Desporto
21 outubro 2022 às 20h23

Benfica saiu invicto do Dragão e com uma liderança reforçada

Equipa encarnada venceu o FC Porto (1-0), com um golo de Rafa. Roger Schmidt conseguiu a primeira vitória num clássico do futebol português. Estáquio deixou os portistas a jogar com dez muito cedo, ainda na primeira parte. Guarda-redes impediram um autogolo cada.

Estavam separados por três pontos e acabaram separados por seis! O que significa que o Benfica foi hoje ao Estádio do Dragão vencer o campeão FC Porto (1-0). O clássico da jornada 10 da I Liga foi decidido com um golo de Rafa, que deixa os encarnados mais líderes do campeonato. Roger Schmidt estreou-se assim a ganhar num clássico e num campo historicamente difícil para as águias na última década, prolongando a série invicta da época para os 19 encontros.

Quando um clássico começa com uma queixa crime no Ministério Público contra um agente desportivo por ameaças à família do árbitro do jogo (João Pinheiro), algo de podre continua a corroer o futebol português por dentro. E, assim, o que devia ser regra acaba por ser notícia pela exceção, como o clima de respeito mútuo protagonizada pelo alemão que treina o Benfica e o fã da Bundesliga que orienta o FC Porto, antes do apito inicial.

Empolgada com o grande ambiente vindo das bancadas do lotado Estádio do Dragão, a equipa portista entrou pressionante no clássico, guiada por essa seta de nome Galeno, que chegou a estar em dúvida, mas acabou por ser a surpresa no onze. Sérgio Conceição voltou ao esquema habitual (4x4x2) e ao onze esperado depois da rotação na Taça de Portugal, com Otávio, Fábio Cardoso e David Carmo e ainda Pepê, como defesa direito. Já Roger Schmidt apostou na fórmula PSG - com Fredrik Aursnes, na ala esquerda, e a jogar em 4x2x3x1 - e descansou David Neres para o embate com a Juventus (terça-feira, na Luz, que pode dar o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões).

Ao minuto 9 os adeptos homenagearam Fernando Gomes - internado no hospital - e, aos 15", Taremi (camisola 9 atual) tentou a homenagem personalizada, mas viu Vlachodimos voar para impedir o golo do FC Porto. Um lance que quase materializava a superioridade da pressão (muito) alta dos portistas e das constantes aproximações à baliza do guardião grego.

Mas clássico que é clássico é quentinho e seguiram-se largos minutos de pára-arranca que só serviram para contabilizar o tempo útil de jogo (ou a falta dele) e engordar a estatística disciplinar (oito cartões amarelos e um vermelho nos primeiros 45 minutos, num total 14 amarelos (incluindo a dois dirigentes) e um cartão vermelho).

Os dragões começaram a sentir dificuldades a sair a jogar e sem bola não era a mesma coisa. E antes da meia hora a estratégia portista sofreu um forte revés com a expulsão de Eustáquio. Nada a dizer sobre os dois amarelos num curto espaço de tempo: Eustáquio vê o cartão vermelho por acumulação de amarelos por duas entradas fora de tempo. Foi a expulsão mais rápida de sempre de um jogador do FC Porto num clássico entre dragões e águias, no Estádio do Dragão.

A jogar com mais um, o Benfica testou os ferros da baliza de Diogo Costa. Fredrik Aursnes rematou ao poste e na recarga Rafa acertou na barra. Se fosse flippers... assim deu apenas para perceber que Roger Schmidt sabe pelo menos uma palavra em bom português vernáculo.

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Com o 0-0 a persistir até ao intervalo, a segunda parte do clássico ganhava ainda mais interesse. E Schmidt inovou ao fazer três alterações ao intervalo, substituindo os amarelados João Mário, Enzo e Bah, por Draxler, David Neres e Gilberto. O que significou o recuo de Aursnes para formar dupla com Florentino no meio campo.

Sérgio Conceição não mexeu. Pediu para a equipa subir as linhas e sair a pressionar, mas, com menos um, a tendência era para recuar, o que permitia ao Benfica circular a bola sem precipitações para chegar à baliza. O desgaste provocado em Evanilson e Taremi - obrigados a tarefas defensivas - fazia adivinhar que um deles seria sacrificado mais cedo ou mais tarde. E assim foi. Evanilson deu lugar a Verón e o FC Porto cresceu no jogo gerando intranquilidade na defesa encarnada. Vlachodimos teve de se aplicar para impedir um autogolo de Gilberto, depois de um atraso venenoso de António Silva.

Mas Neres trouxe a vantagem do um para um ao Benfica, que chegou ao golo aos 72 minutos. O golo de Rafa chegou a ser invalidado pelo árbitro, mas acabou validado pelo VAR.

Sérgio Conceição respondeu com uma dupla substituição, à procura do prémio que seria o empate e um ponto ganho em vez de três perdidos para o maior rival e líder do campeonato. Impulsionada por dois lances vistosos de Otávio, a equipa portista recebia ainda oxigénio motivacional desde as bancadas e submeteu os encarnados a uns infernais minutos finais para segurarem a vitória no Estádio do Dragão, algo que já não acontecia há cinco jogos e três anos.

O triunfo podia ter sido mais expressivo não fosse o gigante Diogo Costa ter impedido o autogolo de David Carmo. Para a história fica a 18.ª vitória do Benfica em casa do FC Porto (em 117 jogos)!

isaura.almeida@dn.pt