Morreu Maria Helena Varela Santos, a primeira locutora de continuidade da RTP
Maria Helena Varela Santos estreou-se na RTP em 1956, e abriu as emissões oficiais do seu primeiro canal, em 07 de março 1957, como recorda a história publicada pela televisão pública, na Internet.
Numa entrevista à Antena 1, em 2017, nos 60 anos da RTP, Maria Helena Varela Santos recordou essa data, quando, às 21:30, saudou o país com um "boa noite, senhores espetadores".
Na altura, para apresentar um programa, tinha de o conhecer por inteiro, "tinha de o saber de cor".
"Isto era nos [antigos] estúdios do Lumiar. Havia um pátio muito grande, um terreiro, e ia para aí, andar, passear de um lado para o outro, para decorar o papel, para ver se conseguia ter aquilo tudo colado à memória", recordou.
O rosto de Maria Helena Varela Santos marcou os primeiros anos da televisão em Portugal.
Fazia a locução de continuidade, apresentou o festival da canção inaugural, em 1964, concursos como "Dize Tu, Direi Eu!", e entrou em produções como "O Ladrão de Quem se Fala", sempre desempenhando o seu próprio papel, o de profissional da RTP.
"Nunca deixei de estar nervosa, nunca. Até ao último dia nunca deixei de estar nervosa em frente às câmaras", confessou à Antena 1, em 2017.
Em anos mais recentes, Maria Helena Varela Santos regressou como convidada a programas como "Inesquecível", "Parque Maior" e "Regresso ao Passado".
Filha do fundador da Rádio Ribatejo, o capitão Jaime Varela dos Santos, Maria Helena foi casada com o também apresentador da RTP José Fialho Gouveia (1935-2004).
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou esta segunda-feira a morte da antiga locutora da RTP, classificando-a como "uma mulher indissociável da história da televisão em Portugal".
Na nota de pesar, divulgada pelo Ministério da Cultura, Graça Fonseca recorda que, "tendo-se estreado na RTP em 1956, nas suas emissões experimentais, foi Maria Helena Varela Santos quem primeiro saudou os telespetadores no dia inaugural de emissões regulares da RTP, a 07 de março de 1957, desempenhando, por isso, um papel central na história da televisão em Portugal".
"Foi no seu talento e empenho que a imagem e perfil do locutor de continuidade se sedimentou, como um exemplo que os seus sucessores não deixaram, em parte, de seguir", destaca a governante.
Do percurso de Maria Helena Varela Santos, Graça Fonseca destaca ainda a apresentação da primeira edição o Festival da Canção, em 1964, e de concursos como "Dize Ti, Direi Eu"".
Para a ministra da Cultura, dando "voz e rosto ao serviço público de televisão, quando este dava os seus primeiros passos em Portugal", Maria Helena Varela Santos contribuiu "de forma significativa para a especial ligação entre a televisão pública e os telespetadores".
Graça Fonseca termina a nota enviando "sentidas condolências" à família e amigos de Maria Helena Varela Santos, cujo rosto marcou os primeiros anos da televisão em Portugal.
(Notícia atualizada 5 de maio com declarações da Ministra da Cultura).