Avto Ebralidze. Geórgia “vai parar” à espera de vitória "incrível” sobre Portugal
Avto Ebralidze é internacional georgiano e joga no Leixões. Ainda ontem estava em Tiblíssi de férias, mas hoje já está em Barcelos, terra natal da mulher, Cláudia, onde irá assistir ao Portugal-Geórgia, um jogo que, segundo o extremo, de 32 anos, que joga em Portugal desde os 16, pode ser “o mais importante da história do futebol georgiano”, que se estreia em fases finais neste Euro 2024. Um triunfo pode apurar a seleção orientada pelo francês Willy Sagnol para os oitavos de final.
“O país vai parar para ver o jogo com Portugal. Uma vitória pode apurar-nos, o que seria incrível. Eu acredito, tenho de acreditar. Temos feito bons jogos e, se mantivermos a organização defensiva do último jogo, com a Rep. Checa (1-1), acredito que possamos vencer. Não será fácil, pois Portugal é muito forte. Com o primeiro ou o segundo onze será sempre muito difícil”, disse ao DN, destacando o guarda-redes do Valência, Giorgi Mamardashvili, para além da estrela Khvicha Kvaratskhelia, que ontem falou do “sonho que se pode tornar realidade” e no desejo de trocar de camisola com Cristiano Ronaldo.
A jogar o Europeu pela primeira vez, a Geórgia ganhou uma vaga pela via da Liga das Nações. “O apuramento foi a nossa maior vitória. Estar no Euro 2024 é um feito incrível, mas não fomos fazer de figurantes e vamos querer disputar o resultado com Portugal”, assumiu Avto, que, como jogador do Gil Vicente, conseguiu cumprir o sonho de jogar na sua seleção. Estreou-se a 15 de outubro de 2013, com a Espanha (derrota 0-2), e soma oito internacionalizações. Segundo contou ao DN, o Euro 2024 “está a ser vivido com muita alegria” em toda a Geórgia, onde todos são adeptos de futebol e de râguebi (tem travado grandes duelos com Portugal). Amanhã, Avto voltará a torcer pela seleção portuguesa, que acredita poder ser campeã da Europa.
Nasceu em Tbilíssi, onde começou a jogar nas ruas, e aos seis anos foi para as escolinhas do Dinamo Tbilissi, um dos grandes clubes georgianos. Mas com 16 anos e a falta de oportunidades trouxeram-no ao encontro do pai, emigrado em Lagos, no Algarve. “Queria jogar futebol e pensei que em Portugal teria mais oportunidades de me tornar profissional. Consegui um lugar no Esperança de Lagos e dei início ao sonho”, contou ao DN.
Ainda júnior, despertou o interesse do Getafe, mas ser estrangeiro não o ajudou a fixar-se em Espanha e regressou a Portugal para alinhar no Juventude de Évora, onde ficou “maluco” com a boa comida, apesar do prato preferido ser francesinha. De Évora partiu para a UD Oliveirense, onde João de Deus o ajudou “a chegar a um nível superior”. O técnico, hoje adjunto de Jorge Jesus no Al Hilal, chamou-o para o Gil Vicente: “Foi mesmo no último minuto do último dia de mercado, tudo a correr. E consegui. Estava na I Liga e era jogador profissional com 21 anos. Estreei-me frente ao FC Porto.”
Foi em Barcelos que conheceu a mulher e chegou à seleção, antes de percorrer o país a jogar futebol. Já representou Académico de Viseu, Desp. Chaves, Nacional e Leixões, pelo meio o Anorthosis, do Chipre, onde nasceu o filho, Mateo, de dois anos, que já quer “chutar a bola” e que hoje “estará vestido com os equipamentos da Geórgia e de Portugal”.
isaura.almeida@dn.pt