A mentira de David pode destruir-lhe a carreira? Os fãs acham que não

A agente de David Carreira confirmou a uma revista a detenção do cantor nos EUA. Era tudo inventado. "É basicamente ludibriar as pessoas", afirma o manager Manuel Moura dos Santos. A estratégia coloca "em causa a verdade da relação entre consumidor e marca", defende o gestor de marcas, Carlos Coelho
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"Preso? Eu? Só no videoclipe mesmo". A frase é de David Carreira que desmontava nas redes sociais a mentira da sua detenção nos EUA. Uma invenção criada pela equipa do cantor na manhã desta terça-feira para promover a nova música Minha Cama.

Joana Sousa, agente do artista, chegou a prestar declarações à revista Nova Gente em que confirmava a detenção. Tudo inventado.

"Não concordo com a estratégia de comunicação baseada na mentira, seja para o David Carreira seja para quem for", afirma ao DN Manuel Moura dos Santos, também ele manager de artistas.

À revista, a agente do filho de Tony Carreira disse que o cantor foi detido no estado do Texas quando estava a gravar o videoclipe da nova música e que a detenção estava relacionada com problemas de autorizações para gravar no local. Afinal, tudo não passava de uma campanha de promoção do novo single. O vídeo que mostra o momento em que o artista supostamente é detido foi enviado para a revista e depois colocado a circular na internet. As imagens foram gravadas em Portugal, como o próprio cantor assumiu no Instagram em resposta a um comentário."Obrigado aos fãs que me ajudaram nesta ação de lançamento do novo single Minha Cama. Sexta-feira podem ver tudo", agradeceu o cantor.

Manuel Moura dos Santos, jurado do concurso da RTP1 La Banda conta que a mentira era fácil de desmontar porque o cantor tinha estado no domingo à noite em direto na primeira gala ao vivo do programa de caça talentos da estação pública. Ainda assim, está contra este tipo de campanhas. "É basicamente ludibriar as pessoas, fazê-las crer numa coisa que nunca aconteceu". Mas reconhece que atualmente as "pessoas estão hoje extraordinariamente expostas a isso". "Hoje, pelos vistos, vale tudo", lamenta.

"Em princípio, está mal aconselhado", diz gestor de marcas

Para o gestor de marcas, Carlos Coelho, "este tipo de estratégias de falsidade, que promovem uma forma de obter notoriedade rápida, coloca em causa a verdade da relação entre consumidor e marca". Um dos desafios das marcas, diz, é serem conhecidas. "É procurar formas de chamar a atenção dos consumidores, de prevalecer no meio de um mar imenso de informação", explica.

Mas esta forma de chamar a atenção acarreta riscos. "A notoriedade desalinhada com a verdade não dá certo", afirma. "A ligação que tenho com determinada marca tem de ser honesta e verdadeira", sublinha o especialista. E, neste caso, o cantor inventou uma detenção para promoção da carreira, com a agente a confirmar e a prestar declarações a jornalistas como se de algo verdadeiro se tratasse. À revista disse que tinham sido também detidos dois elementos da produção e que os advogados estavam a fazer de tudo para que o cantor regressasse a Portugal já esta quarta-feira. O DN tentou entrar em contacto com a agente do cantor, Joana Sousa, mas sem sucesso.

"Em princípio está mal aconselhado", considera Carlos Coelho. "Não se constroem estratégias de marca com base em falsidades, seja para um artista, para um produto, para um serviço", conclui.

"Ideia original", dizem fãs

Mas será que a mentira pode ferir a credibilidade do artista que usa esta estratégia? "Acho que é uma coisa que não lhe acrescenta valor", responde o gestor de marcas.

Manuel Moura dos Santos tem sérias dúvidas que a credibilidade de David Carreira seja afetada com a detenção inventada. Até pelo contrário. "A malta gostou, achou piada... 'ah que mentira tão gira, que imaginação'. Pronto. Em condições normais, deveria ficar, mas não fica, infelizmente", diz o jurado do concurso La Banda, da RTP1.

E os comentários à publicação de David Carreira no Instagram em que revela a verdade são disso exemplo. "Foi uma partida muito boa", "ideia original" ou "sempre a surpreender pela positiva", lê-se nas mensagens que o cantor recebeu. Mas também houve quem ficasse "preocupado" e tivesse apanhado "um susto" com as informações desta manhã de terça-feira.

Uma coisa é certa, Manuel Moura dos Santos nunca aconselharia um artista a seguir uma estratégia semelhante. "Jamais. Ter uma estratégia baseada em mentiras, nunca", assegura. E diz mais: "Se um artista alguma vez me viesse propor uma coisa destas, eu deixava de trabalhar com ele naquele momento".

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