Adiamento no Nacional-Benfica. “No mínimo adeptos deviam ser ressarcidos”
O adiamento do Nacional-Benfica, da 8.ª jornada da I Liga, devido ao nevoeiro que se abateu sobre o Estádio eng. Rui Alves levantou várias questões antigas, incluindo os direitos dos adeptos, que no “mínimo” deviam ser ressarcidos no valor das despesas, segundo a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA), cuja presidente Martha Gens lamentou ao DN que os fãs “fiquem esquecidos” no meio dos interesses das entidades que organizam as competições. “Os adeptos são uma clientela fiel, independentemente do que acontecer estão sempre lá, mas nunca são prioritários”, sublinhou.
“Um adepto em Portugal só é respeitado se se transformar num telespectador” e ficar em casa a ver os jogos na televisão, acrescentou a porta voz dos adeptos portugueses. Só assim terão acesso a melhores condições e “não apanham chuva e não são intimidados”, podendo “usar os símbolos dos seus clubes sem serem condicionados” na segurança das suas salas de estar.
Para Martha Gens, “em Portugal é difícil falar de direitos dos adeptos” e dá alguns exemplos: “Começando pelo próprio Estado, que aboliu a liberdade de expressão dos estádios. A Liga Portugal quer levar as finais de competições para outros países, subtraindo o direito natural dos adeptos poderem marcar presença nos jogos dos seus clubes. Sem falar nas autoridades que, literalmente, fazem o que querem dos adeptos. Mesmo numa perspetiva geral, é difícil para nós comungar a palavra direitos e adeptos na mesma frase - dá ideia de um cenário de ficção em Portugal - algo que na verdade, nem existe.”
Falar de medidas de exceção legislativa para quem se desloca à Madeira ou Açores não é solução para a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, que defende que um adepto que vai de Chaves a Faro também devia, “no mínimo” ser ressarcido no valor do bilhete como no valor da despesa de deslocação em caso do encontro ser suspenso.
Horário: culpa ou mito?
Se para uns as condições climatéricas, que levaram a adiar 17 jogos em mais de 400 realizados este século na Choupana, são imprevisíveis, para outros o problema está na remarcação das partidas. Dificuldade que advém do preenchido calendário competitivo que impede que um dos clubes, o Benfica, entre pausas para as seleções, campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e a Liga dos Campeões, só permita que o jogo interrompido aos oito minutos seja retomado a 19 de dezembro.
A maioria dos jogos suspensos devido ao nevoeiro estava agendado para os três meses de inverno, mas também houve encontros suspensos em outubro e março. E o horário em que foram retomados os encontros adiados também esbate o argumento da hora. A maioria tinha hora de início marcado entre as 15.00 e as 18.00, mas também houve partidas matinais, como a receção ao Tondela e ao FC Porto B previstos para as 11.00, suspensas pelo mesmo motivo. Assim como algumas partidas noturnas, como as receções ao V. Guimarães (21.15) em 2008 e ao Benfica (20.30) em 2016.
Questionada pelo DN, sobre se pretende avançar com alguma medida para evitar que os adiamentos devido ao nevoeiro/mau tempo, nos Açores e na Madeira, mas em especial na Choupana, se repitam com tanta frequência, a Liga Portugal, informou que não irá “tecer qualquer outro comentário, além do comunicado já emitido” e que refere que “devido às condições climatéricas, os clubes e a Liga Portugal acordaram, de forma célere e unânime, remarcar o jogo para 19 de dezembro, às 17.00”.
Uma data prevista para a Taça de Portugal e que obrigará a um acordo com a Federação Portuguesa de Futebol, caso os clubes cheguem a essa fase da prova.
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