Documentário sobre Maddie McCan já tem trailer e uma polémica com os pais

A produção de <em>O Desaparecimento de Madeleine McCann</em> terá entrevistado mais de 40 pessoas, mas não os pais da menina que desapareceu em 2007 na Praia da Luz.
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Após vários atrasos, o documentário sobre o desaparecimento de Madeleine McCann estará disponível a partir das 00:00 de sexta-feira na Netflix.

O documentário é um original da plataforma de streaming, que se interessou pela história em 2017 e investiu num especial produzido pela Pulse Filmes, de Londres. O documentário foi pensado para ter oito episódios, como explica The Guardian (e alguns meios de comunicação ingleses falaram num custo superior a 8 milhões de libras, ou seja, mais de 9 milhões de euros).

Kate e Gerry McCann, cuja filha desapareceu em maio de 2007, quando tinha apenas três anos e a família se encontrava de férias na Praia da Luz, no Algarve, recusaram-se a participar no documentário.

"Kate e Gerry, bem como a família e os amigos, foram abordados há alguns meses para participar no documentário. Kate e Gerry não tomaram a iniciativa de fazer este documentário e não veem como é que ele ajudará na busca por Maddie, então optaram por não se envolver", explicou Clarence Mitchell, porta-voz do casal, ao jornal The Guardian.

Apesar disso, a produção terá entrevistado mais de 40 pessoas, incluindo amigos do casal, polícias que participaram na investigação (como o detetive Gonçalo Amaral) e jornalistas que acompanharam o caso. No trailer, é possível ver a jornalista da RTP Sandra Felgueiras, mas também participam os jornalistas britânicos Anthony Summers e Robbyn Swan, que escreveram um livro sobre o caso. Entre as 140 horas de depoimentos recolhidos incluem-se ainda declarações de dois dos suspeitos, na altura, o britânico Robert Murat e o russo Sergey Malinka, assim como os especialistas em proteção de menores Jim Gamble e Ernie Allan. Brian Kenndy, o empresário milionário que ajudou a financiar a investigação inicial, também prestou declarações para o filme.

"O Desaparecimento de Madeleine McCann vai para além das machetes dos jornais e olha de forma única para os factos do caso assim como para o seu impacto nos media em todo o mundo", anuncia a Netflix. Apesar de toda a publicidade, não se esperam revelações bombásticas.

À The Atlantic, o realizador Chris Smith explica que o documentário foi feito com a intenção de recriar a experiência de quem viveu o desaparecimento naquele ano de 2007: o choque da notícia, a voragem dos media, a consternação do público português e inglês, as reviravoltas da investigação e os suspeitos que foram aparecendo. "O conflito entre os media e a polícia era inegável naquela altura, mas o que a série mostra agora é quão rápido as coisas aconteceram", escreve a jornalista Sophie Gilbert. A série deixa claro, explica, que quem lucrou mais com esta história foram sem dúvida os jornais tabloids, que publicaram histórias que, vistas hoje, são obviamente falsas ou pelo menos adulteradas. No final, são mais as perguntas do que as respostas, admite a produtora executiva Emma Cooper.

Os pais de Madeleine tiveram oportunidade a ver a série documental antes de ela ser exibida mas recusaram.

Em novembro do ano passado, o ministério do Interior britânico atribuiu mais 172 mil euros à polícia para continuar a investigar o desaparecimento de Madeleine McCann. Dos 29 detetives inicialmente envolvidos restam apenas quatro dedicados ao caso, que na última atualização adiantaram que estavam a seguir algumas "linhas de investigação cruciais", sem revelar mais detalhes.

Desde 2011, estima-se que esta operação tenha custado ao Governo britânico cerca de 11,75 milhões de libras (13,5 milhões de euros).

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