Caiu parte da pala do Teatro Camões em Lisboa

Queda da estrutura não atingiu ninguém, já que a zona em causa, na parte da frente do edifício no Parque das Nações, já estava vedada há mais de um mês precisamente por terem sido detetados os danos.
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Parte da pala do Teatro Camões, a casa da Companhia Nacional de Bailado, caiu esta semana sem fazer feridos. Ao que o DN apurou, a passagem pela zona da frente do teatro no Parque das Nações, em Lisboa, já está vedada e interdita há mais de um mês, precisamente por terem sido detetados danos em parte da estrutura.

Contactado pelo DN, fonte do Ministério da Cultura confirmou que está há algumas semanas definido um perímetro de segurança no Teatro Camões por causa da pala e que estão a ser feitas todas as diligências para a intervenção começar em breve.

As fotografias da degradação do edifício foram partilhadas nas redes sociais. Uma das pessoas que partilharam as fotos foi o encenador e dramaturgo Jorge Silva Melo, escrevendo que parece que o teatro "tem cárie".

Mesmo com a parte da frente do edifício vedada, os espetáculos continuam a decorrer como sempre, incluindo de sala cheia. A bilheteira está a funcionar no acesso pela porta de artistas. O acesso à sala está a ser feito por uma outra entrada, que foi preparada para poder receber o público.

O teatro, localizado no Parque das Nações, foi construído para o projeto da Expo'98. O edifício é da autoria do arquiteto Manuel Salgado, do Gabinete de Arquitectura Risco. Está atualmente sob a gestão da Companhia Nacional de Bailado (CNB), que por sua vez é gerida pelo Organismo de Produção Artística (OPART), junto com o Teatro Nacional de São Carlos (TNSC).

Greves por questões salariais

Os trabalhadores da Companhia Nacional de Bailado e do TNSC têm mantido desde 7 de junho várias greves, por questões salariais, que levaram ao cancelamento de três récitas da ópera "La Bohème", no TNSC, a 7, 9 e 14 de junho. Esta sexta-feira, decidiram manter as greves, após uma reunião com a secretária de Estado da Cultura, Ângela Ferreira.

Em 2009, e por acordo entre o sindicato e o OPART, os técnicos do TNSC, como parte de um compromisso alargado, aceitaram um vencimento base equiparado ao dos técnicos com funções similares da CNB, mas proporcionalmente inferior visto que estes trabalhariam 40 horas semanais e os do TNSC 35 horas semanais.

A redução do horário de trabalho dos técnicos da CNB, decidida em setembro de 2017, para as 35 horas semanais, vinha impor a resolução da diferença salarial.

Em março, depois de uma reunião do conselho de administração do OPART com os representantes sindicais, os trabalhadores do TNSC e da CNB foram informados de que a harmonização salarial seria processada neste mês. Mais em maio, foi dito que entraria em vigor apenas em 2020.

Na reunião desta semana, segundo disse à Lusa André Albuquerque, do Sindicato dos Trabalhadores do Espetáculo, do Audiovisual e dos Músicos, o Governo veio dizer "que considera que o acordo que reduziu as 40 horas [de trabalho semanais] na CNB para as 35, de setembro de 2017, é ilegal e ilegítimo, e portanto o que propõe são três soluções: que os trabalhadores da CNB voltem às 40 horas mantendo o salário, que fiquem nas 35 com redução salarial, ou que façam 35 horas mais cinco horas em banco de horas, mantendo o salário também".

"Reconhecem que há um problema, mas depois vêm dizer que o conselho de administração, em 2017, chegou a acordo com os trabalhadores da CNB para reduzir das 40 para as 35 horas semanais, que não tinha legitimidade para o fazer", disse o sindicalista após a reunião com a tutela.

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