Seleção de Cannes não foi muito amiga do cinema português

A surpresa nacional da Quinzena dos Realizadores em Cannes é a nova curta de Gabriel Abrante e Nuno Lopes também está nas apostas francesas. Cannes 2019 ainda espera que Tarantino feche a montagem de<em> Era uma Vez em Hollywood</em>.
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Depois da seleção oficial e do anúncio da Semana da Crítica, a secção paralela Quinzena dos Realizadores anunciou hoje os seus filmes. Mais uma vez, não há nenhum cineasta português com uma longa, confirmando-se assim a ausência de As Filhas do Fogo, a nova obra de Pedro Costa, que muitos julgavam possível nesta mostra. Este novo filme do nosso cineasta mais internacional tem tudo agora para lutar para a corrida ao Leopardo de Ouro no renovado Festival de Locarno, assim como Variações, de João Maia, título já com estreia marcada em Portugal para 22 de agosto.

Terão sido também eventuais possibilidades os novos filmes de João Nicolau, Tiago Guedes e Gonçalo Waddington. Cannes este ano não foi tão amiga do cinema português, mas há quem estranhe também a ausência de Brian de Palma, com Domino ou The Report, de Scott Z. Burns, com Adam Driver, um dos títulos americanos com mais "cara" de Quinzaine...

Ainda assim, a seleção anunciada pelo novo diretor da Quinzena, Paolo Moretti, parece ter títulos tentadores como The Lighthouse, de Robert Eggers, com Robert Pattinson; Zombi Child, de Bertrand Bonello e Une Fille Facile, de Rebecca Zlotovski, em que Nuno Lopes é um dos protagonistas.

Nas curtas, destaque para a presença de Gabriel Abrantes, com Les Extraordinaires Mésaventures de la jeune Fille de la Pierre, co-produção entre Portugal e França. Recorde-se que na edição passada, o seu Diamantino venceu o prémio máximo da Semana da Crítica. Seja como for, há mais portugueses espalhados pelos outros programas. Na Competição, a O Som e a Fúria, é uma das co-produtoras de Frankie, do americano Ira Sachs, cuja fotografia é de Rui Poças e onde Ana Brandão e Carloto Cotta contracenam com Isabelle Huppert e Marisa Tomei.

No ACID, uma das secções mais marginais na Croisette, há uma outra longa-metragem francesa com produção portuguesa, neste caso da Terratreme. Chama-se Rêves de Jeunesse e é da autoria de Alain Raoust, enquanto que no Un Certain Regard a Rosa Filmes assina também a produção do novo de Albert Serra, cineasta catalão da primeira divisão do cinema mais experimental na Europa. Liberté foi rodado no Alentejo e tem o regresso ao cinema de Helmut Berger.

Quanto a curtas, na Semana da Crítica há duas produções nacionais. A luso-francesa Cristèle Alves Meira assina Invisível Herói (passa primeiro no Festival IndieLisboa), enquanto Sofia Bost apresenta Dia de Festa, com Rita Martins.

Numa altura em que a seleção oficial da competição ainda poderá não estar fechada para ainda receber o muito esperado Era uma Vez em... Hollywood, de Quentin Tarantino, para já o que se pode esperar é um festival que alia a veterania de Ken Loach, Malick, Almodóvar ou os Dardenne, com o sangue novo de cineastas como Celine Sciamma, Justine Triet ou Mati Diop. O certo é que tudo começa sobre o signo zombie, The Dead Don't Die, de Jim Jarmuch. Qualquer festival que arranque com Bill Murray e Tilda Swindon a decapitar mortos-vivos, já está a ganhar.

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