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Desporto
16 novembro 2022 às 07h00

João Mário é o todo o terreno da seleção num meio-campo com quase 13 mil minutos

O médio do Benfica é o jogador mais utilizado e o segundo melhor marcador entre os 26 de Fernando Santos para o Qatar 2022. João Félix, Pepe, Danilo e Cristiano Ronaldo entre os menos utilizados de Portugal, equipa com mais minutos nas pernas das 32 presentes.

A seleção nacional chegará sexta-feira ao Qatar como a equipa com mais minutos jogados entre as 32 participantes no Campeonato do Mundo, que começa domingo. Entre os 26 escolhidos por Fernando Santos para representar Portugal, João Mário é o jogador com mais minutos (1996) nas pernas desde o início da época e o segundo com mais golos (10), além de ser o rei das assistências para golo (8). O meio-campo é o mais rodado com quase 13 mil minutos em três meses e meio de competição.

O médio de 29 anos ganhou um lugar entre os eleitos com o excelente momento que atravessa, sendo peça essencial no Benfica, que leva 25 jogos sem perder, lidera a I Liga com oito pontos vantagem sobre o FC Porto e está nos oitavos e final da Champions, depois de ter vencido seu grupo. João Mário foi utilizado em 24 dos 25 jogos dos encarnados (falhou um jogo por castigo), totalizando 1996 minutos, mais do que Ricardo Horta (1833 no Sp. Braga) e Rui Patrício (1800 na AS Roma). E com a particularidade de António Silva, o mais jovem da comitiva, ser o quarto com mais partidas nas pernas.

Entre os menos utilizados desde o início da época estão João Félix, com apenas 723 minutos distribuídos por 17 jogos do Atlético de Madrid. A pouca utilização do prodígio português por parte do treinador Diego Simeone tem sido assunto regular em Espanha, até pelo fraco rendimento da equipa. Pepe, que esteve cerca de um mês parado devido a uma lesão num joelho, só leva 903 minutos, mas recuperou a tempo de viajar para o Qatar, onde fará história como o português mais velho de sempre a jogar uma fase final, com 39 anos, três meses e 26 dias. O terceiro menos utilizados é Danilo Pereira, que também esteve cerca de um mês parado devido a lesão e contabiliza 994 minutos pelo PSG.

Cristiano Ronaldo chega a uma fase final mais descansado do que nunca, com apenas 1050 minutos nas pernas distribuídos por 16 encontros no Manchester United. Os 37 anos e o momento conturbado que vive em Old Trafford tornam uma incógnita o rendimento do capitão no seu quinto Mundial da carreira. Além da pouca utilização, CR7 tem apenas três golos e duas assistências.

A lesão de Diogo Jota (Liverpool) pode ter ajudado Fernando Santos na escolha das opções de ataque, mas foi com golos que Gonçalo Ramos se destacou no Benfica e chamou a atenção do selecionador. Sem os 14 golos e as três assistências do jovem benfiquista, o ataque português ficaria reduzido aos sete golos marcados por André Silva (sete assistências) no RB Leipzig, Rafael Leão (seis assistências ) no AC Milan e Ricardo Horta (seis assistências) no Sp. Braga, além dos três golos contabilizados por João Félix (três assistências) no Atlético e Ronaldo (duas assistências) no United.

A boa nova para o selecionador é que, segundo a estatística, seja qual for a tática e os escolhidos para o onze inicial, os avançados contabilizam muitos golos neste início de época (41), mas também muitas assistências (24). Nesse capítulo, ninguém oferece tantos golos como João Mário no Benfica, totalizando oito passes decisivos. O médio é uma das muitas opções, num meio-campo muito rodado, com um total de 12 810 minutos, destacando-se Vitinha com 1405 minutos no milionário PSG.

De acordo com um relatório divulgado pela FIFPRO, que contabilizou os jogos de todos os convocados das 32 seleções desde o início de agosto até ao dia 24 de outubro, os eleitos de Portugal eram os que tinham mais jogos nas pernas, num total de 30 986 minutos. Refira-se que as competições de clubes prolongaram-se até a último fim de semana, elevando a fasquia dos jogadores portugueses para os 36 703 minutos. Em segundo lugar na lista da FIFPRO surge o Brasil, que à data do estudo contabilizava 29 128 minutos e depois a Alemanha com 28 956. No fundo da tabela está o Qatar, com 2150 minutos, pouco mais do que João Mário, o mais utilizado da seleção nacional.

"Sem dúvida que atravesso o melhor momento da minha carreira. No Euro 2016 era muito novo e não tinha tanta experiência. Sinto-me muito confiante e acredito muito que a seleção é o momento", disse ontem o médio do Benfica, antes do treino matinal na Cidade do Futebol, considerando que esta seleção "faz sonhar" os portugueses: "Acreditamos todos que é possível ganhar o Mundial."

Independentemente do tempo de utilização com que chegam à seleção, João Mário diz que "todos os jogadores" têm qualidade para serem titulares, incluindo o companheiro de equipa António Silva, que, em sua opinião, "tem todas as características para fazer uma grande carreira". Até agora os números dizem isso mesmo do jovem de 19 anos, pois é o defesa-central com mais jogos, mais minutos e mais golos, superando os experientes Pepe, Rúben Dias e Danilo.

No Qatar 2022, António Silva vai vestir a camisola 24, enquanto João Mário vai usar o número 17 (que foi de Gonçalo Guedes no Mundial 2018). Já Bruno Fernandes herdou o 8 que foi João Moutinho durante uma década. O médio do Manchester United passou o 11 a João Félix, enquanto Rafael Leão ficou com o 15 de Rafa Silva e Vitinha com o 16 que era de Renato Sanches (ver numeração completa aqui).

Cristiano Ronaldo está "entusiasmado" com a nova geração de jogadores na seleção e espera poder "mostrar ao mundo" o valor de Portugal no Qatar 2022. "Esta seleção é uma mistura entre jogadores experientes e jovens estrelas em ascensão, e espero que possamos mostrar ao mundo de que Portugal é capaz, ao mais alto nível", disse CR7 à Associated Press, pedindo concentração e humildade ao grupo com nove estreantes em fases finais.

Com 191 jogos e 117 golos marcados ao serviço de Portugal, Ronaldo fará parte da mudança geracional aos 37 anos - é o segundo mais velho dos 26 eleitos, depois de Pepe (39 anos) - e acredita que este Mundial vai mostrar a nova geração de talento" a caminho do futebol a nível global.

Se este é ou não o seu último mundial... é esperar para ver.

Ronaldo faz parte da seleção portuguesa mais jovem de sempre num campeonato do mundo de futebol. Com uma média de idade de 26,3 anos, a equipa de Fernando Santos supera um registo com cinco décadas. No Inglaterra 1966 os magriços conquistaram o terceiro lugar com uma média de idade de 26, 9 anos.

Comparando com o último mundial, Portugal perdeu um ano e meio de vivência. A média etária dos eleitos para o Rússia 2018 foi de 27, 8 anos. Desde então o grupo rejuvenesceu e ganhou centímetros. A estatura média da seleção é agora de 1, 82 metros, mais três centímetros que a média de há quatro anos (1,79m).

Ter um Nuno Mendes em vez de um Mário Rui, um Diogo Dalot em vez de um Cedric, um João Palhinha em vez de um João Moutinho ou um Rafael Leão em vez de um Diogo Jota eleva a estatura global, resta saber se também eleva a qualidade emprestada à equipa no campeonato do Mundo.

isaura.almeida@dn.pt