1. HISTÓRIA DOS GATOS, de François-Augustin de Paradis de Moncrif.Edições 70168 páginas.Eis uma boa forma de encetar o nosso estudo informal: datado de 1727, História dos Gatos é um magnífico conjunto de cartas, dirigidas a uma incógnita marquesa, em que o autor disserta eruditamente sobre esses elegantes animais, percorrendo os traços da sua existência – desde o Antigo Egito até aos salões parisienses da época – como original método epistolar em defesa dos felinos. Figura espirituosa da sociedade francesa ao tempo de Luís XV, o dito autor, François-Augustin de Paradis de Moncrif, (1687-1770) surge, de resto, como motivo de curiosidade ele próprio. Na introdução diz-se mesmo que poderemos estar perante uma autobiografia simbólica: afinal, fazer a apologia dos gatos tem o seu quê de reabilitação da imagem daqueles que estimam a independência e os prazeres mundanos. Era o caso de Moncrif. .2. EU SOU UM GATO, de Natsume Sōseki.Editorial Presença416 páginas.Outro belíssimo clássico, desta vez da literatura japonesa, Eu Sou um Gato fala de um bichano sem nome, vindo de um “lugar sombrio e húmido”, que, depois de algumas desventuras, acaba por ser acolhido na casa de um professor com devaneios artísticos, mas falta de talento... Enquanto narrador, o gato torna-se então, nessa era Meiji (1868-1912), um cronista perspicaz e irónico da sociedade em causa, observando os comportamentos à sua volta como quem analisa um Japão em mudança, virtude do contacto com o pensamento ocidental. Daí que esta obra, originalmente publicada em 1905 – que trouxe reconhecimento a Natsume Sōseki (1867-1916) –, contenha um dos retratos mais subtis da espécie humana. “Os homens, apesar do seu grande nome, não irão prosperar eternamente. Bah! Paciência, e esperemos que chegue a hora dos gatos.” .3. O GATO QUE NOS VISITOU, de Takashi Hiraide.Editorial Presença128 páginas.Ainda em matéria de romances japoneses, o contemporâneo O Gato que Nos Visitou surge como uma pequena pérola que produz emoções a longo prazo. É a história do felino que conquistou o seu espaço na casa de um jovem casal – à partida, não especialmente amante de gatos –, apesar de pertencer aos vizinhos. Por isso mesmo, uma narrativa (ambientada no final da década de 80, início dos Anos 90, com uma crise imobiliária pelo meio) sobre a delicada aprendizagem em torno da presença de um animal tão misterioso quanto instigador de afetos, que a ordem do quotidiano trata de consolidar. Um bestseller internacional, de Takashi Hiraide, gerador de um efeito semelhante ao do seu, ou sua, protagonista: “Subitamente, estávamos unidos por um fio invisível: Chibi, a gata”. .4. A VIAGEM DO GATO ZEN, de James Norbury.Edição Iguana176 páginas.Este é um livro para degustar à sombra, partilhar a leitura com alguém e, sempre que apetecer, revisitar os seus fabulosos desenhos. Concebido pelo ilustrador galês James Norbury, especialista em zoologia, A Viagem do Gato Zen segue a demanda dessa personagem do título pela paz e sabedoria infinitas, que lhe dizem ser possível encontrar num pinheiro antigo, nas profundezas da floresta. Uma jornada que o Gato Zen inicia tendo em mente a lição que aprendeu, em pequenino, com um dragão... No interior desta suave edição de capa dura descobrimos, pois, os vários interlocutores que se cruzam com o “viajante espiritual”, enquanto o próprio acumula experiências para a vida. Cada página, uma delícia serena. .5. COMO DOMESTICAR UM HUMANO, de Barbara Capponi.Edição TopSeller144 páginas.Para algo completamente diferente, Como Domesticar um Humano – Guia Para o Gato Moderno será das leituras mais divertidas dentro do notável género “viver com lordes de garras e bigodes”. Uma autêntica máquina trituradora das ilusões de quem acha que manda no seu gato: se ainda não ficou claro, são eles que nos adestram... Imaginando o próprio gato como leitor, a italiana Barbara Capponi, auxiliada pelas ilustrações de Andrea Ferolla, criou um manual com dicas para felinos que estão a apalpar o terreno dos humanos e a ensaiar a convivência com esses bípedes domesticáveis. Uma perspetiva que, em forma de livro de bolso, coloca os ingénuos donos ao corrente das técnicas de uma conquista inevitável. .6. O ZEN DOS GATOS, de Carla Francis.Edição Albatroz208 páginas.“Alguma vez se perguntou por que razão os felinos nos cafés de gatos do Japão parecem ser muito bem-comportados e estar muito compostos? Este talvez seja, na prática, o conceito a que os japoneses se referem como annei.” Palavra: Annei, letra: A. Em O Zen dos Gatos, há um abecedário para percorrer com gosto. Até Z, a autora Carla Francis organiza histórias e factos que, por assim dizer, ajudam leitores stressados a entrar no estado mental do felino. Uma postura intimamente ligada ao imaginário cultural japonês e à filosofia zen, passível de ser decomposta em conceitos-chave que trazem ensinamentos inestimáveis ao nosso estilo de vida. Apetece até acender uma velinha e respirar fundo ao virar da página... Um gato comum dirá: hora da sesta.