E depois do adeus aos relvados? 67% dos jogadores não sabe o que fazer depois do futebol

Estudo revelado pela FIFPro mostra dificuldades no pós-carreira: 70% dos futebolista recebeu ajuda. Em Portugal, o Sindicato de Jogadores tem programa de apoio e quer mudar a reforma.
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O pós-carreira dos futebolistas é um problema e há que encará-lo de frente. Dois em cada três jogadores de futebol não sabe o que vai fazer depois de abandonar os relvados. Segundo um estudo da universidade de Bruxelas, revelado ontem pela FIFPro, 67% dos 282 futebolistas no ativo e já retirados de 33 países diferentes inquiridos não sabem o que fazer quando terminarem a carreira. Os restantes 33% disseram ter "confiança" no caminho a seguir.

Números que devem fazer "acordar a indústria do futebol para a realidade", segundo o secretário-geral da FIFPro, Jonas Baer-Hoffmann, lembrando que é preciso "fazer mais para ajudar jovens, homens e mulheres, para se prepararem para o momento em que deixam de jogar". Não apenas pelo futuro financeiro, mas também pela saúde mental e bem-estar físico.

O estudo inserido na campanha Mind the Gap procura levar os sindicatos de jogadores dos respetivos países a apoiar o desenvolvimento pessoal dos futebolistas. Os números provam que os sindicatos são o principal apoio na hora de decidir o que fazer - 70 % dos inquiridos que revelaram ter tido ajuda a planear o pós-carreira.

Em Portugal, apesar de não existirem dados concretos nesta matéria, a situação não é muito diferente e levou o Sindicato de Jogadores a lançar um projeto de formação financeira em 2017. Outra das medidas é o Fundo de Pensões, com o organismo sindical liderado por Joaquim Evangelista a defender ainda uma alteração à lei, por forma a conceder "proteção fiscal" aos praticantes desportivos profissionais com a reforma antecipada aos 35 anos, ao contrário dos 55 anos atuais). Uma luta com mais de 20 anos que ainda está à espera no Parlamento.

Apostar na formação pessoal e académica parece ser o caminho. Ainda segundo o estudo, 34% dos atletas já retirados inquiridos começaram a planear a nova carreira três anos antes de pararem de jogar e só 19% pensou no assunto quando decidiram optar pela profissão de futebolista. E 12% foram obrigados a pensar nisso devido a lesões graves.

Há dados que refletem a vergonha de admitir dificuldades. Dos 805 jogadores que aceitaram responder ao inquérito apenas 282 concluíram-no e puderam servir de base ao estudo. Além disso, 46% dos jogadores jovens disse não se preocupar com o pós-carreira. E só 21% dos que já se retiraram dos relvados confessaram ter ficado plenamente satisfeitos com a carreira que tiveram. Só 7% ficou ligado a um negócio próprio.

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