"Estou ao lado de alguns monstros, mas o meu surf já surpreendeu"
Frederico Morais - o "Kikas", como é conhecido no mundo do surf - está de regresso a Portugal depois do arranque, na Austrália, da temporada da World Surf League (WSL), para competir agora no Pro Santa Cruz, Torres Vedras, que tem hoje início na zona Oeste. Apesar de se ter estreado este ano na elite do surf mundial, o atleta de 25 anos ocupa já o 19.º lugar do ranking e espera não ficar por aqui.
"É uma estreia, mas não me tenho sentido nervoso. Aliás, sinto que dei o meu melhor no arranque na Austrália, fico muito satisfeito com o que dei e com o surf que pratiquei. Agora estou ao lado de monstros do surf mundial, mas o meu surf também já surpreendeu, no bom sentido. Tenho os pés assentes na terra e sei que ainda tenho muito a fazer, mas felizmente tudo começou muito bem, no meu entender. Agora há que aproveitar este novo mundo", começou por revelar Kikas ao DN, à margem da apresentação do Pro Santa Cruz, comparando as duas realidades.
"É sempre diferente fazer este tipo de provas aqui em Santa Cruz e depois ver a realidade da elite. Não vou dizer que nestes WQS não há grandes surfistas, porque os há, uns já lá estiveram [no mundial] e outros poderão muito bem lá chegar, como foi o meu caso. Mas é mesmo muito diferente. A forma de encarar as etapas, de as preparar e até mesmo a forma de estar nas ondas é diferente. São níveis muito distintos e tenho de estar preparado para isso", salientou o surfista, que neste arranque da época, na Austrália, ficou em 13.º em Gold Coast, 25.º em Margaret River e 5.º em Bells Beach.
Apesar de ter já agendada a quarta etapa do World Tour entre 9 e 20 de maio, no Rio de Janeiro, Kikas optou por fazer a sua preparação neste evento do circuito de qualificação (WQS) em Santa Cruz, pois, como o próprio afirmou, "é sempre bom regressar a Portugal".
"Felizmente as coisas correram bem na Austrália e consegui vir aqui. Tenho de agradecer pelo wild card, pois é sempre um prazer competir no meu país e estou aqui para tentar vencer", disse o surfista, que também se mostra empenhado em valorizar o nome do país pelo mundo fora. "Portugal é cada vez mais conhecido no mundo do surf por tudo o que proporciona, sejam etapas da World Tour, etapas deste nível de WQS como em Santa Cruz, praias para os melhores se prepararem, etc. Todos os que estão na elite conhecem a realidade do nosso país e falam muito comigo sobre isso mesmo. Espero também representar bem o surf de Portugal", afirmou o atleta, mostrando-se muito motivado para a próxima etapa da World Surf League no Rio de Janeiro.
"Sinto-me bem e preparado para o que aí vem. Como já disse, gostei do que fiz na Austrália e isso também me motivou. Quero fazer o melhor no Rio de Janeiro, mas não estou ansioso, estou, volto a dizer, muito motivado. É a minha estreia e quero fazer as coisas com tranquilidade", disse o melhor surfista europeu, que já se sente integrado entre a elite.
"Estou a adaptar-me bem, as pessoas também me ajudam bastante e quando não estamos em competição o ambiente é muito bom, o que é excelente para uma rápida adaptação. Felizmente tenho também muitos amigos no circuito, não vou enumerar apenas um ou outro, são todos excelentes amigos e ainda bem que é assim", concluiu o surfista de Cascais.
Alto nível no Oeste
Com um total de 27 portugueses em prova, num evento que reúne mais de 140 surfistas, arranca já esta terça-feira, na praia da Vigia, o Pro Santa Cruz, uma etapa de 3000 pontos do circuito mundial de qualificação da World Surf League.
Aliás, depois do sucesso da edição do ano passado, a WSL decidiu este ano pontuar mais esta etapa, passando dos 1000 pontos de 2016 para os 3000, algo que colocou Portugal e Santa Cruz na rota de alguns dos melhores surfistas mundiais, onde se destaca, claro, Frederico Morais, o 19.º do ranking, mas também Tiago "Saca" Pires, o primeiro português a integrar a elite do surf mundial, durante mais de uma década, e outros nomes de top, como o norte-americano Kanoa Igarashi, 34.º do ranking mundial, e ainda os franceses Joan Duru e Jorgann Couzinet , este que ocupa atualmente o 2.º posto do circuito de qualificação, o brasileiro Yago Dora e o japonês Hiroto Ohhara.
No que diz respeito à armada lusa, além de Frederico Morais e Tiago "Saca" Pires, desfilam nomes como Vasco Ribeiro, Pedro Henrique, Miguel Blanco, Nic von Rupp, Marlon Lipke, Tomás Fernandes, Eduardo Fernandes, Henrique Pyrrait, Jácome Correia, Pedro Coelho, Guilherme Fonseca e o wild card local Tiago Santos (ver caixa).