CR7. Dos 1500 euros no Sporting ao louco salário de 200 milhões por ano na Arábia Saudita
CR7 bateu mais um recorde com a mudança para os sauditas do Al-Nassr: ultrapassou o francês Mbappé como jogador com o salário mais alto da história do futebol.
A decisão de Cristiano Ronaldo ir jogar para a Arábia Saudita não é alheia ao cheque que acompanha a assinatura do contrato com o Al-Nassr: 500 milhões de euros por dois anos e meio, ou seja, até junho de 2025. Na prática, a estrela portuguesa arrecada 200 milhões de euros por cada ano de vínculo, tornando-se assim no futebolista com ordenado mais alto de sempre, superando o francês Kylian Mbappé, que em maio de 2022 renovou com o Paris Saint-Germain, passando a auferir 72 milhões de euros por cada um dos três anos de vínculo, de acordo com uma notícia do jornal Le Parisien.
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Aliás, aos ordenados o avançado francês juntou-lhe ainda um bónus de assinatura de 180 milhões de euros e ainda um prémio de fidelidade de 70 milhões. Se cumprir os restantes dois anos de contrato, receberá ainda 80 milhões em 2024 e 90 milhões em 2025, com o Paris Saint-Germain a ter um encargo total de 636 milhões de euros se todas as metas forem atingidas.
O Al-Nassr é o quinto clube da carreira de Cristiano Ronaldo, depois de Sporting (2002-03), Manchester United (2003 a 2009 e 2021 a 2022), Real Madrid (2009 a 2018) e Juventus (2018 a 2021). Desde os 1500 euros mensais que ganhava em Alvalade em 2003, ao salário anual de 70 milhões (excluindo prémios e direitos de imagem) que vai ter no clube saudita, vai uma carreira recheada de títulos coletivos (33, incluindo cinco Champions) e individuais (45, incluindo cinco Bolas de Ouro/The Best).
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O talento precoce tirou-o do Sporting antes mesmo de se afirmar na equipa principal e assinar contrato profissional. Era júnior e recebia o salário-base de um jogador da formação na altura. A mudança para Old Trafford fez-se a troco de um ordenado de 150 mil euros por mês, valor que o Manchester United aumentou para 380 mil no segundo ano. A partir daí foi sempre a crescer a nível desportivo, pelo que o rendimento em campo passou a ser contabilizado em milhões. Recebia 9,1 milhões por época quando deixou os red devils em 2009 para rumar ao Real Madrid, onde passou a auferir 21 milhões por temporada.
A mudança para a Juventus foi surpreendente, assim como o valor salarial pago ao jogador - 31 milhões de euros -, que teve de baixar (mas pouco) para poder voltar ao Manchester United em 2021 e ganhar 26, 8 milhões. A saída de Old Trafford foi turbulenta, após uma entrevista polémica que levou a uma rescisão contratual no dia 22 de novembro. Também por isso se percebe a dificuldade de CR7 dizer não a um cheque de 70 milhões por cada ano no Al-Nassr - mais do dobro do que alguma vez auferiu num clube até agora - apesar de ter uma fortuna avaliada em mais de mil milhões de euros, segundo a revista Forbes.
A pouco mais de um mês de fazer 38 anos, Ronaldo faz uma escolha financeira, optando por um destino no mínimo surpreendente e longe dos desafios desportivos que sempre privilegiou. Jogar ao mais alto nível na Europa ou mesmo nos Estados Unidos, tendo em conta o sonho de uma carreira no cinema de Hollywood quando deixar os relvados, deixou de ser opção para um dos melhores futebolistas da história.
Numa mensagem de circunstância, após ser oficializado, considerou "a visão do Al-Nassr muito inspiradora"e declarou-se "entusiasmado" para começar a trabalhar com os seus novos colegas, entre os quais estão o ex-benfiquista Anderson Talisca e o ex-portista Vincent Aboubakar, de modo a que "juntos" possam "ajudar a equipa a alcançar mais sucessos".
Ligação cortada com Mendes
Mais contestado do que nunca a nível mediático, o avançado cortou relações profissionais com o seu agente e amigo de sempre, Jorge Mendes. E daí se possam explicar as dificuldades em encontrar uma opção desportiva mais importante, após forçar a rescisão com o Manchester United a dias da estreia no Mundial 2022. O Campeonato do Mundo não lhe correu bem. Portugal foi eliminado nos quartos-de-final e Ronaldo teve problemas com Fernando Santos. Tudo isso terá mudado a forma como CR7 olhava para a proposta árabe, a única que recebeu. E se no verão disse não a essa mesma oferta, agora disse sim, seduzido com a possibilidade de começar a jogar de imediato. A estreia no Al-Nassr está prevista para o dia 5 de janeiro, frente ao Al-Tai, na 12.ª jornada da liga saudita.
Por esclarecer ficou se o acordo contempla o apoio à candidatura da Arábia Saudita à organização do Mundial 2023, que Portugal quer coorganizar com a Espanha e Ucrânia. Inegável é que a imagem de CR7 a jogar no Al-Nassr poderá ser um forte aliado da candidatura da Arábia Saudita, que ainda não é oficial, que vai contra o desejo da Federação Portuguesa de Futebol de organizar o Campeonato do Mundo de Futebol pela primeira vez. A decisão da FIFA sobre o organizador da edição de 2030 será conhecida em 2024, ano em que Ronaldo ainda jogará com as cores do Al-Nassr... se cumprir o contrato até ao fim. O acordo, válido até 2025, contempla um bolo de 100 milhões de euros para pagar publicidade e ações de marketing do clube e do futebol saudita e ninguém acredita que seja apenas para aparecer com a camisola do Al-Nassr em eventos de menor dimensão.
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