Júri do Festival de Veneza pede à Rússia que liberte Oleg Sentsov

Guillermo del Toro e Naomi Watts estão entre aqueles que puseram o foco sobre o cineasta ucraniano em greve de fome desde 14 de maio depois de um julgamento "estalinista", segundo a Human Rights Watch
Publicado a
Atualizado a

O júri da 75.ªedição do festival de Veneza, presidido por Guillermo del Toro - que na última edição dos Óscares foi galardoado por A Forma da Água - e atores como Christoph Waltz ou Naomi Watts, apelaram neste fim de semana ao Kremlin para que não deixe morrer Oleg Sentsov, o realizador ucraniano em greve de fome desde 14 de maio.

Sentsov foi condenado a 20 anos de prisão em 2015, acusado de terrorismo e tráfico de armas, e diz que manterá a sua greve de fome até morrer ou até que um dos cerca de 60 prisioneiros políticos ucranianos seja libertado pela Rússia.

O comunicado lançado por nomes de peso no cinema, e citado pela agência France Presse refere-se ao realizador como "preso e torturado depois de um julgamento onde claramente os direitos da defesa não foram respeitados" e chama a atenção para o facto de o realizador ucraniano já ter perdido 30 quilos. A Human Rights Watch (HRW) definiu o julgamento do cineasta de 42 anos como "estalinista".

Esta não foi a primeira vez que a situação de Sentsov apareceu nesta edição do festival de Veneza. Na semana passada o realizador russo Victor Kossakovsky apelou ao seu país para que não deixasse o cineasta morrer à fome. "Não o podemos esquecer. Têm de escrever, escrever, escrever", disse aos jornalistas. "Temos de lhe dizer que nos lembramos dele."

A mãe de Sentsov enviou em julho uma carta ao Presidente russo, Vladimir Putin, em que pede o perdão do filho, detido numa prisão de segurança máxima no Ártico russo, alegando que Sentsov "não matou ninguém".

O Kremlin respondeu que, de acordo com a lei russa, um perdão só pode ser concedido se for solicitado pelo próprio prisioneiro, sendo que Sentsov não está disposto a fazê-lo, segundo os seus advogados.

Também a União Europeia, Academia de Cinema Europeu e a PEN America, que trabalha no ãmbito literário e de direitos humanos, haviam feito o mesmo pedido.

"Sentsov foi preso por preparar ataques terroristas, não por vandalismo", argumentou já o Presidente russo. A península da Crimeia, recorde-se, foi anexada pela Rússia em maio de 2014.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt