Documentário da Netflix ajuda lesados do Festival Fyre a recuperar dinheiro

A história dos trabalhadores das Bahamas que foram enganados com o festival-fraude, divulgada pelo serviço de streaming, levou à criação de um fundo que recolheu em ​​​​​​dois dias 70 mil de euros para os lesados.
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Maryann Rolle perdeu 50 mil dólares das suas economias em abril de 2017. Estava encarregue de preparar cerca de mil refeições por dia para a equipa organizadora do festival Fyre, numa ilha paradisíaca nas Bahamas. Prometeram-lhe trabalho na "festa da década", mas venderam-lhe gato por lebre e dali só saiu com prejuízo.

Rolle é uma das protagonistas do documentário da Netflix "Fire: The Greatest Party That Never Happened", realizado por Chris Smith, que estreou no dia 18 de janeiro. O filme conta a história do esquema do evento que se dizia de luxo, mas que se revelou um fiasco com um prejuízo de milhões de euros. Depois da estreia, Maryann Rolle criou uma campanha de recolha de fundos online - Go Fund Me - para recuperar o dinheiro perdido; em apenas 48 horas a conta atingiu os 70 mil euros, segundo o jornal The Guardian.

"Enquanto faço este pedido, é difícil acreditar e embaraçoso admitir que nunca cheguei a ser paga. Deixaram-me num grande buraco! A minha vida mudou para sempre e a minha reputação foi arruinada pelo Fyre Festival. O meu único recurso é pedir ajuda. Há um ditado que diz que má publicidade é melhor do que nenhuma publicidade e rezo para que quem estiver a ler este pedido me possa ajudar", escreveu Rolle na página Go Fund Me.

O festival foi organizado por Billy McFarland, que entretanto foi condenado a seis anos de prisão pela fraude, e pelo rapper Ja Rule. O acesso à ilha custou mais de mil euros e daria a oportunidade de privar com modelos e estrelas como Kendall Jenner ou Bella Hadid para além de prometer atuações de Drake, Major Lazer e Migos, num espaço de luxo.

"Fyre" foi anunciado pelo mundo inteiro. Em Lisboa, foi apresentado em 2016 durante a Web Summit, momento incluído no documentário da Netflix. O objetivo era tornar o festival num evento como Coachella ou Tomorrowland. No entanto, quando os festivaleiros chegaram à ilha não havia água ou luz, só tendas enlameadas e sandes. E sair não se revelou fácil.

Na altura, a organização disse que não se tratava de um esquema, mas sim de uma série de incidentes e prometeu devolver o dinheiro a todos os participantes, além de garantir bilhetes para a edição do ano seguinte. Nada disto aconteceu e o organizador Billy McFarland foi acusado de fraude.

Depois do lançamento de "Fyre" há dois dias, Hulo, um serviço de streaming concorrente da Netflix que não está disponível em Portugal, revelou também um filme inspirado no mesmo tema - "Fyre Fraud" - onde o próprio Billy McFarland dá o seu testemunho.

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