Entrar no recinto do Waves & Minds logo pela manhã é encontrar a azáfama envolvente que só um grupo de miúdos juntos pode proporcionar. Entre chávenas com leite veem-se os sorrisos. Passam pratos com pão, queijo, cestos de frutas a serem partilhados. Ouve-se os alertas dos monitores - em inglês e português, já que aqui há gente de vários países: "malta, despachem-se!". E haja animação, afinal o pequeno almoço contribui para toda a energia necessária para o que vem por aí.Este projeto, baseado na Ericeira, nasce pelas mãos de uma mulher que, há 25 anos, fincou os pés profissionalmente numa prancha de surf. Joana Rocha, a primeira surfista feminina a competir pelo país, dedica-se agora ao desporto como forma de promoção de saúde mental em crianças e jovens."O surf trouxe-me a minha voz, a minha confiança, e eu queria passar isso para as crianças. A minha missão é que elas ganhem confiança de ser elas próprias", conta Joana ao DN..O programa é realizado sempre no verão, durante cinco dias, para crianças e adolescentes dos 8 aos 17 anos. Ficam em regime de acampamento e seguem um roteiro diário que começa com a ida à praia para as aulas práticas de surf, pela manhã, e as atividades de partilha e vivência pela tarde. Fora sessões de cinema, brincadeiras ao ar livre, roda de conversa. O lema aqui é um pouco como o nome do projeto sugere - em tradução para o português: ondas e mentes. É deixar cada um aproveitar para se expressar ao seu ritmo, como as ondas do mar, para fortalecer as suas emoções e entender melhor os seus sentimentos.Tudo o que a Francisca, de 12 anos, conta ter aprendido. Com o incentivo da irmã mais velha, que já tinha participado, veio pela primeira vez ao acampamento e aprovou a experiência. "O que eu aprendi cá foi muito controlar as nossas emoções e também não nos deixarmos levar pelo julgamento dos outros. É sermos nós próprios", diz, confiante..Com carinho e técnica desportiva, Joana Rocha conduz os trabalhos de forma a fazer com que as exigências da modalidade se transformem num impulso para outras aprendizagens."O surf traz uma vivência de resiliência, de superação. 90% do surf não é surfar, é todo o resto. E às vezes a vida também é isso, as alegrias não existem a toda a hora. O facto de uma pessoa ter quer se levantar quando cai numa onda mostra que ok, tudo bem, é com experiência, com os erros, que uma pessoa pode aprender. O surf mostra isso, que vou conseguir, vou vencer, que se uma pessoa não experimentar não vai chegar lá"..Este é o sétimo ano de projeto e Joana não se vê a parar. Encara esta nova etapa com a coragem de quem desbravou o mar "numa altura em que éramos muito poucas as profissionais em Portugal, e não era bem visto".Entre as conquistas de 17 anos dedicados às competições, representou a seleção nacional seis vezes, resultando num bicampeonato europeu. "Não foram só troféus, mas foram muitas lições para a vida. Sou o que sou hoje devido ao surf", conta, definindo o que representa esta nova etapa: "é uma missão de vida da qual estou mesmo orgulhosa"..A nova vida de Patrícia Mamona, a Chefe de Missão de Portugal nos jogos mundiais universitários.Etapa portuguesa da Liga Mundial de Surf em Peniche confirmada