É oficial. Rui Costa assume a presidência do Benfica

Tal como o DN adiantou, o antigo futebolista assume a liderança do clube e, por inerência da SAD, perante a impossibilidade de Luís Filipe Vieira, que anunciou a suspensão de funções devido ao envolvimento na Operação Cartão Vermelho.
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É oficial. O Benfica comunicou esta sexta-feira, depois de uma reunião de direção, que Rui Costa assume "com efeitos imediatos" a presidência do clube, ocupando assim o lugar de Luís Filipe Vieira que, esta manhã, tinha comunicado a sua suspensão de funções por estar envolvido no processo Operação Cartão Vermelho, que obrigou à sua detenção para ser interrogado pelo juiz Carlos Alexandre.

A notícia tinha sido avançada pelo DN ao início da tarde e foi agora confirmada num comunicado publicado no site oficial do clube, no qual é dito que a decisão foi tomada "nos termos que se encontram estatutariamente previstos" e em virtude da comunicação de Luís Filipe Vieira, e "nos termos da alínea a do número 3 do artigo 61 dos estatutos do clube".

O comunicado anuncia ainda que esta nomeação teve "o apoio unânime dos membros da direção" do Benfica, que assim deram seguimento a uma indicação dada numa das primeiras reuniões da direção depois da eleição de outubro do ano passado.

Rui Costa assume assim, de imediato, a presidência do Benfica e, por inerência, a liderança da SAD, tal como foi já comunicado à CMVM. "Com efeitos imediatos e por prazo indeterminado, nos termos previstos na lei, encontram-se suspensos todos os poderes, direitos e deveres do presidente do Conselho de Administração, Luís Filipe Vieira, exceto os deveres que não pressuponham o exercício efetivo de funções", pode ler-se na nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Assim, acrescenta a nota, "durante esse período de suspensão", "desempenhará as funções de presidente do Conselho de Administração Rui Manuel César Costa, até agora vogal do Conselho de Administração, mantendo o Conselho de Administração todas as suas atribuições e competências nos termos previstos na lei e nos estatutos".

Luís Filipe Vieira anunciou esta manhã a suspensão das suas funções através de um comunicado lido à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal lido pelo seu advogado Magalhães e Silva.

"A partir deste momento o senhor Luís Filipe Vieira suspendeu as suas funções como presidente do Sport Lisboa e Benfica e das suas participadas", disse, esclarecendo que "suspensão não é renúncia".

Magalhães e Silva explicou que esta decisão estava a ser comunicada "em simultâneo à comunicação social e às estruturas interessadas".

"O Benfica está primeiro. Perante os eventos dos últimos dias, em que sou diretamente visado, e enquanto o inquérito em curso puder constituir fator de perturbação, suspendo com efeitos imediatos o exercício das minhas funções como presidente do Sport Lisboa e Benfica, bem como de todas as participadas do clube", disse Vieira num comunicado lido pelo seu advogado.

"Apelo a todos os benfiquistas para que se mantenham serenos na defesa do bom nome da grande instituição que é o Benfica", acrescentou Luís Filipe Vieira.

O advogado concluiu: "Luís Filipe Vieira está em completa serenidade, que é revelada exatamente por este comunicado, que revela, como compreendem, um sentido da responsabilidade entre a sua posição pessoal e a posição institucional e a prevalência da posição institucional sobre a posição pessoal."

Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.

Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".

Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

Rui Costa, que abandonou os relvados ao serviço do clube da Luz na época 2007-08, iniciou funções de dirigente precisamente em 2008, como diretor desportivo. Ficaram celebres na altura algumas contratações sonantes, como quando foi buscar Pablo Aimar para herdar a sua camisola 10.

Alguns anos depois foi promovido a administrador da SAD do Benfica e depois da última eleição de Vieira passou a vice-presidente.

Rui Costa viu esta semana o seu nome envolvido numa polémica, depois de três sócios terem feito chegar ao Conselho Fiscal do Befica um pedido de esclarecimento sobre uma alegada ligação de negócios entre uma empresa que Rui Costa mantém com o filho e o clube, que teria intermediado a venda de jogadores e feito algumas parcerias com o Benfica, o que contraria os estatutos do clube.

O vice-presidente do Benfica, contudo, numa carta enviada ao Conselho Fiscal negou tudo, desmentido que tenha tido qualquer relação direta ou parceria com os encarnados através das empresas Footlab ou 10 Invest, falando numa tentativa de o denegrir e à sua família.

Já o Conselho Fiscal lembra que nas datas das alegadas transferências envolvendo empresas do ex-jogador aconteceram antes das eleições que levaram Rui Costa à vice presidência do Benfica.

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