com o seu clube de sempre.
Entretanto, o anterior presidente Josep Maria Bartomeu saiu do clube, voltando Joan Laporta, ao ganhar as eleições realizadas em 07 de março de 2021, sendo que um dos seus principais desafios era garantir a manutenção do futebolista argentino.