Jack Grealish custou 117 milhões de euros ao Manchester City em 2021. Irreverente, o jogador inglês vindo do Aston Villa ainda é a maior transferência do dos citizens, e foi a estrela maior dos festejos da conquista da Liga dos Campeões, em 2023, numa época histórica, com o City a conquistar todos os troféus possíveis. Duas épocas depois o jogador não conta para Pep Guardiola, que não o chamou para ir ao Mundial de Clubes e agora lhe deu autorização para negociar a saída uma vez que não conta com ele. Mas o caso do bad boy citizen está longe de ser casa único, numa espécie de maldição dos 100 milhões. Dos 18 jogadores contratados na casa dos três dígitos, contam-se pelos dedos de uma mão os que justificaram, desportivamente, em campo o investimento financeiro.O caso de João Félix não é um deles. O português mais caro da história, que, em 2019, saiu do Benfica para o At. Madrid, por 126 milhões de euros, foi anunciado, em julho, como jogador do Al Nassr, onde tentará relançar a carreira. Em Madrid, as coisas até começaram de forma promissora, com o avançado, agora com 25 anos, a contribuir para o fim do jejum de sete anos sem títulos, mas, desde então tornou-se num joker de mercado, sem regularidade competitiva. Esteve ligado aos colchoneros durante três anos e meio, com dois empréstimos pelo meio e uma venda ao Chelsea, que só o utilizou em meia dúzia de jogos até o emprestar ao AC Milan e, neste verão, o ter vendido aos sauditas, onde joga Cristiano Ronaldo.O primeiro jogador a chegar ao 100 milhões foi Gareth Bale (101 milhões), que deixou o Tottenham para se juntar ao Real Madrid, em 2013. Fez 258 e 106 golos. Oscilou entre os grandes e os maus momentos. Apesar das leões e de não conseguir sair da sombra de Cristiano Ronaldo, não apagaram conquistas, como as cinco Liga dos Campeões que ergueu pelos merengues. Também CR7 viria a trocar o Bernabéu pela Juventus, em 2018, num negócio de 117 milhões, com o claro objetivo de chegar à desejada Champions, que os bianconeri não conseguiram. A passagem pelo Vecchia Signora foi produtiva em troféus, mas sem a Champions, os 117 milhões investidos ficaram sem o retorno pretendido. Um ano depois, outro grande nome do futebol mundial da altura, Éden Hazard, deixou o Chelsea, onde tinha conquistado duas Premier League, para se juntar ao Real Madrid, que voltou a chegar à barreira dos 120 milhões por uma jogador. Os problemas físicos prejudicaram a carreira não passando dos 23 jogos por época até terminar a carreira.Quando em 2016, o Manchester United pagou 105 milhões de euros por Paulo Pogba, pensava ter contratado um Bola de Ouro, que anos antes tinha vendido à Juventus. As leões e a falta de empatia com os sócios red devils impediram um regresso a casa feliz. E sairia livre em 2022/23... para a Juve, que, em outubro de 2024, o despediu devido a um caso de doping que o suspendeu vários meses.O caso de Ousmane Dembélé é idêntico ao de Pogba em muitas coisas, mas com um desfecho feliz. O ano passado o jogador contribuiu para a temporada histórica do PSG, clube que ajudou a conquistar a primeira Champions da sua história, depois de contratado ao Barcelona, onde, com apenas 20 anos, não vingou depois de ser contratado ao Borussia Dortmund, 148 milhões, em 2017.Mais recentemente, em 2021, um dos jogadores que mais dinheiro movimentou com entradas e saídas de clubes, Romelu Lukaku foi transferido do Inter de Milão para o Chelsea, por 113 milhões de euros. Um valor que não justificou na segunda passagem pelos blues, tendo feito apenas 4 golos em 20 jogos, incompatibilizando-se com o então treinador Thomas Tuchel e voltar ao Inter, por empréstimo.Quando o peso do valor da transferência é demasiado pesado, os jogadores tentam um regresso a casa para recuperar a alegria de jogar. Que o diga Antoine Griezmann, que, em 2019, forçou a saída do seu At. Madrid para o Barcelona, por 120 milhões, mas, passado dois anos estava a pedir para sair de Camp Nou, depois de uma época em que não conseguiu um bom entrosamento com Lionel Messi. Regressou aos colchoneros por empréstimo em 2021, tendo o At. Madrid pago 20 milhões para recuperar o passe.Mais caro do que Griezmann saiu Philippe Coutinho. O Barça pagou 135 milhões pelo brasileiro que brilhava no Liverpool, em 2018, mas uma lesão detetada nos exames médicos seria prenúncio de uma transferência aquém do desejado e esperado por todos os intervenientes. O Coutinho de Anfield não apareceu nos relvados catalães e, nos quatro anos de contrato, passou por dois empréstimos (Bayern Munique e Aston Villa).Kylian Mbappé chegou ao Real Madrid livre, um estatuto bem diferente daquele que o levou até Paris em 2018, ano em que o PSG o contratou ao Monaco por 180 milhões. Os 170 golos em 193 jogos fizeram dele o avançado referência do futebol mundial, que foi canmpeão do Mundo por França, com 18 anos. Ainda é segundo jogador mais caro de todos os tempos, tendo ajudado os franceses a afirmarem-se como uma das melhores equipa do Mundo. E mesmo que não tenha conseguido erguer a Champions pelo PSG os 180 milhões investidos na sua contratação tiveram retorno desportivo.Tal como Neymar. O brasileiro não é apenas a maior transferência do futebol mundial - 222 milhões de euros - é mesmo o único a ter passado a barreira do 200 milhões. A sua contratação em 2017 foi a primeira grande tentativa do serviço do PSG dominar o futebol europeu e tentar conquistar a Liga dos Campeões. E, apesar do emblema parisiense, não ter sido bem sucedido na missão, e de Neymar ter sido mais vezes notícia pelas lesões do que pelos 115 golos que marcou em 165 jogos, não se pode dizer que não foi útil desportivamente. Conquistou 12 títulos ao longo de seis temporadas de sucesso em Paris ... e perdeu uma final da Champions, em 2020.Até hoje apenas 18 jogadores passaram a barreira dos 100 milhões de euros. Kai Havertz (Chelsea), Moisés Caicedo (Chelsea), Declan Rice (Arsenal), Enzo Fernández (Chelsea), Florian Wirtz (Liverpool) e Jude Bellingham (Real Madrid) ainda estão no auge da carreira e a tentar justificar o investimento.isaura.almeida@dn.pt.João Félix vai tentar renascer no Al Nassr com ajuda de Ronaldo e Jorge Jesus