Foi durante um concerto em Beja, já lá vão uns anos, que João Morais, 48 anos, se apaixonou pela sonoridade da viola campaniça. Guitarrista reconhecido nos meios mais underground do rock nacional, enquanto membro de bandas como os Corrosão Caótica, Carbon H ou Gazua, trouxe uma com ele para Lisboa e foi com ela que cumpriu o sonho antigo de criar um som próprio, "que imediatamente fosse reconhecido como português". Através do rock, literalmente na sua vertente mais punk, ganhou o gosto e o desejo de querer explorar a sonoridade de todas as guitarras, "fossem elas americanas ou japonesas", mas foi só após conhecer Paulo Colaço, "um tocador de viola campaniça", na tal noite em Beja, que João encontrou o trilho há tanto procurado, trocando as voltas a este instrumento tradicional alentejano e trazendo-o para a confusão da grande cidade. O primeiro passo foi dado em 2017, com o aclamado álbum, Longe do Chão, assinado simplesmente como O Gajo, que através de 11 temas instrumentais transportava o ouvinte numa nostálgica viagem por uma Lisboa cada vez mais em vias de extinção, guiado por uma viola campaniça que tanto soava a fado como a punk rock.