Céline Cousteau: "Não sou a única herdeira do meu avô"
O nome Cousteau foi até há pouco tempo o principal sinónimo de descoberta dos oceanos pelo explorador Jacques-Yves Cousteau, mas o Canal Odisseia está a exibir os documentários da sua neta, Céline Cousteau, que alteram essa visão. Ou seja, há mais uma Cousteau que olha para a natureza de forma diferente.
A série No Mundo com Céline Cousteau retrata a exploradora na Patagónia, onde filma as experiências vividas nesta parte do mundo que tanto atrai os viajantes desde há séculos.
Com a particularidade de coincidir com um local de anteriores filmagens do avô, como confirmou ao DN: "Era uma questão simbólica, pois quando nasci o meu avô navegava nesta região e achei que era interessante fazer um piscar os olhos à sua vida e aos temas com que ele também se preocupava."
Estes documentários têm ainda outra particularidade, a de Céline Cousteau ser a primeira mulher a dirigir uma série documental. Não que considere essa questão importante, como explica: "É raro termos mulheres a protagonizar documentários e penso muitas vezes nisso, no entanto cada vez encontro mais mulheres no terreno. Aliás, na equipa estavam mais duas mulheres, ou seja, já não era era única."
No Mundo com Céline Cousteau mostra uma nova perspetiva das rotas lendárias percorridas pelas expedições do passado. Para a produção destes documentários a maior diferença na orientação de Céline Cousteau ao fazer estes documentários sobre a Patagónia é que "mais do que a simples exploração da natureza" traz a preocupação ecológica e aprofunda as relações humanas com os que a rodeiam, de modo a "compreender-se melhor como mudou o Cone Sul e os seus habitantes".
O espelho destes novos documentários pode ser observado no trabalho que o avô de Céline Cousteau realizou há três décadas ao inventariar muito do planeta, desde o Mediterrâneo ao Amazonas e desde a Patagónia à Polinésia. Essa revisão duas gerações depois volta a dar conta de realidades ambientais que exigem lutas pela proteção do ambiente e a denúncia de problemas, bem como as soluções que devem ser executadas para manter o equilíbrio entre a humanidade e a natureza.
Esta expedição liderada por Céline Cousteau percorre lugares bastante perigosos e essa aventura está bem documentada. Por essa razão, pergunta-se à realizadora como é aceitar esses desafios: "Existem cenários mais perigosos que outros, tal como ecossistemas mais rudes ou água muito fria. Isso torna o trabalho de captar imagens muito mais difícil e fazemos questão de não o esconder nem de exagerar a sua reprodução no filme. Não quero que se olhem estas aventuras de um modo mais perigoso do que são, até porque tomamos as precauções necessárias."
Quando se questiona a importância de Cousteau em Céline, a exploradora não o nega: "O meu avó é uma boa parte da minha inspiração mas não é a única. O que me inspira é estar no terreno e lutar para proteger uma espécie. Vemos muitas histórias que quero partilhar porque estes documentários não tratam apenas de viajar, conhecer pessoas e ouvir as suas histórias. É a partilha que me inspira."
Quanto ao apelido que tem e o peso na sua atividade, Céline Cousteau afirma: "É um nome que faz as pessoas recordarem o que ele defendia. Mas não sou a única herdeira de Cousteau, porque todos herdámos um pouco dele e deveríamos pensar no que ele defendeu."
Estes episódios mostram que o mundo não está todo descoberto como se diz é a pergunta com que se fecha a conversa com Céline Cousteau. "Não está tudo descoberto e quem o diz precisa é de abrir os olhos. Há ainda muito por descobrir", garante.
Canal Odisseia
Domingo 30 de junho, 16.00