Um Verão cinematográfico para (re)descobrir os clássicos

No panorama das salas escuras, este Verão um dos principais destaques continua a ser a reposição de alguns títulos clássicos do cinema francês

As últimas notícias sobre o mercado cinematográfico português indicam que houve uma baixa de frequência em relação a 2017: no primeiro semestre deste ano, houve menos 1,3 milhões de espectadores a comprar bilhetes (uma quebra de 17% face aos números do ano anterior).

Na linha da frente do Verão cinematográfico, assistimos, assim, ao triunfo de uma mesma lógica (ou falta dela): por um lado, apenas os "blockbusters" americanos ("bons" ou "maus", não é isso que, nesta perspetiva, está em causa) gozam de genuínas campanhas promocionais; por outro lado, muitos títulos que estavam "na gaveta" são lançados nas salas com uma proteção promocional à beira do zero.

Daí também as habituais vítimas comerciais e mediáticas. Por exemplo, esse filme extraordinário que é No Coração da Escuridão, de Paul Schrader. Não haverá objeto mais atual: nele encontramos a saga de um sacerdote (Ethan Hawke) que se confronta com os dilemas da fé, o papel social da religião e, em última instância, as tensões da América contemporânea. Será que esse filme está a encontrar o seu público potencial?

Enfim, não simplifiquemos. Até porque há também um grande "blockbuster" em exibição: Missão Impossível: Fallout, com o "velho" Tom Cruise a bater aos pontos todos os heróis juvenis. E registemos a estreia de Teen Titans Go! O Filme, uma proposta de comédia que nos permite, pelo menos, supor que há mais mundos de "super-heróis" para além do domínio da Marvel: esta é uma adaptação de uma série televisiva de animação com chancela dos estúdios Warner.

Dito isto, não nos esqueçamos que este tem sido um Verão para uma (re)descoberta de alguns clássicos da produção francesa. Atualmente, estão em exibição A Mulher do Padeiro (1938), de Marcel Pagnol, exemplo modelar de um realismo "romanesco", Aquela Loura (1952), de Jacques Becker, título central na carreira de Simone Signoret, Helena e os Homens (1956), com a sublime Ingrid Bergman, uma das obras-primas com que Jean Renoir nos fez acreditar que a felicidade existe, e Fim de Semana no Ascensor (1958), de Louis Malle, com Jeanne Moreau, título emblemático dos tempos fundadores da Nova Vaga. Além do mais, importa também sublinhar que o filme de Malle tem uma admirável banda sonora assinada por Miles Davis - eis um breve e eloquente exemplo.

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