Galeria que representou Paula Rego vai encerrar
A Marlborough Gallery, uma das mais importantes galerias de arte do pós-guerra que representou Paula Rego durante décadas, vai encerrar as suas instalações a partir de junho, após 78 anos de história, anunciaram esta sexta-feira os seus responsáveis.
A galeria fundada por Frank Lloyd e Harry Fischer em 1946, com instalações em Nova Iorque, Londres, Madrid e Barcelona, comunicou que deixará de apresentar exposições e de representar artistas e espólios no mercado primário de arte em junho.
"Após uma longa e cuidadosa reflexão, tomámos a decisão de terminar os nossos quase 80 anos de existência", lê-se no comunicado emitido pela galeria de arte que representou a portuguesa Paula Rego entre 1987 e 2020.
"Estamos conscientes de que a extraordinária amplitude e profundidade do nosso catálogo atesta as relações formadas ao longo de décadas com alguns dos mais importantes artistas da era moderna", continua.
O acervo da galeria, que representa artistas como Jackson Pollock, Mark Rothko e os espanhóis Alfonso Albacete e Blanca Muñoz, será vendido nos próximos anos.
Apenas uma parte dos 52 funcionários atualmente empregados pela organização em todas as suas localizações permanecerá nas instalações de Marlborough para ajudar a enviar as obras aos proprietários e gerir as vendas do inventário, enquanto o resto dos trabalhadores ficará no desemprego, segundo o jornal especializado The Art Newspaper.
O acervo da empresa está estimado em mais de 15.000 obras que, segundo a publicação americana e inglesa, podem ser avaliadas em cerca de 250 milhões de dólares.
A galeria planeia doar uma parte do produto da liquidação dos ativos a instituições culturais sem fins lucrativos que apoiem artistas contemporâneos.
O encerramento culmina vários anos de turbulência agravada por uma disputa familiar entre os herdeiros de Frank Lloyd que ameaçou o encerramento da galeria em Nova Iorque em 2020, decisão que foi revertida poucos meses depois.
Segundo a publicação Artnet News, Max Levai, filho do sobrinho de Lloyd, Pierre, processou a galeria, alegando ter sido alvo de uma conspiração para forçar a saída da presidência, enquanto o conselho de administração acusou Levai de má gestão e irregularidades, mas as duas partes chegaram a acordo.