Benfica entra na reta final do Campeonato com história a favor e almofada confortável

Encarnados têm mais dez pontos que o segundo da tabela, FC Porto. Nunca a nove jornadas do fim uma equipa conseguiu dar a volta a tão grande diferença. Calendário mais difícil para o líder apesar do histórico dos confrontos dizer o contrário. Sp. Braga e Sporting correm por fora.

O Benfica entra na reta final da I Liga com uma almofada confortável de dezpontos de vantagem para o segundo classificado, o FC Porto, e a história a favor, uma vez que que nunca na história do campeonato português um clube recuperou de uma desvantagem tão grande a nove jornadas do fim. Se o Benfica mantiver as distâncias para os três seguidores (FC Porto, Sp. Braga e Sporting), pode sagrar-se Campeão muito antes do fim da prova.

O campeão mais precoce da história do campeonato foi o Benfica de Jimmy Hagan, em 1972-73, num Campeonato com 30 jornadas em que as águias só precisaram de 23 para imporem a sua superioridade. Ou seja, a sete rondas do fim.

A jornada 26 joga-se este fim de semana e olhando para o que falta jogar aos quatro primeiros da tabela classificativa da I Liga, percebe-se que a missão de revalidação do título por parte do FC Porto é quase impossível de acontecer: até agora nunca uma equipa recuperou de uma desvantagem tão grande a nove jornadas do fim. O Benfica lidera com 68 pontos, mais dez que os portistas, mais 12 que o Sp. Braga e mais 15 do que o Sporting.

A luta pelo título não está ao rubro como em outros anos pela mesma altura. O troféu está quase entregue ao Benfica depois do empate entre Sp. Braga e FC Porto na última jornada, que antecedeu a paragem para o compromisso das seleções.

Já o duelo pelos lugares de acesso à Liga dos Campeões está bem vivo e tem vários confrontos diretos, enquanto o líder ainda tem de receber o FC Porto, o Sp. Braga e visitar Alvalade na penúltima jornada, numa altura em que já será campeão virtual, se mantiver o nível e regularidade pontual.

Nesta altura, o Benfica tem 68 pontos - um recorde à 25.ª jornada -, sendo que ainda estão em disputa 27 até à 34.ª ronda da I Liga e tem já dez de avanço para o segundo classificado. Não constituindo uma impossibilidade matemática, a verdade é que nunca houve um volte-face na casa dos dois dígitos. Desde 1995-96, quando as vitórias passaram a valer três pontos, apenas em cinco ocasiões o líder tinha 10 ou mais pontos de diferença para o segundo a nove rondas do fim. E o milagre desportivo nunca aconteceu. Nessa temporada, o FC Porto chegou a ter mais 14 pontos do que o Benfica, que só recuperou três até ao final da competição.

Outras recuperações

Para se ter noção da vantagem benfiquista, é bom lembrar que há 10 anos os dois rivais tinham apenas dois pontos de diferença nesta altura, com os dragões a darem a cambalhota na tabela e a conquistarem o título por um ponto.

Mas a atualidade não permite pensar em igual cenário. O campeão tropeçou em Braga na ronda 25 (0-0) e viveu dias de turbulência, com Sérgio Conceição a ameaçar bater com a porta. Ultrapassado o ambiente mais tenso, o técnico mais titulado de sempre dos dragões decidiu ficar até ao fim do Campeonato, apesar de saber que a revalidação do título de campeão é uma miragem.

Além de não depender só de si, o FC Porto terá de esperar que o grande rival perca pontos, algo que só permitiu em três dos 25 encontros já disputados: dois empates, com o Sporting e o V. Guimarães, e uma derrota com o Sp. Braga. Os números não são nada tranquilizadores para os lados do Dragão: o Benfica tem o melhor ataque (66) e a melhor defesa (14), o que preconiza que dificilmente alguma coisa vai mudar até ao fim da Liga, apesar da presença na Liga dos Campeões ainda poder tirar algum foco e acrescentar desgastes no plantel.

Como perseguidor, o melhor que o FC Porto fez no mesmo período foi encurtar a distância para o Boavista, em 2000-01, com os axadrezados a sagrarem-se campeões com apenas mais um ponto. Na era Conceição, a maior recuperação aconteceu em 2019-20, quando a equipa portista estava a sete pontos do Benfica à passagem da jornada 17 e acabou bem sucedida na missão de vencer o título perdido no ano anterior numa igualmente (ou mais) impressionante escalada do Benfica. Então com Bruno Lage, à entrada da 16.ª jornada, as águias seguiam em quarto lugar a sete pontos dos portistas, logrando um título histórico no final da prova.

Esta época, os dragões, além de visitarem a Luz a 7 de abril, ainda têm o dérbi com o Boavista, e fecham o campeonato em casa frente ao V. Guimarães.

Sp. Braga e leões correm por fora

Guerreiros e leões têm como o objetivo agarrar um lugar de Champions. Nas próximas oito jornadas, o Sp. Braga de Artur Jorge será colocado à prova em várias deslocações, incluindo uma ida ao Estádio da Luz. Ir ao Bessa também é historicamente difícil para os arsenalistas, que recebem o Paços de Ferreira no fim do Campeonato.

O Sporting ainda vai a Barcelos (jogo adiado) e Guimarães antes de receber os encanados na penúltima ronda. O dérbi de Alvalade será certamente importante para a atribuição das vagas europeias.

Se chegar ao fim campeão, o Benfica pode mesmo dizer que começou e acabou líder. Quer dizer... As águias abriram o campeonato 2022-23 no dia 5 de agosto, com uma goleada ao Arouca (4-0) e, por isso, foram os primeiros a contabilizar pontos encabeçando a tabela... por um dia. Depois os dragões venceram o Marítimo, por 5-1 e passaram eles a liderar... até à quarta jornada, quando perderam com o Rio Ave (3-1) e foram ultrapassados pelo Benfica, que nessa ronda bateu o Boavista (3-0).

isaura.almeida@dn.pt

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