A cerimónia decorreu no Lincoln Center, em Nova Iorque, e teve Ariana de Bose como anfitriã, pelo 3.º ano consecutivo. 
A cerimónia decorreu no Lincoln Center, em Nova Iorque, e teve Ariana de Bose como anfitriã, pelo 3.º ano consecutivo. Theo Wargo / Getty Images via AFP

The Outsiders e Stereophonic vencedores dos prémios Tony

Edição deste ano distinguiu ainda 'Merrily We Roll Along', o musical de Sondheim que foi um flop quando estreou em 1981 e mais de quatro décadas depois tem a sua redenção.
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O musical The Outsiders e a peça Stereophonic, que conta a história de um grupo musical dos anos 1970, foram os grandes vencedores dos prémios Tony, os principais galardões do teatro nos Estados Unidos, que tiveram lugar no domingo à noite em Nova Iorque (madrugada de ontem em Lisboa).

A Broadway celebrou o que por lá se faz de melhor numa cerimónia que decorreu no Lincoln Center e que teve Ariana de Bose como anfitriã, pelo terceiro ano consecutivo. 

The Outsiders, adaptação do romance de S. E. Hinton sobre uma luta de classes entre dois gangues de dois liceus no Oklahoma dos anos 60, levou para casa o prémio de melhor musical - o quarto da noite, depois de melhor realizador, melhor iluminação e melhor design de som. “A sociedade muda mas a experiência de ser um outsider é universal”, afirmou Angelina Jolie, que é uma das produtoras do espetáculo, ao introduzir a atuação do elenco, que incluiu uma aparatosa cena de luta. “Para qualquer jovem, para qualquer pessoa que se sinta marginalizado, não é errado ver isso como injustiça, não está errado querer encontrar o nosso próprio caminho”, acrescentou Jolie.

A produtora Angelina Jolie rodeada do elenco de The Outsiders.
Getty Images via AFP

Stereophonic, escrito por David Adjmi, ganhou o prémio de melhor peça de teatro. Conta a história do making of do álbum de uma banda de rock fictícia, com músicas de Will Butler, antigo Arcade Fire. O espetáculo venceu cinco prémios, incluindo melhor ator e melhor realizador, depois de ter feito história como a peça mais nomeada de sempre, com 13 nomeações. 

Um verdadeiro flop quando estreou pela primeira vez em 1981, Merrily We Roll Along, de Stephen Sondheim, que conta, do fim para o princípio, a complicada relação entre três amigos, conseguiu agora a redenção ao vencer quatro prémios, entre os quais melhor revival de um musical. As estrelas Jonathan Groff e Daniel Radcliffe, o eterno Harry Potter, viram as suas atuações serem distinguidas. 

Os atores de Merrily We Roll Along: Lindsay Mendez rodeada por Daniel Radclffe e Jonathan Groff, ambos distinguidos com um Tony.
AFP

A vitória  de The Outsiders como melhor musical foi uma surpresa para Hell’s Kitchen, um musical jukebox vagamente baseado na vida da cantora pop Alicia Keys, que ganhou prémios para a atriz principal Maleah Joi Moon e para a atriz secundária Kecia Lewis. A própria Alicia Keys subiu ao placo com o elenco para interpretar o seu mega êxito Empire State of Mind, ao qual não faltou um cameo de Jay-Z, que rappou a sua parte do exterior do teatro, onde Keys se juntou a ele para o final da canção. 

Sarah Paulson venceu o Tony de melhor atriz numa peça de teatro para o seu desempenho no drama familiar Appropriate, que venceu também melhor revival de uma peça de teatro.

Jeremy Strong, o Kendall Roy da série Succession, venceu o prémio de melhor ator numa peça com o seu papel em An Enemy of the People, de Henrik Ibsen. 

O teatro como “lugar seguro”

Este foi um regresso às origens para os Tony depois do ano passado, quando a cerimónia televisiva quase não aconteceu devido à greve dos argumentistas. No final das contas, o espetáculo acabou por avançar - se improviso. 

Este ano, destaque para uma versão escaldante de Wilkommen, do musical Cabaret, protagonizada por Eddie Redmayne, e para as acrobacias de alto voo do elenco do musical de circo Water for Elephants.

As estrelas da Broadway Audra McDonald, Brian Stokes Mitchell e Bebe Neuwirth juntaram-se para um tributo a Chita Rivera, que morreu em janeiro, aos 91 anos. De Bose dançou um trecho de West Side Story na pele de Anita, a personagem originalmente interpretada por Rivera e pela qual DeBose ganhou um Oscar graças ao remake de 2021 dirigido por Stephen Spielberg. 

Ainda durante a cerimónia, Peter Townshend, o lendário co-fundador dos The Who, tocou as notas de abertura da apresentação da ópera rock da banda Tommy.

12,3 milhões de espectadores na Broadway

A Broadway League, a associação comercial nacional do setor, divulgou dados no mês passado indicando que os espectadores do teatro ainda estavam a afluir a Manhattan para assistir a novas produções e ao revival de favoritos consagrados pelo tempo.
Durante a temporada 2023-24, quase 90% dos lugares foram ocupados, um pouco acima da temporada passada, que foi a primeira completa desde a pandemia, informou a associação em comunicado. Isso traduziu-se em 12,3 milhões de espectadores. 

“As manchetes são francamente assustadoras na maior parte do tempo. Mas o teatro é um lugar seguro para todos nós”, disse DeBose no seu monólogo de abertura. “E nos momentos mais difíceis, a arte é imperativa porque a arte reflete a sociedade e dá contexto a situações reais em que nos encontramos hoje.” 

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