The Kooks vão atuar hoje no festival Authentica em Braga. O que nos pode revelar sobre este concerto?Vai ser o nosso último concerto do ano. Por isso, se calhar vamos embebedarmo-nos um bocadinho para celebrar. Estou muito animado por voltar a Portugal, porque já passou muito tempo desde o último concerto. Nós vamos tocar pelo menos uma música nova e isso é bastante emocionante..A música de que está a falar é Jeanie que lançaram este ano com lovelytheband, certo? Sim. A música ficou viral no TikTok, o que é uma coisa nova para nós. Estou muito animado com a música. Escrevi Jeanie há muito tempo e foi uma viagem. Costumo escrever sobre a minha vida e aqui estava a escrever sobre outras pessoas, sobre “lendas desconhecidas”. A letra fala sobre esta menina incrível, que se esforça para ajudar e apoiar a família. E há muitas pessoas lá fora assim e que não são celebradas. Esta música é para essas pessoas..Como surgiu a colaboração com lovelytheband? Foi muito bom trabalhar com eles. Sou um fã deles há muito tempo. No entanto, a colaboração ocorreu remotamente. Nós conhecemo-nos no Instagram. Eu tinha esta música há quatro anos e adoraram-na. Fazer tudo remotamente foi uma experiência nova para mim..Mencionou anteriormente que a música Jeanie está viral no TikTok com mais de 217 mil vídeos . Como lida com este fenómeno? Estava à espera do meu momento no TikTok há algum tempo. Eu estou aberto a este tipo de fenómenos e não quero ficar para trás no caminho do progresso. Também houve todo um processo quando as plataformas de streaming apareceram. Se formos ver bem, o TikTok é a próxima versão disso. A parte divertida desta plataforma é que também acabamos por desafiar as pessoas e a sua criatividade. A música acaba por se tornar quase secundária. Todos os meus sobrinhos usam o TikTok, então, agora tornei-me no tio fixe. Eu acho que a indústria da música precisa de toda a ajuda que conseguir. A música é uma linguagem que transcende países e políticas..The Kooks estão na indústria da música há 20 anos. Qual o maior desafio atual? Quando eu comecei, todas as bandas trabalhavam em pubs. E podíamos só fazer música e ser pagos. Hoje em dia, há uma pressão para ter sucesso nas redes sociais desde cedo. Acho que isso é desafiador porque muitas pessoas querem apenas fazer muitos concertos e escrever músicas. Pode ser difícil no começo..O último álbum que lançaram foi em 2022. Normalmente, qual é o processo de produzir um disco? Muda muito e acho que é algo muito sazonal. Muitas vezes, temos um boom criativo. Outras vezes não temos muita inspiração e nessas alturas fazemos colaborações. Tenho feito muito isso nos últimos anos, provavelmente porque a minha vida mudou. Estou sempre a tentar evoluir e mudar, mas acho que as pessoas têm mais sucesso se estiverem sempre na mesma coisa. No entanto, para me manter emocionado e divertido preciso de mudar. Fala em processo, eu tento sempre ter a certeza que a música está lá antes da gravação. Em termos de processo, eu garanto sempre que a música está feita antes da gravação porque podemos fazer tanto com as técnicas de gravação e fazer uma música soar tão bem..Estão a trabalhar num novo disco? Nós temos um novo álbum que vai sair para o ano que vem. Foi muito desafiante porque tinha de tomar conta dos filhos e não tinha muito tempo. Acho que escrevi o álbum inteiro sozinho em sete dias. Sentei-me no meu pequeno estúdio e escrevi. Depois, fizemos a pré-produção com a banda e gravámos tudo. Para mim, a escrita da música tem que vir de algum lugar. Quero ter certeza de que se pode tocar essa música na guitarra acústica e as pessoas vão senti-la..Sobre este novo disco, que mais nos pode revelar? Nós como banda estamos num lugar bom, saudável e estamos muito próximos criativamente. É um disco muito livre. É um estilo muito rock e pop também com muitas guitarras. Liricamente é também positivo. O mundo está a viver um tempo mau e achei que era bom termos músicas românticas, positivas. Estamos a tentar dar às pessoas 40 minutos para esquecerem o mundo e se divertirem..É essa mensagem que quer passar a quem vos ouve? Com certeza! O disco é também sobre gratidão. Estou numa altura da minha vida em que estou a sentir gratidão pelas coisas simples. Acho que talvez as pessoas se relacionem com isso. Se temos comida na mesa, água corrente e temos amor, devemos estar gratos. Sei que parece cliché, mas é verdade. Mal posso esperar para tocar este álbum ao vivo..Estão neste momento em digressão. Como se costumam preparar? Nós não nos preparamos muito. Não somos o tipo de banda que passa semanas a tentar que seja tudo perfeito. Acho que quando estamos no palco devemos compartilhar uma experiência com o público. É algo muito elétrico e de música livre. Podemos mudar as coisas de um momento para outro. Não pensamos demais. As pessoas pagam bastante dinheiro para vir aos concertos e nós queremos que elas se sintam livres..Alguma mensagem para os fãs portugueses? Desculpem não termos voltado mais cedo. Gostamos muito de Portugal. Estamos a trabalhar muito para vos trazer boa música nova. E obrigado por ouvirem a banda durante 20 anos. Algumas pessoas provavelmente descobriram-nos no TikTok agora, o que também é ótimo.