CAN. Treinadores portugueses à procura de contrariar o favorito Senegal

Começa este domingo a Taça das Nações Africanas. Egito, treinado por Carlos Queiroz, e Camarões, de António Conceição, estão entre os candidatos num torneio onde Comores dá que falar.
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A seleção senegalesa apresenta-se na 33.ª edição da Taça das Nações Africanas (CAN) mais forte do que nunca para lutar pelo título. Jogadores como Edouard Mendy (Chelsea), Kalidou Koulibaly (Nápoles), Bouna Sarr (Bayern Munique), Gana Gueye (PSG), Papa Sarr (Metz), Sadio Mané (Liverpool) ou Ismaïla Sarr (Watford) fazem dos "Leões de Teranga" uma equipa cheia de talento e disposta a desafiar os outros crónicos candidatos: a campeã Argélia, a quem chamam "Raposas do Deserto", e os "Faraós" do Egito, orientados por Carlos Queiroz , sem esquecer os Camarões, os "Leões Indomáveis" liderados por António Conceição que, por jogarem em casa, não podem ser tirados da equação.

E se a campeã Argélia está há 33 jogos sem perder - o recorde mundial é de 37 jogos, da Itália -, o Senegal é a melhor seleção africana no ranking FIFA (20.ª) e o Egito é quem tem mais troféus (sete) conquistados, embora o último tenha sido erguido há mais de uma década (2010) e os egipcíos ainda chorem uma final perdida depois disso (2017). E há ainda a ter em conta os outsiders Costa do Marfim, Gana, Marrocos e Nigéria.

Os treinadores portugueses Carlos Queiroz e António Conceição têm ambições de levantar o troféu e, como tal, tentam fazer melhor do que Paulo Duarte, o técnico português que mais longe chegou na CAN, com um terceiro lugar em 2017 ao serviço do Burkina Faso. Refira-se que José Peseiro vai estar no torneio como observador da Nigéria, pois só depois da CAN assumirá o comando da seleção.

A competição vai passar por cinco cidades (Yaoundé, Douala, Garoua, Bafoussam e Limbe) e tem a final marcada para 6 de fevereiro. A lotação dos estádios foi reduzida para 60%, exceto nos jogos da equipa da casa, onde a capacidade será de 80%. Assim, serão mais de 50 mil as pessoas que irão ao Estádio Olembe, em Yaoundé, onde hoje se dará o pontapé de saída da CAN, com o Camarões-Burquina Faso.

Cabo Verde (2013 e 2015) e Guiné-Bissau (2017 e 2019) são os únicos representantes lusófonos da competição, sendo que as duas seleções vão para a terceira presença na fase final. No total serão 24 seleções divididas em seis grupos de quatro, em que os dois primeiros se qualificam para os oitavos-de-final, assim como os quatro melhores terceiros classificados.

Inicialmente marcado para o verão de 2021, o maior torneio de futebol africano foi adiado duas vezes por causa da pandemia da covid-19. As preocupações com o coronavírus são muitas e o assunto promete ser tema durante todo o torneio, com as várias seleções reféns do número de infetados e a intransigência da Confederação Africana de Futebol em relação a substituições nos convocados.

A polémica em torno da cedência dos jogadores por parte dos clubes europeus chegou também a ameaçar a torneio, mas não há registo de nenhum clube que tenha proibido um jogador a jogar a CAN. A I Liga portuguesa dispensou 11 atletas, com destaque para os portistas Zaidu (Nigéria) e Nanu (Guiné-Bissau) e há estrelas que se destacam: Sadio Mané (Senegal), Mohamed Salah (Egito) e Riyad Mahrez (Argélia).

Perdidas no meio do Oceano Índico, na margem norte do Canal de Moçambique, entre Madagáscar e a costa oriental da África, as ilhas Comores têm cerca de 900 mil habitantes e são o quarto país mais pequeno do continente. A 132ª classificada do ranking FIFA atingiu um feito tão maravilhoso como inédito, tendo em conta que disputou o primeiro encontro oficial ainda este século.

O crescimento do futebol comorense tem um nome: Amir Abdou. Descendente de imigrantes saídos do arquipélago, o técnico já nasceu em Marselha, cidade francesa onde há uma considerável colónia de cerca de 80 mil comorenses. Um dos segredos foi o recrutamento de jogadores com descendência e já nascidos em França. Abdou criou um sistema de busca de atletas nas ligas francesas, pesquisando as origens e ligando pessoalmente a muitos deles para os convencer. Ficou no grupo chamado da morte com... Marrocos, Gabão e Gana.

Também com um grupo maioritariamente constituído com descendentes, a Guiné Equatorial está a dar que falar. Tem 16 jogadores com dupla nacionalidade, guineense e espanhola. O país integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas a ligação ao país vizinho é maior do que a relação com Portugal. A chamada dos descendentes criou um clima tenso no país e mesmo no interior da seleção. "Sim, somos espanhóis, mas temos ascendência e sentimo-nos guineenses também. Uma coisa não impede a outra", defendeu, ao jornal El País, o avançado Iban Salvador, do Fuenlabrada. Já Jesús Owono, guarda-redes do Alavés B, fala do "amor" que os descendentes selecionados têm à Guiné Equatorial. Uma vitória certamente ajudará a provar isso.

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