A vitória do Qatar e a sua final de sonho, com o embate de titãs entre Messi e Mbappé
As estrelas do PSG dominam atenções na final do Mundial 2022. Argentino procura título no adeus à seleção e o francês o segundo título seguido aos 23 anos! Quem vencer levará, por certo, o The Best para casa em janeiro.
É a final de sonho para o organizador do Mundial 2022. Ter Lionel Messi (Argentina) e Kylian Mbappé (França) a disputar hoje (15.00, Sport TV1) o troféu Jules Rimet é uma vitória para o Qatar. O argentino e o francês jogam juntos no Paris Saint-Germain (PSG), clube que é propriedade do fundo Qatar Sports Investments, detido por Nasser al-Khelaifi e subsidiária do fundo estatal Qatar Investment Authority (QIA). A compra do emblema parisiense foi, aliás, moeda de troca num elaborado esquema que convenceria Michel Platini a mudar o sentido de voto e apoiar a candidatura de Doha ao Mundial 2022.
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Se não consegues produzir talento contrata-o. E milhões não faltaram para idealizar aquele que a FIFA já nomeou de melhor Campeonato do Mundo de sempre. No dia 2 de dezembro de 2010 a FIFA anunciou que o Mundial 2022 iria ser no Qatar. Uma decisão polémica (pela questão dos direitos humanos) e insólita, uma vez que o país não tinha tradição futebolística, a seleção tinha um ranking muito baixo (137.º lugar), além de isso obrigar a restruturar os calendários mundiais porque teria de se jogar no inverno. A corrupção também fez parte desta complicada equação. Os milhões de euros envolvidos na atribuição do maior evento futebolístico ao Qatar fez rolar cabeças, incluíndo a de Michel Platini, a figura central.
O francês, na altura presidente da UEFA e candidato a liderar a FIFA, retirou o apoio à candidatura dos Estados Unidos para influenciar os membros do comité a votarem no Qatar, após um pequeno-almoço no Eliseu promovido pelo então presidente Nicolás Sarkozy com o príncipe e atual emir, Tamim bin Hamad Al-Thani , que prometeu reforçar os investimentos em França, incluindo a aquisição do PSG. O Qatar venceu, o emblema do Parque dos Príncipes foi comprado em 2011 por Nasser al-Khelaifi (amigo de infância do emir), que seis anos depois avançou com 180 milhões de euros para adquirir a estrela do futuro, que brilhava no Mónaco, e oferecer-lhe um contrato de cinco anos para garantir que chegaria ao Mundial 2022 como atleta do PSG.
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Mas, como os contratos no futebol europeu são válidos até junho, o avançado ficou livre no verão, usando o interesse do Real Madrid para forçar o clube (refém dessa ideia de o ter no Qatar 2022 como jogador do PSG) a dar-lhe o maior contrato da história do futebol e garantir que continuaria a jogar pelos parisienses ao lado de Lionel Messi, contratado em 2021. E assim, 12 anos depois, o investimento no Mundial, que pode ter superado os 500 mil milhões de euros (só na construção dos estádios foram gastos 220 mil milhões), foi recompensado com uma final entre as duas maiores estrelas do PSG. Por isso, ganhe Messi ou Mbappé, o Qatar sairá sempre a ganhar da final do Mundial 2022.
Também por isso, hoje, o Estádio Lusail recebe mais do que um duelo entre França e Argentina. Trata-se de um confronto titânico entre a magia e a genialidade duradoura de Messi e o talento explosivo e enfático de Mbappé. Quem não torce por franceses e argentinos torce a favor ou contra... Messi. Conseguirá o camisola 10 argentino consolidar o estatuto de melhor do Mundo e ganhar vantagem sobre Cristiano Ronaldo na eterna questão sobre quem é o melhor da era moderna e talvez o melhor de sempre (aí a discussão é alargada a Pelé e Maradona) ou será Mbappé a chamar a si o início de uma nova era? O francês já é mais do que uma promessa e até já é campeão do Mundo (2018), coisa que Messi e Ronaldo ainda não conseguiram. Apesar disso, Mbappé ainda não saiu da sombra mediática da estrela e a nível desportivo, no que diz respeito a troféus de clubes (Messi tem quatro Champions e Mbappé procura a primeira). Contudo, o avançado francês faz amanhã 24 anos e pode hoje tornar-se no bicampeão mundial mais jovem depois Pelé.
Estão em fases distintas da carreira. Com 35 anos Messi fará hoje o jogo 172 pela seleção. Já tinha anunciado o adeus à albiceleste antes de começar o Campeonato do Mundo e quer despedir-se com o troféu nas mãos e desequilibrar mais um tira-teimas a nível interno. Para muitos argentinos, Diego Maradona foi melhor do que Messi porque ganhou um Mundial quase sozinho (México 1986)... hoje se verá o que faz o herdeiro. No Qatar, Messi já igualou Batistuta como melhor marcador da Argentina em mundiais (11 golos) e tornar-se-á hoje o jogador com mais jogos em Mundiais (26).
O golo à Croácia (3-0) nas meias-finais permitiu-lhe ainda chegar aos cinco golos no torneio, igualando Mbappé na lista de melhores marcadores. O francês também brilhou nas meias-finais ao contribuir com um golo no triunfo de França sobre Marrocos (2-0). Hoje fará o jogo 66 pela seleção e se vencer desequilibrará a balança para o lado dele... em janeiro, quando a FIFA atribuir o The Best 2022. Aqui, Kylian poderá vencer a primeira distinção, Lionel já tem sete!
isaura.almeida@dn.pt
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