Ainda em setembro, um dos grandes acontecimentos na Cinemateca Portuguesa será um pequeno, mas significativo, conjunto de filmes de Gus Van Sant. Na segunda-feira, dia 20 (19h00), com a passagem de A Caminho de Idaho (1991), inicia-se um ciclo dedicado àquele que, como refere o programa oficial, "é um dos raros cineastas capazes de trabalhar alternadamente no cinema independente e no cinema mainstream"..O evento resulta de uma colaboração da Cinemateca com o Queer Lisboa (17/25 setembro) e contará com a presença do autor em duas sessões: Elephant (2003) e Mala Noche (1985), ambas no dia 24 (19h00 e 21h30, respectivamente) - será um regresso à sala da rua Barata Salgueiro, onde Gus Van Sant esteve, em 1995, para apresentar as suas curtas-metragens..No ciclo será possível ver um objeto raro - o monumental Chelsea Girls (1966), de Andy Warhol (dia 21, 21h00), com Nico e outras figuras emblemáticas da história lendária do Chelsea Hotel, em Nova Iorque -, escolhido pelo próprio Gus Van Sant "como uma das suas principais influências". Aliás, ele estará em Lisboa, a convite da bienal BoCA, para apresentar no Teatro Nacional D. Maria II a encenação da sua peça sobre Warhol, intitulada Andy (23 setembro/3 outubro)..Em outubro, o destaque vai para a evocação de Dirk Bogarde, assinalando o centenário do seu nascimento (faleceu em 1999). Nem sempre devidamente recordado, o ator inglês tem o seu nome ligado a clássicos como O Criado (1963), de Joseph Losey, Darling (1965), de John Schlesinger, Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti, Providence (1977), de Alain Resnais, e A Segunda Dimensão (1978), de Rainer Werner Fassbinder..Também em outubro, a Cinemateca colabora com a Festa do Cinema Francês e o Doclisboa para dar a conhecer três realizadoras. Com a primeira dessas entidades, estará em foco Jacqueline Audry, cineasta tradicionalmente referida como representante de um olhar feminista em grande parte enraizado na adaptação de obras literárias. Com o Doc Lisboa, surgirão filmes da alemã Ulrike Ottinger, cujo experimentalismo se apresenta marcado pelo seu trabalho também como fotógrafa e pintora, e da italiana Cecilia Mangini, pioneira do documentarismo em Itália..Para novembro, está programado um ciclo dedicado às Divas do Cinema Italiano, em colaboração com a Festa do Cinema Italiano, iniciando-se uma retrospetiva (que continuará em dezembro), dedicada ao admirável e tão esquecido Allan Dwan. Trabalhando quase sempre com orçamentos reduzidos, Dwan, nascido no Canadá, foi um dos pioneiros do mudo, dirigindo centenas de títulos, quase sempre em registo de aventura, do western à ficção científica, a partir de 1911. O seu trabalho prolongar-se-ia até 1961, ano em que assinou O Mais Perigoso Homem Vivo. Entre os seus títulos mais famosos, incluem-se O Inferno de Iwo Jima (1949), com John Wayne, e Matar para Viver (1957), com Ray Milland. Ele foi, afinal, um nome central na história dessa zona das margens de Hollywood a que se convencionou chamar "série B"..dnot@dn.pt