Nobel da Literatura. Depois do escândalo, Ishiguro vai finalmente ter sucessores

Depois do que aconteceu à Academia Sueca em 2018 com a não atribuição do Nobel da Literatura, os olhares estão postos no novo júri que esta quinta-feira (10 outubro), ao meio-dia, revelará quem serão os novos escritores a merecer o Nobel.

Depois de ter sido entregue a Bob Dylan em 2016, o pior que pode acontecer ao Prémio Nobel da Literatura que agora renasce após o interregno devido ao escândalo de corrupção e assédio no interior da Academia Sueca é ser dado a figuras menores da literatura: Haruki Murakami, por exemplo, e George R. R. Martin, o pior exemplo.

Esta quinta-feira, pelo meio-dia (em Portugal), vai saber-se quem serão os dois galardoados do Nobel literário - ver lista de candidatos em baixo -, o de 2019 e o de 2018. Fala-se de vários nomes: a poeta Anne Carson, a romancista Maryse Condé ou Margaret Atwood. Volta a falar-se de Ngugi Wa Thiong'o e de Adonis. E há os habituais de uma lista de esquecidos e mais merecedores do que os últimos vencedores, como Milan Kundera.

A grande surpresa pode ser a polaca Olga Tokarczuk, que há dois anos recebeu o Man Booker. Uma segunda surpresa é comentada nos bastidores, a de o prémio ser entregue a duas mulheres.

Há quem aguarde pelo reconhecimento de línguas de segunda linha poderosas, a espanhola através de Javier Marías e a portuguesa com António Lobo Antunes. Ou a necessidade de expandir a geografia dos vencedores ao premiar autores asiáticos nunca representados até ao momento, e porque não um iraniano apesar do relativo esquecimento de África?

O que leva à grande questão: o que é a nova Academia pós-escândalo? Apostada em nomes menores ou em valorizar os grandes autores. Esta quinta-feira perceber-se-á se o Nobel se afundou definitivamente com as últimas escolhas, Svetlana Alexievich [2015], o tal cantor [Dylan, 2016] e Ishiguro [2017], ou se volta ao ideal para que foi estabelecido pelo senhor Alfred Nobel.

Ao contrário dos anos anteriores, os prognósticos não são fáceis. Ninguém conhece a orientação do novo painel de jurados, nem como estes deram os passos após a primeira seleção em fevereiro, a conceção de uma pequena lista de favoritos em maio e um verão para lerem as obras de quem continua a esperar uma chamada a partir de Estocolmo para anunciar que é o mais recente membro de uma galeria de escritores galardoados com o Nobel.

O que mudou no júri após a confusão na Academia Sueca foi a contratação de cinco novos membros independentes que vão colaborar nos próximos anos na escolha dos galardoados. Após a resignação de vários membros do anterior júri, este ficou incapacitado para a tarefa por ter menos de 12 opiniões. Após as reformas, a academia garante que está preparada para não repetir os erros que anularam a entrega do prémio em 2018.

Além da memória bem presente das razões que impediram a atribuição do Nobel em 2018, há muitas vozes na Suécia que consideram que essa edição de há um ano deveria manter-se sem um premiado, pois o autor/a a quem couber esse ano ficará com uma nódoa na sua biografia que não é da sua responsabilidade.

Não foi essa a decisão oficial, afinal a academia anunciou que implementou as medidas necessárias para recuperar a credibilidade do prémio e que o escândalo que envolveu a poeta/júri Katarina Frostenson e o marido, Jean-Claude Arnault - acusado de assediar duas dezenas de mulheres e preso por dois anos -, não voltará a repetir-se.

Nomes favoritos nas listas de apostas

Anne Carson

Margaret Atwood

Maryse Condé

Olga Tokarczuk

Lyudmila Ulitskaya

Ngugi Wa Thiong'o

Haruki Murakami

László Krasznahorkai

Marilynne Robinson

Péter Nádas

Adonis

Can Xue

Gerald Murnane

Jon Fosse

Mircea Cartarescu

Ya Hua

Ismail Kadaré

Javier Marías

Milan Kundera

Peter Handke

Yoko Tawada

César Aira

Yang Lian

Ko Un

Ernesto Cardenal

George R. R. Martin

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