Ao lado de Tony Iommi (esq.), Ozzy liderou os Black Sabbath.
Ao lado de Tony Iommi (esq.), Ozzy liderou os Black Sabbath.FOTO: D.R. / Black Sabbath

Depois de muito sucesso e polémicas à mistura, morreu Ozzy Osbourne, o ‘Príncipe da Escuridão‘

Cantor dos Black Sabbath atuou pela última vez há duas semanas, já fragilizado pela doença de Parkinson. No final, agradeceu: “Não fazem ideia de como me estou a sentir. Obrigado do fundo do coração.”
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Birmingham, Reino Unido, 5 de julho de 2025: Ozzy Osbourne está sentado em palco, na sua cidade-natal, numa poltrona com a figura de um morcego no topo. Emocionado, canta: “Times have changed and times are strange / Here I come but I ain't the same / Mama, I'm coming home” (“Os tempos mudaram e são estranhos / Aqui vou eu, mas não sou o mesmo / Mamã, estou a ir para casa”). Seria a última vez que o Príncipe da Escuridão, como o próprio se auto intitulava, subiria a um palco, despedindo-se das legiões de fãs que criou nos quatro cantos do mundo ao longo de mais de 50 anos de carreira. No final, deixou um agradecimento: “Não fazem ideia de como me estou a sentir. Obrigado do fundo do coração.”

Ozzy, nascido John Michael Osbourne, morreu esta terça-feira, 22 de julho, aos 76 anos. Lutava desde 2019 contra a doença de Parkinson, que o impedia, entre outras coisas, de caminhar ou levantar-se (daí ter atuado sentado no início deste mês). A notícia foi avançada pela família do cantor nas redes sociais.

Controverso por natureza, Ozzy Osbourne fundou em 1968 os Black Sabbath, um dos grupos pioneiros do heavy metal. Com uma sonoridade inovadora, que aliava as influências do rock psicadélico da década de 1960 com o som distorcido das guitarras de Tony Iommi e ritmos mais lentos, bem como letras acerca do Oculto ou inspiradas por histórias de terror, os Sabbath acabariam por definir o som de uma geração de bandas, como os Metallica ou os Iron Maiden. Com Ozzy como vocalista e principal rosto, a banda lançou oito álbuns de 1970 a 1978. Até que, no ano seguinte, o cantor seria despedido da banda após pressões da editora discográfica devido ao comportamento de Ozzy, que se desinteressara do grupo devido ao consumo de drogas e álcool. Os consumos eram transversais a toda a banda, mas como escrevia Iommi na sua autobiografia, editada em 2011: Ozzy estava “num nível totalmente diferente”.

Fora dos Black Sabbath, Ozzy Osbourne embarcaria, em 1980, numa carreira a solo que acabaria por lhe trazer mais sucesso comercial do que aquele que tivera com a banda. Ao mesmo tempo que alcançava vendas de discos como até aí não conseguira, o comportamento de Ozzy acabou por se tornar ainda mais errático e imprevisível, levando mesmo a que cometesse um dos episódios mais célebres - e polémicos - da sua carreira. Após assinar o primeiro contrato discográfico a solo, o cantor (que tinha planeado lançar pombas brancas como um sinal de paz) acabou por arrancar, à dentada, a cabeça de uma das aves ainda dentro do escritório da CBS Records, em Los Angeles. Em 1982, voltaria a repetir a atitude, mas desta vez com um morcego (que pensou ser de borracha) durante uma atuação no estado americano do Iowa.

Nesse ano, casaria com a sua agente, Sharon Arden, que viria a tentar matar após (mais um) incidente provocado pelas drogas e pelo álcool. Isso levou Ozzy a ser internado para fazer reabilitação, o que lhe valeu um período de sobriedade e que acabou por levar à reconciliação com Sharon.

Juntamente com dois dos seus filhos (Kelly e Jack), Ozzy e Sharon acabariam por fazer parte do reality show The Osbournes, da MTV, que estreou em 2002 e terminou em 2005, e cujo foco central era a vida diária da família.

Apesar das divergências no passado, em 2011, Osbourne acabaria por se reconciliar com os membros dos Black Sabbath, o que os levaria (em 2012) a uma digressão mundial e, em 2013, ao lançamento do último álbum de originais da banda: 13.

Em 2016, a banda iniciaria a sua última digressão, e que levou os Black Sabbath a fazer 81 concertos em todos os continentes à exceção de Ásia, África e Antártida.

Mais de 100 milhões de discos vendidos depois, Ozzy acabaria por ser induzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2024 (já o havia sido em 2006 com os Black Sabbath). E na sequência do concerto Back to the Beginning, o último que fez, a banda acabaria ser condecorada pelo município de Birmingham. Foi o último galardão de uma carreira repleta de êxitos e polémicas, mas nem por isso fracassada.

Ao lado de Tony Iommi (esq.), Ozzy liderou os Black Sabbath.
Morreu o cantor Ozzy Osbourne aos 76 anos

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