Os festivais de verão podem não ter nomes tão fortes como os Rolling Stones este ano, mas setor nega crise.
Os festivais de verão podem não ter nomes tão fortes como os Rolling Stones este ano, mas setor nega crise.FOTO: Paulo Spranger

Competição vinda da Ásia e mais música portuguesa. A nova vida dos festivais de verão

Dois grandes festivais de verão como Super Bock Super Rock e Meo Sudoeste cancelaram a sua edição este ano. Aporfest e presidente da Everything is New dizem que não há uma crise no setor.
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2025 já conta com agenda completa de festivais. No entanto, grandes eventos como Super Bock Super Rock e Meo Sudoeste cancelaram a sua edição este ano. 

O Super Bock Super Rock estava previsto para os dias 17, 18 e 19 de julho, mas o evento só irá regressar em 2026. A Música no Coração, de Luís Montez, confirmou que ia deixar de ser a promotora do festival.

O Festival Sudoeste também fez uma pausa em 2025 para "preparar o futuro". Em 2024, o evento perdeu o patrocínio da Meo. Luís Montez, da Música no Coração, referiu à SIC, na altura, que "sem patrocinador é muito difícil continuar. Ainda estamos a negociar. Mas se não for possível para o ano, será no seguinte. Nós não vamos desistir porque o festival é nosso". 

No entanto, segundo a Associação Portuguesa de Festivais de Música — Aporfest — explica, estas dificuldades nos festivais mais mediáticos é uma tendência que está a acontecer na Europa. “Não parece que seja uma situação alarmante. Acho que o setor dos festivais está em continuidade e está atualizado. Estão a surgir outros festivais também. Portanto, o número de festivais vai aumentando”, afirma o diretor da associação em conversa com o DN.

Sobre o caso do Super Bock Super Rock e do Sudoeste, o presidente da associação explicou que os dois têm uma dependência de uma marca grande. “Obviamente que, sem essa marca, têm grande dificuldade em subsistir. Porque não vão conseguir ter, certamente, o mesmo impacto em termos das bandas que lá vão conseguir colocar”, sublinha.

O presidente da Everything is New e do NOS Alive, Álvaro Covões, afirma também que os festivais não estão em crise. “Faz parte da dinâmica, porque há projetos que são descontinuados por estratégia das empresas, outros porque há menos procura, mais concorrência.”

Sobre trazer os artistas a Portugal, Álvaro Covões explica que este ano muitos artistas decidiram fazer digressões em estádios, impossibilitando a sua passagem por festivais. “Mas não há uma grande dificuldade. Por exemplo, nós temos a Olivia Rodrigo, que é a cabeça de cartaz do NOS Alive e fez parte de festivais na América do Sul e na Europa."

“Apesar de os cartazes não terem nomes como os Rolling Stones, acho que os cartazes tem qualidade e diversidade”, acrescenta Álvaro Covões.

A Aporfest concorda com esta perspetiva. "Estão a acontecer muitos fenómenos de grandes artistas que têm uma independência muito grande e conseguem ter as suas produções independentes, em vez de estarem subvertidos na lógica daquilo que é de festival".

O presidente da Everything is New sublinha ainda a importância dos festivais para os pequenos artistas. “Estes podem ter acesso a um grande público e isso continua a ser uma grande mais-valia dos festivais” e acrescenta que os festivais estão a melhorar a qualidade da própria oferta do recinto.

O diretor da Aporfest mencionou também que atualmente existe mais um continente, a Ásia, que leva as grandes bandas da América e do Reino Unido, e existe, assim, mais dificuldade de contratação. Contratar artistas para concertos e festivais tornou-se mais caro depois da covid. “O promotor está apenas a arranjar aqui estratégias para conseguir manter a mesma lógica de preços, manter uma produtividade na sua produção e manter os seus festivais distribuídos.”

A Aporfest explica ainda que, se uma banda não estiver a pensar passar pela Europa na sua digressão, é impossível trazê-la para Portugal. "Não passam outros festivais e, portanto, é impossível trazer a banda para o nosso mercado", sublinha.

O facto de Portugal não receber tantas bandas internacionais leva os festivais a apostarem, cada vez mais, na música portuguesa. "Não estamos a receber tantas bandas internacionais e, portanto, estamos a valorizar e a fazer evoluir o nosso produto português."

Para a Aporfest, o mercado em número de festivais e de espetadores está a aumentar. "Não podemos indicar que há uma crise, porque não faz sentido."

A Aporfest afirma ainda que os festivais têm de se adaptar e saber como é que devem comunicar. “É preciso saber comunicar nas redes, onde os jovens estão presentes, saber chegar a eles dessa forma. Às vezes é preciso alterar os meios de comunicação, a forma de comunicar, perceber como é que eu tenho de chegar até eles. Ou seja, se um jovem hoje, atualmente, não ouve um álbum de uma banda, como é que ele vai conseguir ouvir, da mesma forma, um concerto de 50 minutos num festival?”

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