Empate disfarça má exibição e deixa Portugal a um ponto do apuramento

Seleção nacional foi a Dublin empatar (0-0). Pepe tornou-se o mais velho de sempre a jogar pela seleção, mas acabou expulso e falha jogo decisivo com a Sérvia, domingo, na Luz.
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Do mal o menos. O empate desta quinta-feira com a Rep. Irlanda (0-0) serve os interesses de Portugal nesse objetivo maior que é o apuramento para o Mundial 2022, mas sabe a pouco e resulta de um mau jogo da seleção nacional. Basta um empate com a Sérvia no domingo, no Estádio da Luz, para garantir o passaporte para o Qatar, mas um triunfo permitira à equipa ir para o jogo com outra confiança.

A seleção nacional lidera o grupo A, em igualdade pontual com a Sérvia, mas com vantagem na diferença de golos... daí que um empate no jogo de domingo seja suficiente para se apurar.

Com seis jogadores em risco de exclusão para o decisivo jogo com a Sérvia de domingo, Fernando Santos só arriscou ir a jogo com João Palhinha de início. O médio leonino é o que tem pior média na relação jogo/cartão, mas nem isso evitou que o selecionador que utilizasse. João Cancelo, Rúben Dias, José Fonte, Renato Sanches e Diogo Jota ficaram a descansar. Um luxo que Pepe dispensou. Com 38 anos, 8 anos e 16 dias, o defesa central do FC Porto tornou-se ontem no jogador mais velho a jogar pela seleção... mas acabou o jogo expulso.

Com Bernardo Silva (lesão) e Nuno Mendes (castigo), Danilo jogou a central e Guedes - passou de não convocado a titular em três dias - na frente com Ronaldo e André Silva. Portugal sentiu dificuldade em ligar o jogo nos momentos iniciais apesar de maior posse de bola e boa intensidade colocada no jogo. Era preciso subir o nível criativo. A aposta num onze mais físico para responder ao estilo irlandês não estava a funcionar como o selecionador português pretenderia. E se juntar-mos a isto alguma desconcentração de alguns jogadores como Dalot, Nelson Semedo e Bruno Fernandes chegar rápido à zona de finalização era, no mínimo, muito complicado frente a uma Rep. Irlanda que respondia ombro-a-ombro.

Assobiado desde o momento em que tocou na bola pela primeira vez, Cristiano Ronaldo deslumbrou com alguns serpenteados e ainda se queixou de uma grande penalidade sofrida por volta dos 25 minutos de jogos e já depois de Rui Patrício ter saído da baliza para evitar que uma bola perdida chegasse à baliza. O guarda redes português voltou a ser chamado a jogo com um remate de Callum Robinson... o CR7 irlandês que motivou alguns cartazes alusivos às semelhanças no nome com o capitão português.

No final da primeira parte a Rep. Irlanda tinha mais boa e ganhava mais duelos. Um sinal claro de que algo não funcionava do lado português. Acabar o primeiro tempo com apenas um remate à baliza (André Silva aos 14 minutos) não mostrava a melhor face de Portugal. E justificar isso com o onze alternativo também não abona a favor de um selecionador que sempre se queixa da dificuldade em escolher apenas 23 jogadores tal a qualidade e o leque de opções.

Talvez João Moutinho tivesse a solução para devolver a identidade ao jogo português no segundo tempo. Santos voltou com o mesmo onze do intervalo, mas aos 54 minutos recorreu mesmo ao médio do Wolverhampton para ganhar critério na construção e juntou o físico de Rafael Leão ao ataque. Ronaldo ficava ano meio e André Silva na direita.

Aos 67 minutos de jogos, a equipa das quinas teve a primeira jogada digna desse nome. Um contra-ataque rapidíssimo, com André Silva a cruzar para CR7, que de cabeça e já em pleno coração da área levou muito perigo à baliza irlandesa. Depois, já com ajuda de João Félix e Renato Sanches a coisa melhor um bocadinho.

Com o passar dos minutos os irlandeses acreditavam que era possível ganhar o jogo e galgavam metros no terreno, chegando a encostar Portugal lá trás em alguns momentos. Era notória a intenção dos homens de Stephen Kenny. Ganhar faltas para explorar as bolas paradas para levar perigo à área de Patrício.

O 0-0 persistia aos 80 minutos e já depois de mais uma aparição de Ronaldo com perigo. A Rep. Irlanda já não tinha possibilidades de se apurar para o mundial do Qatar - só Portugal e Sérvia o podem fazer -, mas precisavam de pontos para não serem ultrapassados pelo Luxemburgo na classificação e deixaram isso claro em campo. Tanto que obrigaram o experiente Pepe a cometer uma falta que o expulsaria do jogo e... do encontro com a Sérvia. Portugal jogou com dez a partir dos 82 minutos e acabou no pontapé para a frente para evitar calafrios a Patrício. Pouco para uma seleção que ambiciona ir ao mundial e ganhá-lo!

"Se fiquei feliz com o resultado? Naturalmente. Em termos de classificação, ganhar 5-0 ou empatar aqui era a mesma coisa. É claro que eu preferia ganhar 5-0, mas o resultado é positivo, a equipa da Sérvia tem de jogar no nosso estádio para ganhar o jogo. Obviamente que queriamos ganhar, não queriamos empatar", confessou Fernando Santos à RTP no final do jogo.

Frente a "um adversário muito agressivo e muito físico", Portugal "nunca conseguiu ligar o jogo", segundo o selecionador português: "Na organização ofensiva, deixámos que eles criassem perigo. Os jogadores tentaram mas tivemos sempre dificuldades. Eles foram rápidos a encurtar espaços. Não conseguimos criar situações perto da baliza do adversário."

isaura.almeida@dn.pt

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