Morreu a atriz Manuela Cassola, a Justina de Inspetor Max

Ficou conhecida do grande público pela sua interpretação em <em>Inspetor Max</em>. Tinha 93 anos
Publicado a
Atualizado a

A atriz portuguesa Manuela Cassola morreu esta quarta-feira em Portalegre, aos 93 anos, disse à agência Lusa fonte do hospital da cidade alentejana.

De acordo com o porta-voz da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, Ilídio Pinto Cardoso, a atriz ainda foi transportada para o hospital de Portalegre, onde deu entrada já morta.

Manuela Cassola nasceu em Portalegre a 19 de junho de 1925.

Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à morte da atriz com uma mensagem na página oficial da Presidência da República. O chefe do Estado apresenta condolências à família e amigos de Manuela Cassola, fazendo questão de sublinhar que se "notabilizou no teatro e que, mais recentemente, era nossa companhia de casa, através das séries televisivas em que participou, deixando-nos já saudosos".

A atriz notabilizou-se no teatro e, na reta final da sua carreira, com a participação em Inspetor Max, transmitida pela TVI - na série televisiva interpretava a empregada do inspetor da Polícia Judiciária Jorge Mendes (Fernando Luís) e do sogro deste, o doutor João (Ruy de Carvalho).

A sua personagem maternal teve grande impacto na faixa infanto-juvenis. Como a própria contou, as crianças na rua chamavam-lhe Justina.

A última aparição de Manuela Cassola na televisão aconteceu há cerca de dois anos, quando participou na novela da SIC Rainha das Flores. Depois disso, regressou ao Alentejo: "Sempre pensei voltar à minha terra", disse numa entrevista ao Jornal Alto Alentejo.

"A carreira de uma atriz nunca acaba, vai até ao fim da vida. Dura enquanto eu tiver ouvido, voz e memória. Todos os atores fazem falta numa novela, os velhos e os novos", disse, por outro lado ao jornal alentejano.

A filha de Manuela Cassola usou a conta de Facebook da atriz para dar conta da morte da mãe. Num posto emocionado, escreve: "Teve uma vida sempre independente até ao último dos seus dias, um amor enorme pelo teatro e pela sua arte. E assim morreu a minha mãe, com o seu gatinho no seu colo e sentada na sua cadeira. Na sua cidade onde nasceu e à qual voltou para viver os seus últimos dias. Ainda há dias, fomos ver um espectáculo de música portuguesa lindíssimo no Centro de Artes e Espectáculos de Portalegre, onde se irá fazer uma exposição dedicada à sua vida e carreira. E no final soltou um valente "bravo", tão feliz que estava. E dizia-me, "temos que dar força aos músicos e cantores no palco". Deu-me uns rebuçadinhos do doutor Bayer antes de a deixar. Desci as escadas da sua casa e ela foi à janela para se despedir de mim. Agora é a minha vez mãe de te dizer "bravo" também a ti, pela tua coragem e luta pela tua arte. "Bravo", mãe querida."

A paixão pelo teatro

A atriz frequentou frequentou o curso de teatro do Conservatório Nacional, curso que terminou com a classificação final de 18 valores, o que lhe permitiu ingressar no elenco do Teatro Nacional.

Mais tarde, entrou para o Teatro São Carlos onde teve intervenções dramáticas em óperas. Passou ainda pela Companhia Teatral do Chiado com vários espectáculos dirigidos por Mário Viegas e posteriormente por Juvenal Garcês. Fez televisão em novelas e séries.

Nos Estados Unidos interpretou a peça "Celestina" de Fernando de Rojas, ganhando o prémio de interpretação integrada no Festival "El Ciglo de ouro Teatro Clássico Espanhol com o Teatro Ibérico.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt