Federação teve de fazer seguro para Ronaldo jogar sem clube no Mundial
Os jogadores não podem atuar no Mundial sem seguro (habitualmente feito pelos clubes), daí que a rescisão de Cristiano Ronaldo com o Manchester United tenha obrigado a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a fazer um seguro especial, embora normal nestas situações, para que o capitão pudesse jogar sem clube.
Segundo apurou o DN, o organismo liderado por Fernando Gomes foi rápido a tratar do assunto, permitindo assim a Fernando Santos ter o jogador disponível para a estreia de hoje. Até porque já estava familiarizado com a questão, uma vez que já tinha tido recorrido a esta opção. No Mundial da Rússia2018, devido aos jogadores convocados que tinham rescindido com o Sporting na sequência da invasão da Academia (Bruno Fernandes, William Carvalho, Rui Patrício e Gelson Martins), e no Euro2000 por causa de João Pinto (hoje diretor da Federação), que tinha deixado o Benfica e foi ao Europeu sem clube e com um seguro especial.
Agora foi a vez de Ronaldo, que ontem treinou pela primeira vez como jogador livre.
Os clubes de futebol são obrigados a fazer seguros de trabalho para os jogadores e a libertá-los para a respetiva seleção sempre que forem convocados nas chamadas datas FIFA, daí que, numa competição como o Qatar 2022, o organismo mundial pague uma verba aos clubes pela cedência dos internacionais.
No final são feitas as contas, tendo em conta os dias que os jogadores estão ao serviço da seleção, com a FIFA a enviar o dinheiro para a respetiva Federação, que depois o distribui pelos clubes. No caso de CR7, a verba poderá ficar para a FPF, sendo que a FIFA paga 9600 euros de diária.
Se um jogador se lesionar gravemente durante o Qatar 2022, o seguro é acionado, com o organismo mundial a assegurar ainda o vencimento do jogador durante o tempo em que o atleta não puder dar o seu contributo ao clube.
Tal como o DN avançou ontem, Ronaldo exigiu que a rescisão com o Manchester United fosse efetivada antes da estreia da seleção, para se concentrar a 100% na prova, abdicando de qualquer verba que pudesse ter direito com a saída por "mútuo acordo" a oito meses do fim do contrato.
Uma saída que não foi comunicada antes ao colega e compatriota Bruno Fernandes, um dos capitães do United. "Obviamente o Cristiano não falou comigo sobre a decisão dele, é uma decisão pessoal, algo que lhe diz respeito somente a ele e à sua família. Não falámos sobre isso e é ponto assente que toda a gente está focada na seleção e no Mundial", disse ontem o médio, sem esconder que "é uma honra representar a seleção com o Cristiano" e que jogar com ele no mesmo clube "foi um sonho".
Garantindo que tem uma excelente relação com CR7, e revelando que o capitão até lhe dá boleia no avião dele quando ambos são chamados à seleção, Bruno Fernandes mostrou-se feliz por hoje poder chegar aos 50 jogos pela seleção (se jogar): "Representamos um país, não um clube, um amigo ou um familiar. Nada poderá afetar a mentalidade do grupo."
isaura.almeida@dn.pt