Zaniolo tirou o chapéu a Mourinho, único técnico com os 3 troféus atuais da UEFA
José Mourinho, the only one! A AS Roma venceu esta quarta-feira o Feyenoord (1-0) e conquistou a Liga Conferência Europa, ajudando o treinador português a somar mais um troféu: o 26.º da carreira e o quinto europeu, que o coloca na história como o único técnico que já venceu as três competições atuais da UEFA, depois de ter conquistado a Liga dos Campeões (FC Porto, em 2004, e Inter, em 2010) e a Liga Europa (FC Porto, em 2003, quando se chamava Taça UEFA, e Manchester United, em 2017).
Habituado a estar entre os melhores, a Liga Conferência era a realidade atual de Mourinho, que procurava recuperar o toque de midas ao serviço do histórico emblema romano. E conseguiu-o com um golo de Zaniolo e dois voos de Rui Patrício, que impediram o empate dos neerlandeses. E assim, 14 anos depois, a AS Roma voltou a erguer um troféu (último tinha sido a Taça de Itália, em 2008), que é também o primeiro europeu para o futebol italiano desde que Mourinho venceu a Champions com o Inter (2010).
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A final não foi eletrizante, mas serviu o propósito romanista e "Mourinhista". Por muito boa que seja a estratégia dos treinadores, por vezes o desenrolar do jogo tem outros planos e obriga-os a alguma "ginástica". Foi o que aconteceu com Mourinho, que apostou no recuperado Mkhitaryan e deixou Sérgio Oliveira no banco de suplentes... mas só por 18 minutos. Foi esse o tempo que o arménio aguentou em campo antes de pedir a substituição e dar a vez ao português.
Com o passar dos minutos, as linhas de pressão subida do Feyenoord, que obrigaram os romanos a erros primários no passe e controlo de bola no início do jogo, foram sofrendo infiltrações calculistas. Zaniolo dava que fazer com as acelerações fortíssimas que o caracterizam, mas o recurso à falta para o travar foi uma arte que os neerlandeses usaram com (relativa) sabedoria. Com um jogo muito cerebral e longe das balizas, não se viu um lance de finalização até aos 36 minutos. E que finalização: um pequeno chapéu de Zaniolo ao guarda-redes adversário, num toque subtil, naquele que seria mesmo o único golo do jogo.
A primeira parte acabou com uma vantagem magra da AS Roma e isso era um bom indicador (ou presságio) para o treinador português, uma vez que as suas equipas foram sempre para intervalo com vantagem de 1-0 nas quatro finais europeias que já tinha disputado e conquistado.
No regresso dos balneários, Trauner resolveu abanar as coisas e o poste tremeu para impedir um autogolo de Mancini. Na recarga, Guus Til obrigou Rui Patrício a brilhar com uma palmada a desviar a bola da baliza e assim impedir o empate. Depois de 45 minutos a ver jogar, o guardião português foi chamado a fazer duas intervenções monstruosas. Tyrell Malacia nem queria acreditar no voo do português.
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Com Pellegrini a fazer jogar, a AS Roma podia ter chegado ao 2-0 quando Senesi agarrou Abraham, quando este estava a ficar isolado. O árbitro não viu e mandou jogar para desespero dos romanos, que pediam falta e vermelho para o defesa neerlandês. Nesta altura, o Feyenoord tinha mais posse de bola e o triplo dos remates, mas menos um golo. Foi isso que o técnico setubalense lembrou a Sérgio Oliveira e Cristante quando pediu para terem atenção a quem aparecia nas costas. E foi por isso que meteu Veretout e jogou à italiana com um trinco à frente dos centrais para ajudar a limpar o jogo aéreo. Era preciso aguentar o forte quase meia hora e aguentaram dando uma lição de bem defender à italiana.
Se o jogo era em Tirana (Albânia), o que faziam 50 mil adeptos (mais do dobro da capacidade do estádio da final) no Olímpico de Roma? Viam o jogo nos ecrãs gigantes e só não dormiram nas bancadas à espera da equipa porque não era permitido. O clube abriu as portas ao adeptos e ajudou a criar um ambiente de apoio tiffosi a quase 700 km de distância do palco da final. E mais festa se fez depois nas ruas de Roma.
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isaura.almeida@dn.pt