Génio de Messi e sorrisos da aranha dão asas ao sonho da Argentina
Quem diria que depois do susto na estreia (derrota histórica com a Arábia Saudita) a Argentina iria chegar à final do Mundial 2022 à boleia do génio de Lionel Messi e dos golos de Julian "aranha" Álvarez à Croácia (3-0). A albiceleste marcou lugar na sexta final da sua história e aguarda agora pelo adversário (França ou Marrocos). Com uma exibição monstruosa, o capitão argentino acabou a ouvir as bancadas a glorificar o seu nome e a evocar o Deus Maradona.
No jogo das meias finais, Zlatko Dalic manteve as mesmas escolhas em relação ao duelo dos quartos-de-final, frente ao Brasil, enquanto do lado argentino, Scaloni promoveu duas mudanças em relação ao desafio com os Países Baixos, apostando em Tagliafico e Leandro Paredes para os lugares de Marcos Acuña (castigado) e Lisandro Martínez.
O jogo era demasiado importante para que alguém colocasse todas as cartas na mesa no início. Ninguém assumiu logo as operações, embora os argentinos tenham mostrado mais iniciativa - Enzo teve a primeira oportunidade de golo travada por Livakovic aos 25 minutos - face ao jogo mais paciente e de circulação dos croatas, e sem os rasgos de génio de Modric.
No jogo em que fez 25 partidas em Campeonatos do Mundo e igualou Matthäus como jogador com mais jogos na história na competição, Lionel Messi fez um jogo de carburação lenta. Mesmo sem sobressair, sempre que tocava na bola dava outra dimensão aos lances ofensivos da Argentina, com passes para as costas da defesa croata.
Foi o camisola 10 albiceleste que aos 34 minutos acabou com a monotonia de um desafio bem jogado, mas sem grandes e flagrantes oportunidades de golo. Livakovic derrubou Julian Álvarez e o árbitro não teve dúvidas em marcar grande penalidade. A marca dos 11 metros é a marca de Messi, que assim chegou aos cinco golos (três de penálti) no Qatar. O golo colocou a Argentina dona do seu destino e Messi como melhor marcador da prova, com os mesmo cinco golos de Mbappé, além de fazer dele o melhor marcador de sempre da Argentina em mundiais (11).
Muita história num só golo...
E em apenas cinco minutos, o relvado desnivelou para o lado argentino. Uma bola ofensiva da Croácia acabou por dar início a um contra-ataque fulminante da Argentina, finalizado por Álvarez com alguma sorte à mistura. O avançado do Manchester City foi feliz em vários ressaltos e colocou o marcador em 2-0. Livakovic nada pôde fazer para evitar os sorrisos do "aranha", mas ainda evitou que a Croácia fosse para o intervalo a perder por três.
A equipa de Scaloni abriu as portas da final nos primeiros 45 minutos... só faltava entrar e Messi tratou disso com uma exibição monstruosa.
A Croácia regressou para o segundo tempo com Vlasic e Orsic (em vez de Palasic e Sosa) e nem cinco minutos depois o selecionador voltou a mexer na equipa para lançar Bruno Petkovic (tirando Brozovic) para assim desconcentrar Tagliafico, Leandro Paredes e De Paul. Com ajuda das substituições e de uma alteração tática (do 4-3-3 para o 4-4-2), a vice-campeã do Mundo em 2018 instalou-se no meio campo argentino e Lovren podia ter reduzido a desvantagem aos 62 minutos. Pouco para quem precisava de marcar pelo menos dois golos.
Scaloni mostrou estar preparado para o maior assédio croata e reforçou o bloco defensivo com Lisandro Martínez. A parte ofensiva ficou entregue ao puro génio de Messi. O capitão driblou a bola junto da linha lateral, não desistiu de trocar as voltas a Gvardiol, e serviu Julian Álvarez para o terceiro da Argentina e o fim da ambição croata, incapaz de repetir a final de 2018.
E assim aquele que para muitos é o melhor jogador de sempre corre o sério risco de se retirar da seleção como campeão Mundial. No domingo se verá.
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isaura.almeida@dn.pt