Cinco filmes para recordar Bruno Ganz

O ator, que morreu aos 77 anos, não foi apenas Adolf Hitler, em<em> A Queda</em>, de Oliver Hirschbiegel. Entre anjo, escritor, <em>flâneur </em>em Lisboa, eis cinco filmes para o recordar.
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As Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders

Damiel é, sem dúvida, uma das mais emblemáticas personagens de Bruno Ganz. Neste fabuloso e memorável filme de Wim Wenders - rodado em Berlim dois anos antes da Queda do Muro -, o ator suíço dá corpo e expressão a um dos anjos que escutam as angústias humanas, e que se apaixona por uma trapezista. Ele é a figura mais romântica e comovente desta obra, a habitar um universo (a preto-e-branco) entre a feição documental e a crónica do desejo alicerçada nas palavras de Peter Handke.

A Cidade Branca (1983), de Alain Tanner

Aqui Bruno Ganz funde-se com a paisagem de uma cidade. Essa cidade chama-se Lisboa, e é filmada por Alain Tanner com uma curiosidade que não tem nada de travo turístico. O ator interpreta um marinheiro que decide quebrar a rotina do navio, desembarcando neste lugar que vai explorar com a alma de um flâneur, equipado com uma câmara Super 8. Esta é uma belíssima jornada íntima e solitária, que capta Lisboa com uma luz realista e nos pequenos enigmas da sua respiração quotidiana.

A Eternidade e Um Dia (1998), de Theo Angelopoulos

No papel de um escritor famoso (que a princípio era para ser Marcello Mastroianni), Bruno Ganz é, neste brilhante filme do grego Angelopoulos, um homem em final de vida e entregue a uma viagem interior que cruza passado e presente. De um lado, a memória um dia de verão, há trinta anos, do outro, a experiência do momento de ajudar um pequeno refugiado albanês a atravessar a fronteira... A Eternidade e um Dia foi Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 1998.

O Amigo Americano (1977), de Wim Wenders

Dez anos antes de ter asas de anjo para o célebre filme de Wenders, Bruno Ganz já tinha colaborado com o cineasta alemão. Este O Amigo Americano é uma adaptação livre do romance Ripley's Game, de Patricia Highsmith, onde Dennis Hooper, na pele da famosa personagem Tom Ripley, contracena com um brilhantemente discreto Ganz, numa trama que envolve peças de arte e falsificações. A adensar a atmosfera de thriller psicológico, a banda sonora de Jürgen Knieper é notável.

Nosferatu, o Fantasma da Noite (1979), de Herner Herzog

Nesta versão de Werner Herzog do clássico do seu conterrâneo Murnau, Bruno Ganz é o homem assombrado pela figura maldita do vampiro conde Drácula - este aqui interpretado por o sempre tremendo Klaus Kinski. Ao lado de uma bela, romanesca e pálida Isabelle Adjani, Ganz atravessa o cosmos do cinema de Herzog num filme em que o terror, consolidado num primoroso registo de época, produziu ilustres imagens deste específico imaginário.

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