Bibras Nathko, o muçulmano que é capitão de Israel

Israel joga esta quarta-feira um particular com Portugal, em vésperas de Europeu de futebol. Circassiano é um dos não judeus na seleção.
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Kfar Kama, a terra onde nasceu Bibras Nathko e em cujas ruas o futebolista começou por mostrar os dotes com a bola, poderia não passar de mais uma aldeia israelita da Galileia, com os netos e os bisnetos dos judeus europeus crentes no ideal sionista, se não fosse na realidade uma das duas localidades do país habitadas por circassianos, muçulmanos oriundos do Cáucaso.

Jogador do Partizan de Belgrado, clube da capital da Sérvia, Bibras Nathko, de 33 anos, é o capital da seleção israelita de futebol, que esta quarta-feira joga com Portugal um desafio particular, que no caso da equipa das quinas serve de preparação para o Campeonato da Europa.

Numa equipa onde, como é de esperar, a maioria dos jogadores são judeus, o capitão é uma das exceções, pois há também árabes israelitas. Mas se estes últimos representam quase 20% da população de Israel, e se dividem entre muçulmanos, cristãos e drusos, a comunidade a que pertence Bibras Nathko é constituída por quatro a cinco mil pessoas, que se repartem por Kfar Kama e por Rehaniya, também no nordeste.

Conhecidos pela sua lealdade ao moderno Estado de Israel fundado em 1948, os circassianos (homens) cumprem serviço militar obrigatório, tal como os drusos, árabes que pertencem a uma religião que há mil anos se separou do islão.

Originários do Cáucaso, os circassianos de Israel foram instalados na segunda metade do século XIX na Palestina sob controlo do Império Otomano para escaparem aos russos, que então conquistavam a sua montanhosa região de origem. Míticos no Médio Oriente as mulheres pela beleza e os homens pelos dotes militares, os circassianos têm comunidades noutros países da região, como a Jordânia, aí fornecendo a guarda real.

Quando num particular com a Roménia em 2018 o atual capitão (que jogou já em clubes russos e gregos), se estreou com a braçadeira o jornal The Independent conversou com Bibras Nathko sobre o ser muçulmano numa equipa que representa o Estado Judaico. "Na seleção nacional somos um grupo unido. Não enfatizamos as diferenças religiosas. Os meus companheiros deram-me os parabéns e desejaram-me boa sorte", disse.

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