Jornalista Céu Neves recebe prémio de jornalismo

A jornalista Céu Neves venceu o prémio de jornalismo e poder local atribuído pela Associação Nacional de Municípios Portugueses com a reportagem "Um milhão para fazer a da "terra dos índios" a "capital dos doces e das magnólias"".
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O milhão de euros atribuído pelo Orçamento Participativo à aldeia de Vale Domingos despertou a curiosidade da jornalista Céu Neves, que quis ir conhecer de perto o que está a ser feito nesta terra perto de Águeda. Antes de má fama, o lugar quer agora ser conhecido por ter o maior parque de magnólias do mundo e uma feira de gulodices. Foi este o ponto de partida da reportagem "Um milhão de euros para fazer da "terra dos índios" a "capital dos doces e das magnólias"", originalmente publicado a 11 de novembro de 2018, que a Associação Portuguesa de Municípios (ANMP) acaba de premiar.

"A escola fechou, não por falta de alunos mas devido ao insucesso escolar. As casas estão concentradas junto à rua principal, com um bairro social e dois de ciganos nos extremos. No meio, um terreno que até há oito anos tinha prefabricados abandonados e mato, esconderijo para o produto de roubos. Os de fora preferiam não se aproximar, chamavam-lhe a "terra dos índios" (...) A autarquia queria ali construir mais um bairro social e a população, discordando, em vez de protestar, apresentou ideias", escreveu Céu Neves no seu texto, primeiro prémio de jornalismo e poder local da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

"Foi um trabalho que gostei muito de fazer, porque vi um conjunto de pessoas que estavam a fazer a diferença numa terra mal-vista", diz a jornalista. "Há uma pessoa, Ricardo Pereira, que consegue congregar os esforços de várias comunidades de uma aldeia, que as consegue juntar, independentemente das suas origens, etnias e interesses, concorrer ao Orçamento Participativo e assim mudar a realidade social".

Depois de ter vencido o Orçamento Participativo para criar o parque das magnólias, a aldeia de Vale Domingos recebeu mais 250 mil euros para organizar a Feira das Lambarices, um evento que deverá acontecer no outono. Ao todo, angariaram já um milhão de euros para estes projetos.

"Este prémio faz-me acreditar que é importante contar as histórias das pessoas, que não estão na ordem do dia, mas que fazem a diferença no local. Eles estão a mudar a terra e a vida das pessoas", acrescenta a grande repórter do Diário de Notícias.

Este prémio da Associação de Municiípios junta-se a uma menção honrosa, em 2017, da mesma organização, para um conjunto de reportagens sobre desertificação, publicados em abril de 2016. Céu Neves recebeu ainda o Prémio Norberto Lopes 2000/2001, da Casa da Imprensa, com o conjunto de trabalhos sobre a Qualidade de Vida nas Cidades e Qualidade de Vida nas Áreas Metropolitanas e o Prémio de Jornalismo "Pela diversidade, contra a discriminação" da União Europeia, em 2007, e de Portugal, em 2010, pela reportagem "Portugueses alimentam escravatura na Europa" realizada na Holanda e publicada nos dias 10 e 11 de Junho de 2007.

TSF também foi premiada

O 1.º lugar foi atribuído ex-aequo ao trabalho do Diário de Notícias e ao trabalho "A Sophia de que o people lá do bairro gostava", de João Pedro Pincha, para o Público. O mesmo jornalista assina a reportagem "Saudades lá do bairro", que mereceu uma menção honrosa da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

Na categoria de rádio, o primeiro lugar foi para a jornalista Bárbara Baldaia por "Eles que se atrevam", para a TSF (que, como o DN, pertence à Global Media). A sonoplastia é de Joaquim Dias.

"Cidade Imaginada", de José Guerreiro, com sonoplastia de Rui Soares e música original de Paulo Cavaco e Bruno Fonseca, para a Antena 1, e "Caminhos d"El Rei" , de Paulo Anastácio, com sonoplastia de Paulo Reis, receberam a primeira e segunda menção honrosa.

Na televisão, "O Renascer das cinzas: um ano depois", de Catarina Canelas, com imagem de Romeu Carvalho e edição de imagem de Pedro Guedes, que passou na TVI recebe o primeiro prémio. A 1.ª (e única) menção honrosa da ANMP foi para o trabalho "1 anos na Terra Queimada", com imagem de Sandro Garcia.

Dois prémios numa semana

Também esta semana, a história do jornalista do DN Ricardo J. Rodrigues e do fotojornalista da Global Imagens Rui Oliveira sobre refugiados e migrantes que são caçados, como se fossem animais, por milícias armadas, na Bulgária, recebeu uma menção honrosa no Prémio AMI Jornalismo Contra a Indiferença.

De férias, Ricardo J. Rodrigues e Rui Oliveira acabaram "na mais discreta fronteira da União Europeia" a fazer uma reportagem sobre refugiados e migrantes que são caçados, como se fossem animais, por milícias armadas e elogiadas pelo executivo búlgaro, um estado-membro europeu.

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