Aquaman mete água mas não muita
O realizador de Saw e de Velocidade Furiosa 7 é uma espécie de menino querido de Hollywood. Um "wonder kid" capaz de tornar o imaginário das histórias de fantasmas em folclore "mainstream"e de ser eficaz como tarefeiro de "blockbusters" de ação. Foi por esse motivo que foi chamado pela Warner para dirigir a primeira aventura a solo de Aquaman, super-herói da DC Comics que já tinha tido participação ruidosa em Liga da Justiça, o filme que juntava e mal todos os super-heróis da DC, incluindo Batman e Super-Homem.
Aqui ficamos a conhecer a sua origem, desde o momento em que a sua mãe, a Rainha da Atântida, se apaixona pelo seu pai, um mero faroleiro do Maine. Desde aí, o pequeno Aquaman fica um ser de dois mundos. Anos mais tarde, é chamado pela resistência do mundo aquático para reclamar o trono numa guerra subaquática que sobe até à superfície e fala do aquecimento global e da maneira como os humanos não respeitam o mar. Para descomprimir, também há humor. Por exemplo, Aquaman é um super-herói que tira selfies com os fãs.
Superior a Liga da Justiça mas muito aquém do refinamento nostálgico de Wonder Woman- Mulher-Maravilha, esta introdução ao super-herói que fala debaixo de água continua a ser uma máquina de Hollywood demasiado ruidosa e excessiva cujos efeitos visuais carecem de realismo - é tudo segundo o formato do visual de um videojogo. Artificial, sem carne e com algum mau gosto a nível de "production design". Nesse sentido, é um filme que comunga uma porosidade sintética, capaz de nos aborrecer facilmente. Aliás, Wan parece que construiu este Aquaman apenas para "fan boys" antes da puberdade - Amber Heard é uma heroína sem sal e Jason Momoa desfila os músculos como um herói dos anos 1980 desenquadrado.
Outro dos constrangimentos do filme são os seus diálogos: fazem-nos rir quando não deveriam e são sempre de uma falsidade inadmissível. Um filme muito mal escrito que parece dar prioridade às grandes batalhas dentro e fora da água: na maioria bastante desproporcionais e confusas.
Aquaman salva-se um pouco quando faz da peripécia da intriga uma imanência cartografada que sugere uma outra coisa. Mas no final das contas, Wan está sempre interessado numa aplicação de um regime brutamontes de entretenimento. Venham as explosões, os efeitos visuais falsos e o barulho. Uma barulheira infernal que nos afasta do esforço de atores como Willem Dafoe ou Nicole Kidman.
** estrelas