Noite de rainhas: a coroação de Billie Eilish em noite histórica para Pabllo Vittar 

Vittar tornou-se na primeira drag queen de sempre a atuar no Coachella. Nicki Nicole foi a primeira argentina e Megan Thee Stallion subiu a temperatura antes de Billie Eilish.

"Isto é tão estranho", disse Billie Eilish. "Eu não devia ser cabeça de cartaz desta m****!", exclamou, sorrindo e pondo-se de cócoras. A cantora de 20 anos olhava para a multidão a perder de vista no icónico festival Coachella, onde foi a principal atração de sábado à noite, e por um momento pareceu duvidar do seu poder de estrela para liderar o cartaz. Mas não foi mais que um momento.

"Estou tão grata por estar aqui e por vocês estarem aqui", continuou. "É um sonho tão grande tornado realidade. Sinto-me doida."

Cantando para uma audiência sobre quem o frio do deserto californiano caiu depois de um dia de calor e vento, Eilish entregou uma performance poderosa, sediada na sua voz inconfundível e na forma polida como a projetou. O ambiente oscilou entre o sombrio e pesado e vibrante e animado, com Eilish visivelmente alegre. Toda a gente dançou e cantou ao som de Therefore I am. Durante Oxytocin, pediu aos fãs que se baixassem para gerar um efeito de antecipação, explodindo em saltos quando deu o sinal. Em Ocean Eyes, pairou sobre a multidão em cima de uma grua, que se movia para a frente e para trás, criando um visual muito interessante. E depois de um dueto acústico com o seu irmão Finneas, em Your Power, disse que era importante proteger as raparigas.

"Quero que nos mexamos sem querer saber de nada nem pensar em nada. Sermos apenas livres nos nossos corpos", já pedira à audiência.

Com Khalid a fazer a segunda aparição da noite para Lovely depois de ter estado em palco com os Disclosure, a surpresa no set de Eilish foi Damon Albarn, ex-vocalista dos Blur. Cantaram Getting Older da cantora e Feel Good Inc. dos Gorillaz, dando mais fogo aos rumores de que estão a colaborar.

A apoteose final, com Happier than Ever, coroou uma rainha que já o era antes de chegar ao palco principal do Coachella - três anos depois de se ter estreado no icónico festival, então com 17 anos e num palco mais pequeno, com alguns tropeções pelo caminho.

A consagração de Eilish aconteceu num sábado de estreias e momentos históricos no regresso do festival. Um deles aconteceu no palco Gobi, onde o ambiente era elétrico quando Pabllo Vittar, a sensação da pop brasileira, entrou a rasgar a sonoridade do seu single Buzina, acompanhada de sete bailarinos. Assim que entoou os primeiros versos, a cantora já estava a fazer história: foi a primeira drag queen de sempre a atuar no Coachella, algo que referiu ao endereçar a audiência. Nas filas da frente havia várias bandeiras do Brasil e só se ouvia falar português, numa mostra clara de apoio dos fãs brasileiros que estão no Coachella. "Perdi a voz", dizia-nos uma jovem, antes do concerto começar. "Estive ontem na primeira fila a ver a Anitta."

Com Pabblo Vittar, a hora de concerto quase não teve paragens. A cantora mostrou um espéctaculo bem montado e coreografado, cantando sucessos como Problema Seu, Bandida, Salvaje ou Flash Pose.

Houve ainda tempo para ter como convidada a nipo-britânica Rina Sawayama para cantar Follow Me, o novo single que as duas lançaram em colaboração.

À hora a que Vittar entrou em palco, a dupla inglesa de música eletrónica Disclosure já estava no final de um set explosivo, que atraiu uma das maiores enchentes desta edição do festival em torno do palco Outdoor Theatre. A energia galvanizante dos irmãos Guy e Howard Lawrence deixou a multidão em delírio, a saltar numa autêntica rave do deserto. Khalid juntou-se à dupla numa aparição surpresa que contribuiu para a atmosfera eufórica da performance.

Com multidões mais pequenas mas igualmente entusiasmadas, a banda francesa L'Impératrice teve uma estreia de sonho no Coachella e Nicki Nicole foi a primeira argentina de sempre a ter um concerto no festival, chegando a emocionar-se com o apoio da audiência que a foi ver à tenda Sonora. A cantora de 21 anos, que lançou o primeiro single em 2019 e foi nomeada para o Grammy Latino de revelação, abriu o concerto com Colocao e mostrou porque é considerada uma artista à beira da explosão. Com uma mistura de pop, latino urbano e algum rap - que exibiu com uma versão da canção de Eminem Lose Yourself -, Nicki Nicole está em ascensão e no próximo verão terá vários concertos em Espanha, incluindo no Primavera Sound de Barcelona.

No palco principal, antes de Billie Eilish houve Megan Thee Stallion, que chegou ao Coachella cheia de fôlego e vontade. Com um visual arrojado e futurista, Stallion estreou uma nova canção no seu set, To Whom It May The F*ck Concern. Deixou o palco quente para Eilish, terminando um segundo dia de Coachella que foi memorável.

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