E agora? O que acontece a Fernando Santos depois da eliminação de Portugal no Mundial e de ter colocado a fasquia no título? Fernando Gomes, presidente da FPF, não gosta de rasgar contratos, e o treinador acha que tem condições para continuar. Mas há situações que fogem da esfera de ambos: entre elas, a decisão de Ronaldo em continuar a representar a seleção depender (ou não) da continuidade de Santos, depois ter entrado em choque com o selecionador devido à sua condição de suplente..Segundo soube o DN, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol vai esperar pelos relatórios da participação portuguesa no Campeonato do Mundo para depois reunir com o técnico. Não que o futuro do selecionador dependa disso, uma vez que o dirigente está a par de tudo o que se passou no Qatar. Mas quer analisá-los na presença de Fernando Santos e assim em conjunto avaliarem se há ou não condições para manter tudo como está até 2024, ano do fim da ligação contratual..A FPF tem passado a mensagem de que não há pressa para fazer a avaliação e tirar as devidas "conclusões", como pediu Cristiano Ronaldo nas redes sociais. Ninguém quer tomar decisões a quente. Há muito em jogo. Uma decisão precipitada para agradar à opinião pública poderia sair caro, o que não invalida que uma das partes decida entretanto extremar posições..O sonho do título mundial acabou nos quartos-de-final, após a derrota com Marrocos (1-0). Ainda a quente, Fernando Santos disse que "a palavra demissão" não entrava no seu "léxico", mas que iria fazer um balanço da participação de Portugal com Fernando Gomes. Uma conversa, ao que apurámos, ainda sem data marcada..A reflexão impõe-se também a toda a estrutura federativa ligada à seleção (Luís Sobral, João Pinto, Carlos Godinho). Se há quem defenda que a seleção não chegava tão longe num Mundial desde 2006 (ficou-se pelos oitavos em 2010 e 2018, e na fase de grupos em 2014), e que estar entre as oito melhores seleções do Mundo não pode ser considerado um objetivo falhado, também há quem considere que já são quatro anos - após a desilusão do Mundial 2018, no Euro 2020 e na recente não qualificação para o playoff final da Liga das Nações - a insistir num líder que não retira o máximo da melhor geração de jogadores que Portugal já teve..E se é verdade que o organismo liderado por Fernando Gomes tem margem para encontrar a melhor solução, porque a seleção só volta a ter jogos em março - frente a Liechtenstein e Luxemburgo - e o planeamento para o Euro 2024 foi já feito pelo atual selecionador, o caso Ronaldo pode ter muita influência na decisão a tomar. O capitão sentiu-se desconsiderado por Fernando Santos devido à condição de suplente e, apesar de não pensar abandonar a seleção - disse há uns meses que quer jogar o Euro 2024 - a continuidade de Santos poderia levá-lo a repensar a sua posição..Santos e a respetiva equipa técnica têm contrato até 2024. Uma saída litigiosa nunca acontecerá, mas pode haver um acordo financeiro em caso de rescisão amigável. Como o selecionador tem um contrato de 2,250 milhões de euros anuais, poderá assim sair por menos de quatro milhões, uma vez que haveria lugar ao pagamento de apenas um ano e meio. Santos assumiu a seleção em setembro de 2014, tendo conquistado um Europeu, em 2016, e Liga das Nações, em 2019..isaura.almeida@dn.pt