Dicionário Português-Árabe nasce de uma parceria entre um tunisino e um português

Abdeljelil Larbi, que no ano passado publicou tradução árabe d"Os Lusíadas, trabalhou agora com investigador Délio Próspero. Pronto também para ser editado está o Dicionário Árabe-Português.

A caminho, sublinha entusiasmado Abdeljelil Larbi, vem já também o Dicionário Árabe-Português, mas neste momento todas as atenções - e merecidas - vão para o Dicionário Português-Árabe, que acaba de ser publicado pela editora Colibri e que resulta do trabalho conjunto do professor tunisino de Literatura Árabe e de um colega português, Délio Próspero, investigador em Questões Linguísticas, Culturais e Literárias Árabes.

"Podemos afirmar que este dicionário é uma obra única, totalmente original e, como tal, a primeira em português europeu e nós temos a honra e o privilégio de o termos elaborado e concluído", destacam os dois autores. A referência ao português europeu visa esclarecer que existem já dicionários do género publicados no Brasil, país lusófono onde vive desde finais do século XIX uma importante comunidade árabe, à qual pertenceu, por exemplo, António Houaiss, autor do dicionário da língua portuguesa que leva o seu apelido, e que era filho de libaneses.

"A ideia surgiu da falta de um dicionário desta natureza na língua portuguesa e na língua árabe, assim como acreditamos que a sua publicação irá certamente ter uma grande procura dentro e fora da comunidade académica. E certamente será uma mais-valia, não só para os estudantes da língua árabe em Portugal, como para os estudantes da língua portuguesa no mundo árabe e até mesmo para os próprios imigrantes que cá residem e para os que virão, assim como para um melhor relacionamento entre os povos", afirmam os autores, numa pequena nota de imprensa. E acrescentam: "Demorámos cerca de 11 anos entre o começo, a pesquisa e a conclusão. Este dicionário tem mais de 16 600 Entradas, mais de 6.800 2.ªs Entradas e mais de 16 100 Exemplos".

Larbi, nascido em 1975 em Zama, e que é professor na Universidade Nova de Lisboa, destacou-se no ano passado pela tradução que fez para árabe de Os Lusíadas, a primeira vez que a obra de Luís Vaz de Camões foi vertida para a língua que se fala de Marrocos ao Iraque, cerca de 300 milhões de pessoas. Em conversa com o DN em fevereiro de 2022, contou que descobriu Portugal graças ao Nobel da Literatura recebido por José Saramago em 1998. E entre os livros de autores portugueses que já traduziu está Memorial do Convento, de Saramago, o qual chegou a conhecer, depois de ter vindo viver para Lisboa como bolseiro em 2001. Próspero, algarvio de 70 anos, é professor aposentado do secundário.

Publicada pela Colibri, de Fernando Mão de Ferro, o Dicionário Português-Árabe foi apoiado pela fundação tunisina Almadanya.

leonidio.ferreira@dn.pt

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