Rui Borges e Bruno Lage são dois treinadores à procura de fazer história no dérbi que pode dar o título a um deles. Ambos entraram nas respetivas equipas com a época a decorrer, mas agora só um deles pode festejar. O duelo no banco será um atrativo extra para o jogo de sábado, às 18h00, entre o Benfica e o Sporting, relativo à 33.ª e penúltima jornada da I Liga.Se o título pender para o lado leonino, Rui Borges será o treinador campeão com menos jornadas disputadas da história do futebol português e o sétimo a consegui-lo depois de uma chicotada psicológica. Mas se a festa for dos da casa, Bruno Lage será o sexto da história do Benfica a repetir a conquista no regresso ao clube. O mirandelense Rui Borges assumiu a equipa de Alvalade no dia 26 de dezembro de 2024, mas só se estreou para o campeonato em janeiro. O treinador de 43 anos tem agora 17 jornadas da I Liga de leão ao peito e pode assim ser campeão ao 18.º encontro. Curiosamente, se o conseguir bate a marca de Bruno Lage na temporada 2018-19, que também assumiu a equipa na sequência de uma chicotada psicológica e festejou o título ao seu 19.º jogo no campeonato. Nessa altura, o técnico benfiquista tornou-se o sexto treinador a sagrar-se campeão nacional na sequência de uma chicotada psicológica, algo que não sucedia desde 1999/00, quando Augusto Inácio rendeu o italiano Giuseppe Materazzi no comando do Sporting e conduziu a equipa a um título que lhes escapava há 18 anos. Inácio tinha pegado na equipa a 30 de setembro e fez quase a época toda, orientando a equipa durante 29 jornadas até festejar a conquista na última ronda. O primeiro a capitalizar uma troca de treinador a meio da temporada foi Béla Guttmann, que substituiu Otto Bumbel no FC Porto em 1957/58. O húngaro assumiu a equipa no dia 2 de novembro de 1958 e orientou os dragões em 19 das 26 jornadas do campeonato da altura.Em 1961/62, Otto Glória arrancou a temporada no Sporting, mas foi Júlio Cernadas Pereira, conhecido como Juca, quem conquistou o título a 27 de maio, depois de pegar na equipa a 1 de outubro de 1961. Juca orientou a equipa em 25 jornadas e foram esses os jogos que precisou para ficar à frente do Benfica. A história repetiu-se em 1979/80, quando Fernando Mendes substituiu Rodrigues Dias e guiou a equipa de Alvalade até à festa, o que aconteceu na receção ao V. Guimarães na 27.ªjornada e ao 20.ª jogo de Fernando Mendes. Campeões no regressoBruno Lage voltou em setembro de 2024 ao Benfica, para substituir Roger Schmidt e pode voltar a sagrar-se campeão na segunda passagem pela Luz, algo que só Otto Glória, Fernando Riera, John Mortimore, Sven-Göran Eriksson e Toni conseguiram. Otto Glória foi pioneiro em muitas coisas, uma delas foi de ter festejado títulos nas três passagens pelo Benfica. O treinador brasileiro deixou saudades e troféus na Luz. Entre 1954 e 1959 venceu dois campeonatos e três taças, tendo voltando em para liderar a equipa nos últimos cinco jogos da época 1967/68, a de 1968/69 e ainda 18 jogos de 1969/70 para erguer mais dois troféus de campeão. A passagem de1968-69 foi a meias com Fernando Cabrita - metaforicamente falando, porque em Portugal os treinadores campeões são os que acabam a época - e uma Taça de Portugal. Cabrita, o interino mais titulado da história, ainda foi útil e teve sucesso em mais parcerias. Uma delas como adjunto de Fernando Riera, o chileno festejou o título na primeira passagem (1962/63) e um na segunda (1966/67), sendo que ainda iniciou a época 1967/68, orientando a equipa em sete jogos, que terminou com Fernando Cabrita ao leme e mais um campeonato ganho pelas águias. Cabrita ainda voltou ao Benfica na parte final de 1973/74 para substituir Jimmy Hagan, mas nada ganhou.John Mortimore (1977 a 1979 e 1985 a 1987),também ganhou campeonatos nas duas passagens pela Luz e protagonizou o regresso mais feliz. Na primeira vez foi campeão e na segunda, além do título, ainda ergueu duas Taças de Portugal e uma Supertaça. Já Sven-Göran Eriksson (de 1982 a 1984 e de 1989 a 1992) deu dois campeonatos e uma Taça de Portugal no primeiro período de águia ao peito e voltou a sai triunfante no regresso, tendo ainda conquistado uma Supertaça.Quanto a Toni, assumiu a equipa do Benfica em 1987 após o despeedimento do dinamarquês Ebbe Skovdahl e venceu um campeonato antes de voltar para adjunto no regresso de Eriksson em 1989. Voltou a ser treinador principal de 1992 a 1994, com um novo título e ainda uma Taça de Portugal, depois de substituir Tomislav Ivic. O atual vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol ainda voltou a assumir a equipa uma terceira vez, em dezembro de 2000, mas dessa vz sem sucesso.Vencer campeonatos na primeira e na segunda passagem não foi para todos no Benfica, pois oito treinadores não o conseguiram, nomeadamente o húngaro Lipo Herczka - duas vezes campeão entre 1927 e 1939, mas sem conquistas em 1947/48. O mesmo sucedeu com Ribeiro do Reis, Béla Guttmann, Fernando Cabrita, Mário Wilson, José Antonio Camacho, Jorge Jesus e Nélson Veríssimo, este último como técnico interino. isaura.almeida@dn.pt .Sporting vence (2-1) Gil Vicente em Alvalade ao cair do pano. Veja como ficam as contas do título