Super Rock e Marés Vivas, festivais gémeos separados à nascença

Um a norte e outro a sul, dois dos maiores festivais de música do país voltam a coincidir no mesmo fim-de-semana, reunindo entre os dois mais de cem mil pessoas.
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No ano em que cumpre 25 edições, o Super Bock Super Rock parece estar de volta aos bons velhos tempos, quando era o festival que ditava as tendências do mercado em Portugal. Não só por estar de regresso a um local mítico da sua já longa história, a Herdade do Cabeço da Flauta, junto ao Meco, como por ter voltado a esgotar a lotação do recinto, com capacidade para 30 mil pessoas - ainda que para já apenas num só dia, o primeiro.

Ao longo de um quarto de século já foram muitas as metamorfoses vividas pelo Super Rock, que em 1995 deu início à idade moderna dos festivais de música em Portugal, com dois dias de concertos na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, ao som de nomes como The Jesus and Mary Chain, The Cure, Faith No More, Therapy ou Morphine - um verdadeiro cartaz de luxo para a época. Só à beira Tejo conheceu três localizações diferentes, chegou a distribuir-se por diversos palcos de Lisboa, a longo de vários dias, realizou-se em estádios e até se multiplicou por outras cidades, como Porto, Luanda ou Madrid. Foi no entanto no Meco, para onde regressa este ano, depois de outros tantos a realizar-se no Parque das Nações, que conheceu alguns dos maiores momentos de glória, a som de nomes como Arcade Fire, The Strokes, Eddie Vedder e especialmente Prince, numa das mais memoráveis (e concorridas) noites da, então, já longa história deste festival.

Como é hábito, a edição deste ano arranca já esta quinta-feira, tendo como indiscutível cabeça-de-cartaz a americana Lana del Rey, também ela de regresso ao Meco, o local onde em 2012 se estreou nos palcos portugueses. Com quatro palcos em funcionamento, há no entanto muito mais para ver neste primeiro dia, como é o caso de Cat Power, Metronomy, Jungle, Marlon Williams ou os portugueses Branko, Dino D"Santiago ou Conan Osiris. Já na sexta, 19, as atenções repartem-se entre nomes tão diferentes como Phoenix, Kaitranada, Charlotte Gainsbourg, Calexico and Iron & Wine ou Capitão Fausto. No dia seguinte, sábado e apesar da presença de gente Disclosure, Masego ou Profjam, os protagonistas serão os rappers Migos e a nova diva Janelle Monáe. Pelo meio e como era tradição, haverá sempre tempo para dar um mergulho e apanhar um pouco de sol nos areais do Meco, espera-se é que com menos pó e trânsito que antigamente. Como é hábito, os portadores de pulseira para os três dias, têm direito a um espaço de acampamento gratuito, situado junto ao recinto do festival.

Um festival para toda a família

Quando surgiu, em 1999, de forma bastante artesanal, com concertos de gente como Rui Veloso, Blind Zero, Clã, Da Weasel ou Blasted Mechanism, que atuaram durante o verão em vários locais do grande Porto, Poucos imaginariam que, 20 anos depois, o Marés Vivas seria um dos maiores festivais de música do país. No ano seguinte, mudar-se-ia para Vila Nova de Gaia, onde continua a realizar-se, tendo como cabeças-de-cartaz novamente e apenas a prata da casa: GNR, Ornatos Violeta, Santos e Pecadores, e Xutos e Pontapés. As estrelas internacionais só começariam a chegar em 2001, com a presença de Jon Spencer Blues Explosion, Yo La Tengo, Guano Apes ou Fun Lovin Criminals, o que não foi suficiente, ainda assim, para garantir a sobrevivência do evento, que só regressaria em 2007, para o recinto da praia do Areinho, para uma única noite de espetáculos, com Da Weasel e Chemical Brothers. Desde então, o Marés Vivas foi consolidando a sua posição no calendário nacional e internacional, chegando até a ser considerado, em 2010, "o festival de verão mais barato da Europa".

Uma clara aposta num segmento mais familiar, com propostas ecléticas e abrangentes, de modo a agradar a todos os tipos de público, que tanto poder Billy Idol, os Smashing Pumpkins, os Portishead ou Elton John como cabeças-de-cartaz, permitiu-lhe também ir crescendo, tanto em termos de dia como em números. No ano passado, depois de vários anos na Praia do Cabedelo, o Marés Vivas mudou-se para o recinto da Antiga Seca do Bacalhau, onde este ano espera receber, segundo a organização, uma média de 40 mil espectadores em cada um dos três dias de festival, que conta com três palcos. Na sexta, 19, atuam Keane, Kodaline ou Mishlawi, enquanto no sábado, mesmo com a presença de nomes como Carlão ou Mando Diao, o estatuto de cabeça-de-cartaz pertence por direito próprio aos Ornatos Violeta, que este ano regressaram aos palcos, para festejar os 20 anos do disco O Monstro Precisa de Amigos. A banda portuense não dará mais de três concertos (o primeiro foi no Nos Alive e o derradeiro será no Festival F, em Faro, no início de Setembro), mas neste, ali mesmo junto ao Douro, estão praticamente a jogar em casa. Para a última noite, domingo, ficou reservada a grande estrela internacional de edição deste ano, o britânico Sting, também ele de regresso a um festival onde já atuou, há apenas dois anos. HMB, Morcheeba e Tiago Nacarato compõem o elenco do palco principal.

Super Bock Super Rock

Herdade do Cabeço da Flauta, Meco, Sesimbra. 18 a 20 de julho. €60 a €110

Meo Marés Vivas

Antiga Seca do Bacalhau, Vila Nova de Gaia. 19 a 21 de julho. €33 a €51

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